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    Mercado Aberto

    'O que vai acontecer no Brasil é o que vivemos aqui'

    20/06/2013 03h00

    Uma semana após o ministro das Finanças da Turquia, Mehmet Simsek, afirmar que os protestos não impactaram de forma significativa a economia do país, o ministro Zafer Çaglayan, responsável pela área econômica, admitiu ontem que houve, sim, prejuízos.

    Para ele, a Bolsa brasileira deverá passar por turbulências semelhantes.

    "No Brasil, também estão ocorrendo manifestações. O que vai acontecer lá é o mesmo que vivemos aqui", disse.

    "Claro que houve prejuízos. Claro que influenciou a Bolsa e os juros. Mas haverá recuperação. As ações já estão voltando a subir", disse o ministro da Economia à coluna, durante evento promovido pela Tuskon (Confederação dos Executivos e Industriais da Turquia) em Istambul.

    Mira Org/AFP
    Zafer Çaglayan, o ministro da Economia da Turquia
    Zafer Çaglayan, o ministro da Economia da Turquia

    A revolta da população é apenas mais uma que ocorre na Europa, segundo Çaglayan: "Esses protestos não aconteceram somente aqui. Já ocorreram também na Grécia e na Espanha. Os europeus esqueceram-se rapidamente. Agora querem dar uma aula [de democracia] para a Turquia".

    Há dez anos, diz, ninguém poderia protestar no país. "Essas manifestações que os defensores do meio ambiente estão fazendo e os direitos de que estão usufruindo foram garantidos pelo nosso governo."

    A democracia, no entanto, é justamente a principal reivindicação dos ativistas turcos, que afirmam que o Estado intervém na vida da população ao, por exemplo, proibir a venda de bebidas alcoólicas depois das 22h.

    O governo, segundo o ministro, está apenas separando as pessoas que defendem o meio ambiente das que são parte de grupos "ilegais".

    "Esses estão destruindo o patrimônio público e querem também destruir a paz do país", acrescentou.

    "O governo impedirá que isso seja feito."

    Os protestos na praça Taksim, que já duram três semanas, tiveram como estopim a construção de um shopping em local hoje ocupado por um parque.

    Desde então, foram transformadas em atos contra o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, acusado de impor uma agenda autoritária e islâmica.

    A Bolsa de Istambul caiu 8,3% desde 31 de maio, data em que os protestos começaram. Em 3 de junho, a queda chegou a 10,47%, a maior retração em um único dia nos últimos dez anos.

    O governo de Erdogan projeta um crescimento econômico para a Turquia entre 5,3% e 5,5% por ano até 2023 (apesar de as próximas eleições já estarem programas para 2015).

    A alavanca dessa expansão é a mesma que vem sendo usada pela Turquia nos últimos anos e que foi o grande motor propulsor chinês: as exportações. No ano passado, segundo o ministro, as vendas para outros países cresceram 4,4%. Em 2012, o PIB total cresceu 2,6% em relação ao ano anterior.

    Editoria de Arte/Folhapress

    "Isso porque o mercado interno não ajudou."

    "Sem o aumento das exportações, a economia não teria crescido. Nossa intenção é exportar. Se, por acaso, precisar, também colocamos o mercado interno, mas nossa preferência é vender para o exterior", disse o ministro.

    Estratégia perigosa para um período de crise internacional como o atual? Não é, porém, o que Çaglayan pensa. "Não tem nenhum risco", afirma convicto.

    "Crescer internamente traz problemas para a economia. Os turcos começam a importar em grandes volumes", diz ele em relação à necessidade de políticas para aumentar o poder de compra do consumidor e aquecer a demanda interna.

    "Nossa intenção é aumentar o crescimento do país com exportações. Isso é o mais importante", reforça, mais uma vez.

    Em 2010 e 2011, o PIB turco cresceu 9% e 8,8%, respectivamente, baseado nesse modelo econômico voltado para o mercado externo. "Apenas em 2009, houve uma pequena retração com a crise na Europa."

    O plano agora, para que isso não se repita, é comercializar com o mundo todo.

    "Hoje só não exportamos para dois países do globo. Um deles é Nauru. A Turquia ainda pode ganhar muito espaço, já que o valor global das importações é gigantesco."

    *

    APERITIVOS ESPORTIVOS

    Uma pesquisa da Nielsen Sports aponta que 63,2% dos entrevistados bebem ou comem ao assistir a programas esportivos.

    Em 2010, quando a Copa do Mundo foi sediada na África do Sul, o consumo de cerveja cresceu 15% no Brasil. O de refrigerante aumentou 10% e o de chocolate, 13%.

    "Os grandes eventos, sejam esportivos ou não, são relevantes para a população e para as marcas, pois aquecem a economia", diz Rafael Plastina, diretor da empresa.

    Editoria de Arte/Folhapress

    *

    Fora... Laboratórios brasileiros e mexicanos começarão hoje uma rodada de negociações durante encontro em São Paulo. A reunião é organizada pela Abiquifi (associação brasileira da indústria farmoquímica e de insumos).

    ...de campo Aché, Eurofarma, Catarinense e Blanver são alguns dos laboratórios que devem enviar executivos para conversas.

    Celular em alta A Samsung inaugura hoje um espaço exclusivo na loja Fast Shop do Shopping Eldorado, em São Paulo, e outro amanhã, em Guarulhos.

    Editoria de Arte/Folhapress

    com LUCIANA DYNIEWICZ (em Istambul) e FELIPE LUCHETE

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    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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