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    Mariliz Pereira Jorge

    Vem, meteoro

    16/01/2016 02h00

    Pouco a pouco, a Fifa vai jogando para escanteio os personagens escalados para representar a entidade, mas que ajudaram a jogar na lama a sua reputação. Desta vez, foi a demissão do francês Jérôme Valcke, que já ocupou o cargo de secretário-geral.

    Desde setembro, ele estava afastado do cargo, depois que o Comitê de Ética da Fifa abriu um processo de investigação contra ele. Finalmente foi demitido, mas sem maiores explicações. Todo mundo quer saber o motivo, claro.

    O nome de Valcke está metido em várias tramoias que se tornaram públicas, incluindo o esquema vergonhoso de venda de ingressos durante a Copa do Mundo, no Brasil.

    Quinta foi a vez do mesmo comitê divulgar os motivos da suspensão do líder do grupo de inspeção que avaliava as candidaturas das Copas de 2018 e 2022. Segundo a Fifa, Harold Mayne-Nicholls infringiu regras de conduta, lealdade, tomou decisões onde havia conflito de interesses e aceitou presentes e benefícios.

    Tem mais. A semana, como você pode ver, foi movimentada. Os investigadores da entidade querem ampliar a suspensão de oito anos de Joseph Blatter e Michel Platini. Os jornais europeus especulam que a dupla pode ser banida para sempre do futebol por causa das picaretagens. Acho justo.

    Os Estados Unidos continuam sua caça a cartolas corruptos. Esta semana, o ex-presidente da Federação da Guatemala de Futebol Brayan Jimenez foi preso e deve ser extraditado. Ele é acusado de receber propina na venda de direitos da transmissão da Copa de 2018.

    Enquanto isso no Brasil...

    Aqui tudo continua como sempre. Marco Polo Del Nero entra, sai, manda, desmanda, convoca reuniões, sai, volta e sai novamente do seu trono de rei da CBF quando bem entende.

    Afastado da presidência da entidade desde dezembro, quando sentiu a lama batendo na bunda ao ser indiciado pelo FBI por corrupção, voltou na semana passada para o trono. Tirou da direção o deputado Marcos Vicente (PP-ES), o presidente-marionete da vez.

    Na semana passada, pôs em seu lugar Antonio Carlos Nunes, que havia sido eleito para o lugar de José Maria Marin. Nunes se disse "amigo de muitos anos" de Del Nero. Alguém tinha que avisar esse senhor que a referência é péssima. Na mesma ocasião, disse que "não há corrupção na CBF".

    O FBI não concorda com Nunes. A Fifa também não. Pouco provável que não tenha o mesmo destino de Blatter e Platini: gancho. Pouco provável que não seja preso se colocar os pés fora do Brasil, se quiser tentar salvar sua cabeça na Suíça.

    Pergunto com frequência a amigos se é possível que o futebol seja moralizado. As opiniões se dividem. O fato é que, desde o ano passado, estamos vendo gente graúda sendo investigada, presa ou demitida. Nos Estados Unidos, na Suíça e, veja, até na Guatemala.

    Pode parecer pouco, mas a Fifa tem sido rápida e efetiva, desde que as denúncias apareceram, na tentativa de tirar seu nome de dentro da lata de lixo.

    Enquanto isso no Brasil... Há uma movimentação enorme entre os dirigentes das federações estaduais. Todo mundo se preparando caso Del Nero caia –e ele vai cair, e leve com eles seus marionetes. Então, eu leio que um dos nomes do candidato à sucessão é Andrés Sanchez, com apoio de Ricardo Teixeira.

    Sério, gente, só tem uma solução: um meteoro.

    mariliz pereira jorge

    É jornalista e roteirista.
    Escreve às quintas e sábados.

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