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    Maurício Meireles

    Bazar da Cosac Naify já tem data, mas não terá 'descontos agressivos'

    05/12/2015 02h00

    A Cosac Naify marcou para de 17 a 19 de dezembro, das 13h às 20h, no Centro Cultural b_arco, o bazar para iniciar a venda de seu estoque –mas sem "descontos agressivos", avisa a empresa. A casa já pediu às livrarias que, a partir de janeiro, devolvam tudo o que estiver em consignação. De todo modo, esta é só uma das questões que a editora vai precisar enfrentar. O clima no mercado ainda é de incerteza. Há dúvidas sobre como os direitos autorais serão pagos depois de janeiro, quando a equipe estará demitida. Charles Cosac diz que manterá um grupo "de cinco a sete pessoas" para cuidar disso.

    Ele afirma ainda que tradutores, revisores e preparadores com trabalhos em curso podem terminar suas tarefas e que vai pagá-los por isso. O futuro dos livros contratados –centenas, segundo ele– também é incerto. Ainda é vista com ceticismo a possibilidade de a casa repassá-los a outras editoras até o fim do mês, quando a Cosac fecha as portas. Do ponto de vista jurídico, só o catálogo completo poderia ser vendido.

    ENQUANTO ISSO...

    O fechamento da Cosac Naify deve provocar problemas no vestibular da Unicamp em 2016. A universidade havia incluído "Poemas Negros", de Jorge de Lima, entre as leituras obrigatórias.

    "Acho inviável que eles negociem com outras editoras o repasse de tantos livros", observa Lucia Riff, agente que representa a obra do autor, de quem a Cosac vinha lançando as obras completas.

    Procurada, a Unicamp afirma que por ora não pensa em tirar a obra da lista.

    Entre outros livros que ficam com futuro incerto estão o novo romance de João Anzanello Carrascoza, cujos direitos foram comprados semana passada; o romance "O Sul", de Veronica Stigger, que estava programado para janeiro; e a biografia de Susan Sontag, que está sendo escrita pelo americano Benjamin Moser e teve os direitos comprados há quatro anos.

    "Não se fecha uma editora desse jeito. Acabei de renovar o contrato de toda a obra do Faulkner também", diz Lucia.

    Divulgação
    Quiosque no bairro de Santa Teresa

    Quiosque do Rio de Janeiro no século 19, antepassado dos botecos da cidade, em foto de 'Memória Afetiva do Botequim Carioca', lançado pela José Olympio.

    O LIVRO DO DESASSOSSEGO

    A Globo Livros comprou os direitos de "Ana de Amsterdam", antologia de textos do blog homônimo, de autoria da moçambicana residente em Portugal Ana Cássia Rebelo. A obra, a ser lançada por aqui em 2016, é uma das apostas do selo Biblioteca Azul.

    Descrita como uma espécie de Sylvia Plath lusa, Ana Cássia saiu este ano pela portuguesa Quetzal. A autora, que é advogada, começou a escrever o diário íntimo on-line em 2006 e virou sucesso entre a crítica portuguesa. O nome de seu blog vem da canção de Chico Buarque.

    Com uma escrita melancólica, Ana Cássia relata em prosa poética os episódios de sua vida como profissional e mãe. A autora chegou à Globo Livros por indicação da editora Maria Emilia Bender, que já havia publicado textos dela na revista "piauí".

    Agência A escritora Carol Rodrigues, estreante que levou os prêmios Jabuti (na categoria contos) e da Biblioteca Nacional neste ano, passa a ser representada pela agente literária Marianna Teixeira Soares.

    Chefe O escritor e tradutor Daniel Pellizzari, da antiga Livros do Mal, é o novo editor-executivo da Estação Liberdade. Contratado pelo diretor editorial Angel Bojadsen por sua experiência com tradução, Daniel já começa nesta segunda (7).

    China A Companhia das Letras comprou os direitos do livro de memórias de Ai Weiwei, no qual ele conta cem anos da história da China a partir de sua trajetória e da vida de seu pai, um dos poetas chineses mais importantes do século 20 e amigo íntimo de Mao Tse-tung. O livro sai no exterior só em 2017.

    Livro do mal A Darkside comprou em "pre-empt", jargão do mercado para quando uma editora faz um lance para evitar que um título vá a leilão, o romance "HEX", do holandês Thomas Olde Heuvelt. O livro é uma história de terror contada por mensagens de celular.

    Desafio Estevão Azevedo, ganhador do Prêmio São Paulo com "Tempo de Espalhar Pedras", lança a novela "Nenhum Olho Me Verá", pelo selo Jota, da e-galáxia, que trata da filha de um pastor dividida entre a ciência e a religião.

    Desafio 2 O selo é inspirado no grupo Oulipo, corrente literária de escritores e matemáticos que propunha desafios de escrita. O primeiro capítulo da novela de Estevão, por exemplo, não usa a letra A a partir de certo ponto. Os outros capítulos repetem desafios formais do tipo.

    painel das letras

    por Maurício Meireles

    painel das letras

    Maurício Meireles é jornalista especializado na cobertura de literatura, mercado editorial e políticas de livro e leitura. Escreve aos sábados.

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