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    Maurício Stycer

    Entre desenhos e gafes, TV aberta explorou tom sensacionalista

    DE SÃO PAULO

    27/01/2013 22h48

    Como ocorrido em outros eventos antes deste, a tragédia de Santa Maria mostrou mais uma vez que transmissão intensiva de televisão não é necessariamente sinônimo de informação e esclarecimento.

    Na TV aberta, em especial, o esforço --louvável-- de manter o assunto no ar na tarde de domingo deu lugar, em diversos momentos, à exploração sensacionalista da tragédia.

    A Globo interrompeu o "Esporte Espetacular" e deixou de exibir a "Turma do Didi" para noticiar o incêndio, mas retomou a sua programação normal a partir das 13h.

    A decisão da emissora provocou protestos no Twitter, mas poupou a emissora de alguns vexames, como vistos na concorrência.

    Na Band e na Record, em diferentes momentos, imagens de corpos no chão foram oferecidas ao público. José Luiz Datena conseguiu fazer um paralelo com mortes em câmaras de gás em campos de concentração nazistas. Empolgado, ainda que sem informações suficientes para isso, julgou e definiu culpas a granel.

    Gugu Liberato fez avaliações do tipo: "A gente observa o bom gosto da fachada da casa noturna". Tão sensibilizada quanto o apresentador da Record, Eliana, no SBT, suspirava enquanto ouvia depoimentos de sobreviventes por telefone. Entrevistando o comandante do Corpo de Bombeiros, ela pediu licença, no meio, para exibir um bloco de comerciais.

    GloboNews e BandNews, na TV paga, ficaram horas e horas no ar, com transmissão sem parar dos eventos em Santa Maria. Mais sóbrias que a TV aberta, também padeceram das dificuldades neste tipo de cobertura, em especial, a repetição de algumas poucas informações, a divulgação de versões desencontradas e as explicações "em tese" dadas por "especialistas" sem acesso aos fatos, propriamente.

    Difícil dizer, ao final deste domingo, quem se saiu pior: se a Globo, ao exibir "Kung Fu Panda", ou suas concorrentes ao mergulharem numa cobertura sem pudor da tragédia alheia.

    mauricio stycer

    É jornalista, repórter e crítico e autor de 'Adeus, Controle Remoto'.
    Escreve aos domingos.

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