Ricardo Moraes/Reuters | ||
Carlos Arthur Nuzman chega à sede da Polícia Federal no Rio para depor nesta terça-feira (5) |
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Colunistas
Sunday, 05-May-2024 18:36:49 -03Mariliz Pereira Jorge
Limpar o Brasil passa pelo esporte
09/09/2017 02h00
Há dias em que o Brasil amanhece unido. Foi assim nesta sexta-feira (8), quando prenderam Geddel Vieira Lima, o homem dos R$ 51 milhões. E também no início da semana quando o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, foi levado para depor e teve sua casa vasculhada pela Polícia Federal.
Ainda que o país esteja cada vez mais dividido politicamente, eles integram a lista de políticos, empresários e cartolas que dificilmente teriam apoio popular caso tivessem de sair de circulação por vias jurídicas. Eduardo Cunha, cada vez mais esquecido, é dessas unanimidades.
Ouvi fogos de artifício quando Sérgio Cabral foi preso. Posso apostar que Marco Polo Del Nero é outro com a capacidade de unir coxinhas e petralhas. Todo mundo quer vê-lo longe da CBF, na companhia de Cabral.
Mas, enquanto nos distraímos com os episódios policiais que envolvem a nata azeda da nossa política, dirigentes esportivos continuam serelepes por aqui.
Operação Unfair Play Polícia Federal investiga compra de votos para escolha do Rio como sede olímpica Investigação contra Nuzman começou na França após denúncia de doping Atleta diz que ex-assessor de Paes pagou propina pela Olimpíada no Rio COI diz ter o 'mais alto interesse' em esclarecer suspeita de compra de votos Acusado de dar propina em eleição da Rio-16 levou quase R$ 3 bi de governo Pegue o caso de Del Nero. Para a Justiça americana ele é bandido. O que falta para ser considerado tal qual por aqui? O que nos falta? Provas ou colhões. Se em algum momento a Justiça brasileira resolver olhar esse assunto de perto e tomar as providências necessárias, não duvido que a comoção nas redes sociais seja muito maior do que se o Brasil for hexa.
Estamos cansados de coronéis que mandam na política e no esporte desde sempre. E que apesar de indícios e denúncias nada lhes acontece.
Mas vamos falar do caso mais recente de "agora vai, mas não foi ainda". Durante a Olimpíada já era dado como certo que Nuzman conseguiria se reeleger para o COB para mais um mandato até 2020, quando completaria 25 anos à frente da entidade. Vinte e cinco anos. Ele não confirmava sua candidatura, mas disse em entrevista que a maioria queria que ele continuasse e que ele devia terminar uma série de ações, relatórios e prestações de conta.
Como sabemos, ele continua à frente do COB, mas nem tão firme nem tão forte. Imagino que as prestações de conta às quais se referia não envolviam a Justiça.
Fizemos uma Copa e uma Olimpíada que foram sucesso, mas a que custo? E não falo apenas dos bilhões desviados, mas da imagem que ficará quando todos as denúncias forem feitas e esclarecidas. Sim, sou otimista de que aconteça.
O plano de se mostrar ao mundo como país moderno e maduro acabou eclipsado por todos os escândalos que não param de aparecer.
Seis dos 12 estádios da Copa estão sob investigação. O Tribunal de Contas do Estado do Rio diz que quase R$ 2,5 bilhões foram desviados na construção da Linha 4 do Metrô, que não está pronta. O ex-prefeito do Rio
Eduardo Paes foi acusado de receber R$ 15 milhões para facilita contratos do evento.
Em março vieram as primeiras denúncias de que o Brasil pagou por votos para levar o direito de sediar a Olimpíada. Nuzman posou de dono da festa na cerimônia de abertura dos Jogos ao dizer que se sentia o homem mais orgulhoso do mundo. Não era ele o anfitrião, mas todo povo brasileiro. E agora, apesar de ser ele o implicado, lá fora é a imagem do país inteiro que fica arruinada. Ninguém dirá que o presidente do COB fez isso ou aquilo, mas que o Brasil comprou a Olimpíada.
Precisamos com urgência nos livrar de toda essa gente.
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