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    Mariliz Pereira Jorge

    Imagina na Olimpíada

    10/01/2015 02h00

    2016 é amanhã. E ainda que se fale pouco da Olimpíada que o Rio de Janeiro vai sediar, as pessoas que moram aqui estão vivendo, ao menos no trânsito, o impacto de todas as obras em andamento. Nesse sentido, parece mesmo que vai ter Olimpíada, mas quando você pega a relação do que foi prometido para o evento, bate aquele pessimismo pré-Copa do Mundo.

    A Copa foi um sucesso. Não consigo me lembrar de alguém que não tenha se rendido ao clima de festa que reinou no Brasil durante os jogos. Foi muito divertido e quando acabou deixou todo mundo numa ressaca à la Quarta-feira de Cinzas. Como assim, acabou?

    Mesmo com os escândalos, mesmo com os aeroportos inacabados, mesmo com os estádios lindos, mas cheio de problemas.

    Fui a um dos banheiros do Maracanã e as cabines eram feias, as válvulas de descarga enferrujadas, o piso com cara de vintage, mas era só velho mesmo. Ainda bem que todo o restante foi melhor do que o estado das privadas.

    Como escrevi na Folha, me arrependi de não ter me preparado para a Copa. Deveria ter tirado férias, viajado pelo país, ter visto jogos do Brasil, da Itália, de Gana. Aos 48 minutos do segundo tempo, bateu um desespero de ficar de fora da bagunça, porque teve bagunça –no bom e no mau sentido.

    Não quero que aconteça o mesmo em relação à Olimpíada. Impossível saber agora se as obras ficarão prontas a tempo. Se depender da modernização da Marina da Glória, parece que não vai ter Olimpíada. Se depender da despoluição da Baía da Guanabara, não vai ter Olimpíada. Se a gente acreditar que o aeroporto do Galeão vai perder aquela cara de rodoviária antiga, não vai ter Olimpíada.

    Tudo depende do poder público. É a oportunidade de o Rio se modernizar e deixar aos seus habitantes um legado maior do que apenas a beleza e a diversão dos dias de jogos. Triste que sejamos um país que precise desse tipo de incentivo para melhorar itens básicos de vida dos moradores. O Comitê Olímpico Internacional que o diga.

    Arrisco dizer que Tóquio foi escolhida para sediar os jogos em 2020 porque os organizadores não querem viver mais seis anos de ansiedade, pensando se #nãovaiterolimpíada. A capital japonesa tem infraestrutura e transporte impecáveis. Estive lá em 2013 e tudo funciona. Exatamente ao contrário do Rio de Janeiro, o purgatório da beleza e do caos. Parece que vivemos na Idade da Pedra, se compararmos um país ao outro. Dá vergonha.

    Tento ser otimista e fazer minha parte. Comecei a ler as notícias para me familiarizar principalmente com os nomes daqueles atletas que, injustamente, a gente esquece que existem na maior parte do tempo. Você sabia quem era Gabriel Medina até ontem?

    O Pan, que acontece no Canadá, em julho, será um ótimo aquecimento para nós. Com as obras prontas ou não, vai ter Olimpíada e, dessa vez, eu não quero perder nadinha, nem dos jogos nem da festa.

    mariliz pereira jorge

    É jornalista e roteirista.
    Escreve às quintas e sábados.

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