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    Matheus Magenta

    Minoria desobediente

    16/01/2017 02h00

    Marlene Bergamo - 6.jan.2014/Folhapress
    Detentos em cela no complexo penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão
    Detentos em cela no complexo penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão

    SÃO PAULO - O crescente encarceramento no país amplia o conflito social. Parte desobediente da população não abdica do direito autoatribuído de usar drogas. A proibição estava em letra miúda no contrato.

    O defensor da legalização parece ignorar sua responsabilidade na crise de segurança pública. A vigilância afugenta fatia pequena da demanda, hábil em driblar restrições à oferta.

    A liberação de venda e consumo enfraqueceria a criminalidade, e a abolição do uso, também. As partes divergem sobre necessidade e capacidade das instituições. Experiências internacionais são tão particulares que somente testando para ver.

    O maior temor do paulistano é ter jovens da família envolvidos com drogas. O uso está associado a criminalidade e falta de comedimento. Causa distúrbio, abala as crias e desrespeita o espaço alheio. Precedentes assim corroeriam as normas.

    Oito em dez brasileiros consideram que toda a sociedade sofre as consequências do consumo de drogas. O vendedor deve ser reprimido pelo Estado, e o consumidor, ser tratado como doente e avisado do custo ao erário. O vício tornaria uma falácia a liberdade perseguida.

    A maioria não admite impunidade, falha no provimento de segurança e ameaças da minoria, que causa impacto desproporcional à força e ao tamanho que tem ante o coletivo.

    A fiscalização de álcool e cigarro ficaria inviável e haveria mais casos de doenças psiquiátricas, ainda que as relações de causalidade não tenham sido comprovadas.

    Usuários consideram irreversível e natural o processo de legalização. Para eles, o Estado deve cessar essa repressão antidemocrática que não lhe cabe e só regular essa busca por prazer. A sociedade amadurecerá com mais liberdade individual e tratamento jurídico igualitário a traficantes e consumidores.

    Mas por ora podem se dar ao luxo de desamparar a militância e esperar a situação ficar insustentável para a proibição. A sociedade paga o preço pelo atraso. As leis precisam evoluir.

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