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    Maurício Meireles

    Herdeiros de Guimarães Rosa disputam inéditos do autor

    12/12/2015 02h00

    O julgamento de um recurso no 20ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, que deve ocorrer nas próximas semanas, vai decidir a partilha dos inéditos e dos direitos de imagem de Guimarães Rosa. De autoria de Eduardo Tess Filho, neto de Aracy, segunda mulher do escritor, o recurso visa dividir a propriedade dos lendários Diários de Hamburgo -escritos quando Rosa serviu como cônsul-adjunto na cidade alemã- e das cadernetas com a pesquisa para "Grande Sertão: Veredas".

    Além destes, há oito contos e cinco séries de cartas trocadas com familiares, amigos, tradutores e intelectuais. O desejo de Tess é que a Justiça também decida sobre inéditos que venham a ser descobertos no acervo do escritor, hoje guardado no IEB-USP (Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo).

    ROSA EM DISPUTA
    Do outro lado da mesa estão Vilma e Agnes Guimarães Rosa, filhas do primeiro casamento do escritor. Elas argumentam que não há motivo para partilhar os documentos, porque eles não teriam valor econômico -uma vez que elas nunca pretendem publicá-los.

    A Justiça já havia concordado com as duas, mas os herdeiros de Aracy recorreram. Na prática, a decisão dificulta uma possível publicação dos papéis no futuro, porque o impasse sobre sua propriedade não está resolvido.

    O resto é a novela de sempre quando o assunto é publicar o que ficou na gaveta de Guimarães Rosa, sobretudo os Diários de Hamburgo.

    Vilma e Agnes argumentam que era o desejo do pai que tais papéis não fossem publicados.

    A família de Aracy, por sua vez, defende o interesse cultural dos documentos e argumenta que tal desejo jamais foi expresso por Guimarães Rosa -e, como o autor teve morte súbita, não teria tido tempo de decidir sobre o futuro de seus escritos.

    Reprodução
    Livro do projeto Poesia Viva, premiado pelo Ministério da Cultura no edital Todos Por Um Brasil de Leitores, em meio à lama de Mariana (MG)

    FIM DE HISTÓRIA?
    Continua a se aprofundar a crise que atinge a Revista de História da Biblioteca Nacional, como antecipou a coluna em outubro. Sem dinheiro para funcionar, a publicação botou os funcionários em recesso por tempo indeterminado a partir desta semana.

    Não há certeza se a revista volta a circular em janeiro. Sua última edição está pronta, a ideia era mandá-la para gráfica no dia 20 de dezembro -mas nem isso está garantido. Um patrocínio que a revista esperava da Caixa não vem mais, por exemplo.

    Embora leve o nome da biblioteca e tenha tido seu conselho editorial indicado por Renato Lessa, o periódico é gerido por uma organização social, a Sabin (Sociedade dos Amigos da Biblioteca Nacional).

    "É lamentável a indiferença do país. Será um desastre uma publicação de excelência internacional fechar", diz Lessa.

    Procurada, a Sabin diz que a possibilidade de a revista acabar é "razoavelmente grande", mas que está em reuniões com os patrocinadores.

    É o fim Nos dois dias seguintes ao anúncio do fechamento da Cosac Naify, a Amazon brasileira viu um crescimento de 600% nas vendas dos livros da editora, quando comparadas às vendas de um dia normal.

    É o fim 2 Até o fechamento da coluna, 17 dos 30 livros mais vendidos da Amazon eram da Cosac Naify. O primeiro colocado era "Guerra e Paz", de Tolstói.

    É o fim 3 Aliás, tiragem derradeira dos "Contos completos" do autor russo, com 8 mil exemplares, chega no dia 23 de dezembro.

    Marvels O novo livro de Brian Szelnick, autor de "A Invenção de Hugo Cabret", sai ano que vem pela SM, no primeiro semestre. O livro conta duas histórias: a primeira, com desenhos a lápis, e a segunda narrada em texto.

    Extras O Instituto Moreira Salles lança a versão digital do livro "Cartas ao Pai", com a correspondência entre o crítico literário Alceu Amoroso Lima e sua filha, Teresa, freira que vivia em um convento.

    Extras 2 A versão digital traz vídeos e trechos de entrevistas do escritor, além de todas as suas colunas no "Jornal do Brasil". Também uma entrevista exclusiva com o filho do intelectual.

    Saldão Nos dias 18 e 19 de dezembro, a editora e livraria Madalena promove um saldão de seus livros de fotografia, com descontos de 20% a 50%.

    painel das letras

    por Maurício Meireles

    painel das letras

    Maurício Meireles é jornalista especializado na cobertura de literatura, mercado editorial e políticas de livro e leitura. Escreve aos sábados.

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