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    Maurício Meireles

    Documentos do acervo de Manoel de Barros começam a vir à tona

    24/10/2015 02h00

    Arquivo pessoal
    Manoel de Barros em Nova York em 1947 durante o período em que passou no exterior.

    Com o aniversário de um ano de morte de Manoel de Barros se aproximando, no dia 13 de novembro, já está avançada a organização dos papéis deixados pelo poeta. Os primeiros resultados já começam a aparecer, como o retrato inédito acima, que mostra o escritor em 1947, no período em que viveu em Nova York. Fotos e cartas já foram organizadas por Martha Barros, filha do autor. Restam agora os cadernos de anotações deixados por ele.

    Este material começa a vir à tona em 2016, nas novas edições de "O Livro das Ignorãças", "Arranjos para Assobio" e um volume conjunto de "Poemas Concebidos sem Pecado" e "Face Imóvel", a serem lançadas pela Objetiva. Os manuscritos também serão usados em exposições e eventos pelo centenário do poeta, comemorado em dezembro do ano que vem.

    FERNANDO PESSOA CONTRA O FASCISMO

    Mês que vem, completam-se 10 anos em que Fernando Pessoa está em domínio público. Ao contrário de Portugal, onde multiplicaram-se edições corrigidas ou com inéditos, o Brasil seguia com volumes da época em que a obra dele era da lusitana Assírio e Alvim, quando a família do poeta mantinha o controle sobre seus papéis.

    A situação parece mudar. Ainda neste mês, a Tinta-da-China lança a obra completa de Álvaro de Campos, heterônimo de Pessoa, organizada por Jerónimo Pizarro e Antonio Cardiello.

    Em janeiro, sai "Sobre o Fascismo, a Ditadura Militar, e Salazar", com textos políticos do português, metade deles inéditos. A compilação, feita por José Barreto, mostra as críticas do autor ao salazarismo, opondo-se à visão às vezes disseminada na academia de que ele era "reacionário".

    Carlos Moskovics/Acervo Instituto Moreira Salles/Divulgação
    Linda Batista, grande Otelo, Herivelto Martins e Ary Barroso em imagem de "A noite do meu bem", novo livro de Ruy Castro, que a Companhia das Letras lança em novembro

    ACERTO DE CONTAS

    Depois de Supremo Tribunal Federal liberar as biografias não autorizadas, a conta dos livros proibidos começa a chegar. A LGE Editora, que teve "Sinfonia de Minas Gerais", biografia de Guimarães Rosa escrita por Alaor Barbosa, recolhida em 2008, vai entrar nesta semana com uma petição na Justiça pedindo indenização pelos prejuízos causados com a proibição.

    Em notificação extrajudicial enviada a Vilma Guimarães Rosa, filha do escritor, pelos advogados Daniel Campello Queiroz e João Pedro Argollo, o valor do prejuízo foi calculado em mais de R$ 700 mil. Deste montante, cerca de R$ 200 mil seria o gasto na produção e distribuição do livro. Cerca de R$ 80 mil seria o custo de armazenagem, depois que a biografia foi recolhida. O restante é o que a editora estima que poderia ter lucrado, mas o valor deve ser submetido a uma perícia pela Justiça.

    Nobel A Companhia das Letras planeja lançar já em março do ano que vem "Vozes de Chernobil", de Svetlana Alexievich, premiada há duas semanas com o Nobel de Literatura. No segundo semestre de 2016, será a vez de "War's Unwomanly Face" (o rosto pouco feminino da guerra).

    Amiga Os imortais da Academia Brasileira de Letras receberam para o chá, na terça-feira (13), a portuguesa Leonor Xavier. Premiada em Portugal e desconhecida no Brasil, ela é um caso de "autora de autores". Xavier está no país para lançar "Passageiro Clandestino", pela Autêntica, segunda (26), na Livraria da Travessa do Leblon, no Rio, às 19h. O livro trata da experiência da escritora com o câncer.

    Renovação A José Olympio renovou o contrato de publicação das obras completas de Rachel de Queiroz. A editora planeja lançar volumes temáticos das crônicas publicadas pela autora em jornais, além de renovar o projeto gráfico dos livros. As edições começam a sair em 2016, com "O Quinze".

    Psicanálise Chega ao Brasil a editora Karnac Books, uma das referências em livros de psicanálise no mundo. O lançamento oficial acontece no 25º Congresso Brasileiro de Psicanálise, na quinta-feira (28). Uma equipe de 13 tradutores especializados já havia sido contratada há mais de um ano e está prestes a entregar 25 traduções. Paulo Cesar Sandler está à frente da casa.

    painel das letras

    por Maurício Meireles

    painel das letras

    Maurício Meireles é jornalista especializado na cobertura de literatura, mercado editorial e políticas de livro e leitura. Escreve aos sábados.

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