"Cras", "cras", reza a lenda, foi o som ouvido quando esse militar romano, martirizado no século 4, esmagou a cabeça de um corvo, encarnação do mal, que tentava adiar sua conversão. Mostrando sua disposição heroica, negando-se a aceitar os deuses pagãos, teria pisado na criatura não protelando sua ação e dizendo "hodie", hoje! Foi sacrificado e morto tornando-se, no decorrer dos séculos, o santo das causas urgentes. É sempre invocado nos casos que exigem solução imediata e que sem presteza poderiam causar grande prejuízo.

Na segunda-feira passada, 19 de abril, foi o dia de Santo Expedito. Recebi um convite para ir à missa na sua igreja, na zona norte de São Paulo, inaugurada em 2001 e desde 2011 paróquia de Santo Expedito, valorosamente conduzida pelo padre Luiz Cesar Bombonato, que há 25 anos cuida desta região do Tucuruvi/Jaçanã.

A devoção ao santo é enorme. As pessoas têm causas, têm problemas, têm urgências e, principalmente, têm fé. Muita fé. Conversando, muitos já tinham conseguido graças, contavam casos de pais e familiares, ou simplesmente se sentiam acolhidos por um santo que "não faltava" nunca.

Eu registrava novamente como os eventos religiosos comovem e mobilizam multidões. A missa das 19h, com o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, levaria ainda muito mais devotos.

Acompanhei a missa (o padre um pouco preocupado se eu estava entendendo a liturgia até explicar que mais de 20 anos em escola de freira me deixavam muito confortável) até o momento no qual se faziam os pedidos a Santo Expedito. Mas eu creio que, pela primeira vez, não tinha vontade de pedir, só de agradecer. Era muito paradoxal, pois me sentia feliz comigo, de estar ali compartilhando aquele momento, tranquila e me perguntando porque eu não ia mais à igreja para poder sentir essa paz compartilhada.

Fiz minhas preces de agradecimentos e de repente fiquei pasma como o destino é curioso. Eu tinha sim um pedido para o santo das urgências. Aliás, um grande número, a maioria dos brasileiros, tem um pedido muito urgente: que possamos virar essa triste página da nossa história política e ajudar o Brasil a recuperar a probidade pública, o equilíbrio, a harmonia, a autoestima e a retomada do crescimento tão necessário.
Que Santo Expedito olhe pelo Brasil e não nos deixe nesse sofrimento e angústia sem fim.

Que o Brasil vire a página, o governo recupere sua credibilidade, adquira governança, os empregos voltem e a inflação seja controlada. Que o vice-presidente Temer tenha condições de montar um governo exemplar e que, frente às urgências que enfrentamos, use toda a sua habilidade para unir o Brasil.