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    Mercado Aberto

    Após alta em 2014, venda de veículos usados começa ano com baixa de 2%

    08/02/2015 03h00

    O mercado de veículos usados fechou janeiro com uma queda de 2,1% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo a Fenauto (federação dos revendedores).

    O setor não conseguiu manter o ritmo registrado em 2014, quando, na contramão da crise do segmento de veículos zero quilômetro, obteve alta de 7,2% nas vendas.

    Editoria de Arte/Folhapress

    "Janeiro tradicionalmente é instável, é um mês cheio de despesas para os consumidores. É claro que o cenário econômico atual colaborou [para o recuo], mas não acredito que haverá retração neste ano", diz Ilídio dos Santos, presidente da entidade.

    "A nossa avaliação é que, a partir de março, as vendas começarão a melhorar."

    A retomada da cobrança do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em relação aos carros zero deverá beneficiar o segmento de usados ao longo de 2015, ainda de acordo com o executivo.

    Em janeiro, das quatro categorias de seminovos, apenas os comerciais leves, como picapes e furgões, tiveram alta nas vendas: 3,8%.

    A maior queda, de 9,5%, foi registrada entre os comerciais pesados, grupo que inclui os caminhões.

    Como as empresas são as principais compradoras de veículos de grande porte, a retração mais acentuada pode ser atribuída à redução dos aportes das companhias.

    "Com os reajustes de preços, como o da gasolina e o da energia, muitos empresários decidiram aguardar e segurar os investimentos."

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    Fazenda no prato

    A Divino Fogão, rede de restaurantes por quilo que atua em shopping centers, vai diversificar sua operação com uma nova marca, que servirá pratos executivos.

    A empresa fechou uma parceria com o Carrefour e o Grupo Pão de Açúcar para instalar unidades em galerias e praças de alimentação dos supermercados.

    O primeiro restaurante piloto será aberto no Carrefour João Dias, na cidade de São Paulo, com inauguração prevista para março.

    "Há muita demanda de franqueados, que querem abrir pontos da Divino Fogão e não encontram mais espaços disponíveis, e também de clientes, que não querem ter de se deslocar até os shoppings para almoçar", afirma Reinaldo Varela, presidente e fundador da rede.

    Eduardo Knapp/Folhapress
    Reinaldo Varela, presidente da rede de restaurantes por quilo Divino Fogão
    Reinaldo Varela, presidente da rede de restaurantes por quilo Divino Fogão

    Em um segundo momento, a companhia também planeja abrir restaurantes em centros empresariais e hospitais.

    "Apesar da crise, que também reflete na alimentação fora de casa, não tivemos baixa no movimento, pois a maioria dos nossos clientes no horário do almoço são trabalhadores da região."

    A nova operação servirá o mesmo tipo de comida, "de fazenda". As lojas terão entre 35 m² e 40 m² -enquanto os pontos de shopping precisam ter ao menos 50 m².

    O investimento necessário para abrir um ponto também será menor, de cerca de R$ 400 mil, ante o aporte inicial de R$ 600 mil em um restaurante por quilo da marca.

    179 são os restaurantes da rede em operação no país, 60% deles na região Sudeste

    33 é o número de unidades que serão abertas em 2015

    80% é a parcela de novos franqueados na expansão

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    Gasto de água nas empresas

    Seis em cada dez (62%) empresas brasileiras ouvidas para uma pesquisa da BDO, de auditoria e consultoria, afirmaram não ter feito nenhuma ação preventiva em seus departamentos para reduzir o consumo de água.

    Quase um terço (32%) das companhias disse que realizou pequenas alterações na sua linha de produção para economizar o consumo.

    Apenas 3% tomaram medidas drásticas para conter os gastos com água.

    Editoria de Arte/Folhapress

    "A maior parte das que não se preveniu diz já monitorar o uso do recurso. Mas isso acontece de forma básica, sem uma revisão complexa dos processos internos", afirma Mauro Ambrósio, diretor de sustentabilidade da BDO.

    Apesar da falta de planejamento da maior parte das empresas pesquisadas para enfrentar a escassez de água no país, 52% delas classificaram os recursos hídricos como importantes e essenciais para manter a produtividade.

    "O empresariado ainda não dimensionou o impacto que a crise hídrica trará nos negócios", diz Ambrósio.

    A maior parte das 126 companhias analisadas está no setor de serviços. As indústrias são 31%.

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    Terceirização a quatros rodas

    O setor industrial é o que mais terceiriza sua frota, segundo levantamento da Arval, multinacional francesa com atuação em 39 países.

    A indústria responde por 51% dos veículos terceirizados pela empresa no Brasil. Em seguida vem o setor de serviços, com 34%. Outros setores detêm os 15% restantes.

    Na Arval, especializada na gestão de veículos, as farmacêuticas são as empresas que mais contratam, com 13,7%, seguida por grupos do segmento de bebidas, com 12,8%, e elétricas com 11,3%.

    Na Rodobens Leasing e Locação, de São José do Rio Preto (SP), a demanda da indústria é ainda maior: 60%.

    A companhia atende empresas de transportes, bebidas, mineração e sucroalcooleiras com 2.100 veículos. Outros 1.900 carros estão terceirizados para clientes ligados ao setor de serviços.

    "A indústria saiu na frente nesse processo, mas o cenário não é de expansão em razão da economia fraca", diz Carlos Ferreira, diretor da Rodobens Locação.

    Na Hertz, 55% dos clientes são da indústria. "O custo de manter a própria frota gerou essa demanda", diz o vice-presidente, Luciano Bianchi.

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    Limite especial

    A parcela de brasileiros que ficaram com dinheiro faltando no fim do mês após pagar todas as dívidas chegou a 20,3% em novembro de 2014, segundo estudo da consultoria Ipsos encomendado pela Fecomércio RJ.

    No mesmo período do ano anterior, o percentual era de 9,7%. Em outubro de 2014, por sua vez, de 18,7%.

    "É um número significativo e que reflete a situação econômica pela qual o país vem passando", afirma Christian Travassos, economista da entidade.

    "Não significa, entretanto, que 20% estejam inadimplentes, pois existem cartões de créditos e outras alternativas, como pedir dinheiro emprestado a familiares ou trabalhar um pouco mais no caso dos profissionais autônomos."

    Foram ouvidos mil consumidores em 70 cidades.

    48,9% é a parcela de entrevistados que fechou o mês em equilíbrio (sem falta nem sobra de dinheiro)

    38% são os que afirmaram pagar algum financiamento, dos quais 16% estão com alguma parcela em atraso

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    Lanche móvel A rede paranaense de franquias 10 Pastéis, que tem 40 lojas em seis Estados, entrará no mercado gaúcho. A empresa também vai se lançar no segmento de "food trucks" (pequenos caminhões que vendem comidas).

    Consórcio... A também paranaense Ademilar, que comercializa consórcios imobiliários, pretende abrir 15 escritórios neste ano. Hoje, são 35. O foco da empresa será o Estado de São Paulo, que já é responsável por 25% de suas vendas.

    ...de casa No ano passado, a companhia comercializou cerca de R$ 760 milhões em cotas de imóveis (50% desse valor foi vendido pelas unidades do Paraná e os outros 25% pelas de Santa Catarina). A meta para 2015 é R$ 1 bilhão.

    com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS, ISADORA SPADONI e DHIEGO MAIA

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    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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