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    Marta Suplicy

    Tenha fé

    24/04/2015 02h00

    Steve Jobs viveu os anos hippies de maneira intensa. Só comia frutas, não tomava banho, mergulhou no budismo na Índia. Largou a universidade e experimentou de tudo. Mas continuou indo às aulas que o interessavam, como caligrafia que, bem mais tarde, serviram-lhe para fazer a linda grafia da Apple e desenvolver um senso estético que o diferenciaria para sempre de outros criadores da área de computação.

    Com um vizinho, Jobs criou a Apple. Controlador, exigente e individualista fez tal turbulência na criação do Macintosh que a empresa, deficitária com a entrada da Microsoft no mercado, o destituiu. "Perdi o sentido de minha vida."

    Recomeçou com a compra da Pixar. Desenvolveu sensacionais desenhos animados. Com a NeXT, novamente seu gênio revolucionou o mercado de computadores. A empresa foi comprada pela Apple e assim ele voltou, todo-poderoso. Sua trajetória é considerada a maior gangorra empresarial já vista nos EUA.

    Em discurso na Universidade de Stanford, recuperado de um câncer, Jobs transmitiu três mensagens que valem compartilhar.

    Primeiro, que atitudes, interesses estranhos, estudos, ações difíceis de entender em determinada época da vida adquirem sentido décadas depois, quando "os pontos se unem". Ele explica: "Você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Só quando olha para trás". E tem de confiar em algo: "Seu instinto, sua garra, destino, carma ou o que quer que seja". Em resumo: acredite em você, mesmo que não esteja entendendo o roteiro.

    Sobre amor e perda, Jobs conta que ser demitido, aos 30 anos, foi devastador. Mas, diminuída a dor, o momento permitiu encontrar uma companheira e perceber, lentamente, que ele "amava o que fazia". A demissão "foi um remédio horrível". "Mas às vezes a vida bate como um tijolo na sua cabeça. Tenha fé." Depois dessa experiência ele criou o iPhone, iTunes, iPod e iPad e mudou nossas vidas.

    Jobs falou ainda sobre a morte: "Se hoje fosse o último dia da sua vida, você faria o que vai fazer hoje? Se a resposta for não, por muitos dias seguidos, é preciso mudar alguma coisa." "Lembrar que estarei morto em breve é a melhor ferramenta para tomar grandes decisões." "O seu tempo é limitado e não o gaste vivendo a vida de alguém." "Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior."

    Com esses ensinamentos, me identifico muito. Não gasto energia no que não tem jeito. Viro a página da vida e olho pra frente com esperança.

    Acredito na minha intuição. Às vezes ela dá trabalho e preciso coragem.

    Para encerrar: a vida é curta, temos de buscar felicidade, sem esquecer que sem sonho ou projeto ela se apequena.

    marta suplicy

    Escreveu até julho de 2016

    É senadora e ex-prefeita de São Paulo. Foi ministra dos governos Luiz Inácio Lula da Silva (Turismo) e Dilma Rousseff (Cultura).

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