• Colunistas

    Saturday, 04-May-2024 07:55:39 -03
    Mariliz Pereira Jorge

    Pesquisa do IBGE mostra que 60% dos brasileiros não praticam exercícios

    27/05/2017 02h00

    Danilo Verpa/Folhapress
    Paulistano correm no Parque Ibirapuera
    Paulistanos correm no Parque Ibirapuera

    Não sei você, mas tenho tentado sem sucesso voltar a fazer atividades físicas e me vi retratada na pesquisa do IBGE que mostrou a triste realidade de que 60% dos brasileiros não praticam exercícios. Mais de 50% estão acima do peso e a obesidade bateu 19% no ano passado.

    É uma tragédia coletiva anunciada. Se não mudarmos nosso estilo de vida, veremos nossos traseiros ficarem tão roliços quanto os dos norte-americanos. Um em cada três é obeso, 120 milhões de pessoas tão gordas que não conseguem amarrar o próprio sapato ou subir um lance de escada sem achar que vai morrer. São esses alguns dos perfis do documentário "From Fat to Finish" ("De Obeso à Linha de Chegada", na tradução para o português).

    O filme conta a história de 12 ex-obesos que, correndo, perderam, cada um, em média, 55 kg, e resolvem formar uma equipe para participar de um revezamento de 332 km entre Miami e Key West, na Flórida.

    Alguns ainda não haviam eliminado todo o peso que precisavam para pular fora da faixa que delimita os gordos dos extremamente gordos. É a mistura de superação, força de vontade e empatia que dá o tom da narrativa. O documentário não tem nada de brilhante e recebeu apenas uma avaliação mediana no cardápio do Netflix. Mas é impossível não se envolver pelas profundas mudanças que o combo corrida mais perda de peso mais resgate de identidade promove na vida dos participantes. Não tem como não se identificar ainda que você queira perder 10 kg e não 40 kg.

    video

    Todas as histórias têm em comum baixa autoestima, estilo de vida sedentário e alimentação equivocada. Os ex-obesos começaram acumulando cinco, dez quilos e esse número acabou quintuplicado, até que eles não se reconheciam mais. Outro ponto frequente nos relatos: as pessoas só começaram a ter hábitos alimentares mais saudáveis quando passaram a se exercitar. A ciência ora crava que dieta sem exercício não funciona, ora que exercício emagrece mais do que dieta. A tendência atual é mais flexível, o que parece um tanto óbvio, os especialistas dizem que cada pessoa precisa descobrir o que funciona mais.

    Os homens ainda praticam mais atividade física do que as mulheres. E quase 40% dos que afirmaram se exercitar, na pesquisa do IBGE, jogam futebol. Aí entra uma questão cultural importante. As mulheres param de praticar esporte na adolescência por falta de incentivo e porque se sentem "inadequadas". Parte delas apenas retoma algum tipo de atividade na fase adulta com o objetivo de emagrecer. Não tem o futebol semanal para desestressar e, consequentemente, manter a forma, como os homens.

    Fiquei tentada a escrever sobre as estripulias do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, mas já cobro exaustivamente mais rigor das nossas autoridades com esses senhores que pintam, bordam e continuam a saracotear livres e soltos, apesar de já serem considerados bandidos pela Justiça americana.

    Como meu colega Juca Kfouri tratou de manter a bola quicando no jogo entre corrupção esportiva e impunidade, preferi tratar de um assunto que impacta diretamente o amante do esporte, mas que muitas vezes apenas coloca em prática sua devoção, sentado no sofá, vendo TV. Aproveite para assistir "From Fat to Finish". No dia seguinte de manhã, eu estava na academia.

    mariliz pereira jorge

    É jornalista e roteirista.
    Escreve às quintas e sábados.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024