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    Marta Suplicy

    COP21

    04/12/2015 02h00

    A união das potências mundiais contra o terrorismo, a singela e criativa manifestação dos franceses homenageando as vítimas do atentado com centenas de sapatos ordenados em marcha silenciosa e o entendimento entre as duas maiores potências do mundo (China e EUA são responsáveis por 42% das emissões de CO²) para uma posição conjunta frente ao problema do clima indicam uma inflexão diferente na COP21.

    Relendo tratados internacionais, percebe-se que o futuro acordo de Paris, visando atingir a meta de 2°C de teto para conter as mudanças climáticas, somente poderá ser atingido a partir de outro tipo de atitude. Esse encaminhamento está amadurecido. Não pela vontade de governos ou pelas tentativas frustradas das grandes conferências, mas pela consciência das populações mundiais que se apercebem de riscos reais à viabilidade da vida humana na forma como conhecemos.

    Mesmo os países mais populosos não poluem igualmente (um cidadão indiano polui cerca de 15% do que o americano). Diante de tão diferentes realidades, os acordos nacionais são, hoje, o possível. O êxito virá se for também conseguido o crescimento econômico e ajuda para os países menos desenvolvidos e aos mais afetados.

    A mudança climática atingiu a consciência do planeta e também dos brasileiros. Despertamos para: o desmatamento de séculos, a poluição e agravamento de problemas respiratórios nas metrópoles, a falta de investimento e alerta para o uso da água, o controle para a emissão de poluentes.

    Ter de economizar água, as enchentes e secas inclementes, usar camiseta em tempos de lã levaram para o cotidiano a consciência de cuidar do meio ambiente.

    Entrementes, em São Paulo, a prefeitura fecha os olhos para a questão ambiental, permitindo a construção de um megaconjunto habitacional de 193 prédios, para cerca de 20 mil moradores, em cima da represa Billings, perdeu a noção!

    A área situada na região da Cidade Ademar é chamada pelos vizinhos de Parque dos Búfalos. Tem quase o tamanho do Ibirapuera, com 19 nascentes de água que são responsáveis pelo abastecimento hídrico de milhares de paulistanos.

    O terreno é usado como área de lazer há mais de 40 anos. O que causa estranheza na decisão da prefeitura, em deixar destruir uma das últimas áreas da Mata Atlântica da região, é que foram apresentados sete terrenos alternativos para a construção do mesmo conjunto com infraestrutura que poderia abrigar quase 7.000 unidades de moradias.

    São Paulo é uma das maiores cidades do mundo. O que o atual prefeito tem feito para colocar nossa cidade no caminho das exigências deste século?

    marta suplicy

    Escreveu até julho de 2016

    É senadora e ex-prefeita de São Paulo. Foi ministra dos governos Luiz Inácio Lula da Silva (Turismo) e Dilma Rousseff (Cultura).

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