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    Mariliz Pereira Jorge

    Provável que em 2018 o mais moderno do futebol seja o cabelo dos jogadores

    15/10/2016 02h00

    Jon Nazca/Reuters
    Football Soccer - Sevilla v Barcelona- Spanish SuperCup first leg - Ramon Sanchez Pizjuan stadium, Seville, Spain - 14/08/16 Sevilla's Adil Rami (L), Mariano Ferreira (R) and Barcelona's Lionel Messi in action. REUTERS/Jon Nazca ORG XMIT: JN750
    Messi passa por dois marcadores do Sevilla, na final da Supercopa da Espanha, neste domingo (14)

    Eu tinha começado a escrever sobre o visual moderninho do Messi. Até ele se rendeu ao clamor metrossexual que domina a nata do futebol desde David Beckhan, e que hoje tem seu símbolo maior em Cristiano Ronaldo.

    Mas, então, teve o gol, que não tinha sido gol, que foi dado como gol e finalmente anulado, no Flá-Flu, pelo Brasileirão. Tudo porque no futebol não podemos usar a tecnologia para auxiliar as decisões da arbitragem.

    Para quem não viu, o bandeirinha marcou impedimento num gol do Fluminense, o juiz validou o lance, e voltou atrás depois que os jogadores do Flamengo chiaram. Os tricolores reclamam que a arbitragem usou imagens de TV para decidir, o que é proibido pela Fifa.

    Partida Fla-Flu

    Dá para acreditar que seja proibido? Com toda tecnologia disponível, de que adianta ter imagens de todos os lados e níveis do campo, se elas não podem ser usadas para garantir que o resultado do jogo seja justo?

    Basquete, vôlei, tênis e futebol americano já aderiram ao uso de tecnologia para auxiliar a arbitragem. Bola dentro? Arremessou depois do final? Raspou no bloqueio? Tira-teima. Simples, eficaz, ainda que não seja à prova de erros.

    Quem acompanhou a Olimpíada deve lembrar, por exemplo, quando o jogo de vôlei era paralisado para que a arbitragem analisasse jogadas contestadas. Tudo resolvido em menos de um minuto. A questão do tempo
    "perdido" é um dos pontos negativos apontados pela turma que é contra essa mudança no futebol. Dá para acreditar que tenha gente contra? Só para usar o caso do Fla x Flu, foram 13 minutos de paralisação e nem assim a polêmica foi resolvida.

    As regras dos esportes vêm se modernizando na velocidade que as modalidades necessitam. Vejam o caso da natação. Imagine se tivéssemos que contar com a precisão manual dos árbitros para marcar o tempo dos atletas. Desde a década de 1970, o esporte passou a registrar milésimos de diferença quando os nadadores começaram a empatar nos centésimos, além do uso de sensores moderníssimos.

    No futebol tudo leva tempo. Esse ano foram aprovadas 95 alterações nas Leis do Jogo, no encontro anual da IFAB (International Football Association Board), entidade ligada à Fifa, que regula as regras do esporte. A mais importante é o uso do árbitro de vídeo, mas é discutido até a cor do calção dos jogadores.

    Em junho, a Fifa autorizou Brasil, Austrália, Alemanha, Holanda e Estados Unidos a fazer experiências de uso do árbitro de vídeo (AV), desde que off-line. Ou seja, sem contato com o árbitro principal. O Brasileirão, palco da polêmica do Flá-Flu, é um dos campeonatos liberados para que o teste esteja em prática. Vai saber se o OFF já não estava ON e daí a confusão toda.

    Se tudo der certo, a Fifa pretende usar o árbitro de vídeo no Mundial de Clubes, em dezembro. No entanto, a previsão é que leve dois anos para que seja aprovado ou não em caráter definitivo e incorporado no livro de regras. Entendeu? É provável que na Copa do Mundo de 2018 a gente ainda fique discutindo se foi impedimento ou não. É provável que em 2018 a coisa mais moderna do futebol ainda seja o cabelo dos jogadores.

    mariliz pereira jorge

    É jornalista e roteirista.
    Escreve às quintas e sábados.

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