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    Mercado Aberto

    Setor óptico recua 3% no primeiro trimestre

    14/04/2015 03h29

    Com a desaceleração econômica, o setor óptico brasileiro registrou queda de 3% no faturamento no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2014.

    "Diante do cenário, o resultado foi até melhor do que o esperado", diz o presidente da Abióptica (associação da indústria), Bento Alcoforado.

    Além da retração no varejo, o patamar do dólar prejudica parte do segmento.

    Editoria de Arte/Folhapress

    As empresas que produzem no país tiveram suas margens reduzidas pois compram até 85% de suas matérias-primas no mercado internacional e sofrem com o aumento dos custos internos.

    Alcoforado, porém, acredita que o setor irá se recuperar até dezembro e fechará o ano com um crescimento de 6%.

    No ano passado, o faturamento das companhias ópticas avançou 18,4% (sem descontar a inflação) e chegou a R$ 23,1 bilhões. Em 2013, no entanto, o aumento havia sido de 28,3%.

    "Os três primeiros meses de todo ano costumam ser mais difíceis. As pessoas estão pagando seus impostos e se reorganizando. O segundo semestre é sempre mais forte, principalmente nas vendas de óculos de sol", diz.

    "As medidas [de reajuste fiscal] mais duras já são conhecidas. Agora, a insegurança começa a ser eliminada, o que nos ajuda, porque a queda no consumo foi consequência do medo econômico."

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    Aviador brasileiro

    Ao contrário de grande parte do setor óptico, as grifes de luxo estão otimistas com a cotação do dólar.

    A Luxottica (fabricante dona de 25 marcas, como Ray-Ban e Oakley) é uma das que poderão ter suas vendas alavancadas no Brasil com a moeda acima de R$ 3.

    Os produtos da empresa italiana passaram a ser mais baratos no mercado doméstico do que no internacional.

    Eduardo Knapp/Folhapress
    Luca Lisandroni, diretor-geral da empresa no país
    Luca Lisandroni, diretor-geral da empresa no país

    O modelo clássico de aviador da Ray-Bay, por exemplo, custa hoje US$ 150 (cerca de R$ 470) no exterior e R$ 450 no Brasil.

    "A diferença chega a 15%, pois o IOF encarece as compras fora. Dentro do país, ainda é possível parcelar, o que aumenta o poder de compra do consumidor", diz o diretor-geral da Luxottica no Brasil, Luca Lisandroni.

    "O câmbio também gera custos, mas tentamos segurá-los e compensar com a produção local [a empresa tem uma fábrica em Campinas]", acrescenta.

    A companhia espera registrar em 2015 no país o mesmo crescimento de 2014 (alta de 17% nas vendas). No ano passado, o Brasil ultrapassou França e Itália na lista dos maiores mercados da empresa e chegou a segunda posição, atrás dos EUA.

    "Os brasileiros ainda estão um pouco assustados [com a crise], mas nosso mercado está crescendo. A categoria solar ainda é pouco explorada no país."

    € 7,6 bilhões foram as vendas globais da empresa em 2014 (cerca de R$ 25,1 bilhões)

    75 mil são funcionários no mundo; 1.000 deles na planta do Brasil

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    Lente do câmbio

    A americana Marchon Eyewear, fabricante e distribuidora de óculos de sol e de grau, enxerga na desvalorização do real uma oportunidade para seus produtos importados.

    "Apesar do câmbio, ficou mais conveniente comprar óculos no país do que nos Estados Unidos ou na Europa", afirma Luca Dalla Zanna, CEO da Marchon.

    "Reajustamos os preços, mas só parcialmente, em media 8%, para ter uma diferença menor entre preços daqui e os do exterior."

    Karime Xavier/Folhapress
    Luca Dalla Zanna, CEO da Marchon
    Luca Dalla Zanna, CEO da Marchon

    Mais caras, as viagens escassearam e quem vai gasta menos, observa.

    "Isso gera uma oportunidade. Hoje é entre 30% e 40% mais caro aqui, mas não tem o IOF e se pode parcelar a aquisição. Em 2014, era mais de 50%." A Marchon cresceu cerca de 50% nos últimos quatro anos, afirma. "Não temos vendas diretas para não concorrer com nossos clientes."

    Para 2015, a meta é uma expansão entre 10% e 15%.

    "Já chegamos a 20% de alta, pois o primeiro trimestre é mais acelerado." A empresa comercializa óculos de 14 marcas, como as de luxo, Valentino e Salvatore Ferragamo.

    US$ 1 bilhão foi o faturamento da Marchon global no ano passado

    US$ 4.5 bilhões foi o faturamento do grupo

    3 são as fábricas (Itália, Japão e China)

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    Vestiário ampliado

    A Centauro.com.br, operação on-line da rede de lojas de artigos esportivos Centauro, vai investir R$ 30 milhões na ampliação de seus centros de distribuição e em tecnologia da informação.

    O aporte será maior que o realizado no ano passado, de cerca de R$ 25 milhões.

    Metade dos recursos será aplicada para aumentar e automatizar a área de armazenagem das unidades de Jarinu (SP) e Extrema (MG).

    Outra parte será destinada às operações de TI, para suportar o desenvolvimento de novos sites e o aumento de acessos previstos pelo grupo.

    "Fechamos contratos com quatro empresas, como times de futebol e mídias especializadas, para fornecer canais de venda exclusivos com a marca do cliente e produtos do nosso estoque", diz Gustavo Furtado, COO da empresa.

    R$ 2,6 bilhões foi a receita em 2014 do grupo SBF, detentor da Centauro

    14% é a participação da Centauro.com.br no faturamento do grupo

    1.000 são os funcionários no braço on-line da companhia

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    Recolhimento digital

    A capacitação de departamentos de recursos humanos é o principal desafio para a implantação do eSocial (norma do governo federal que unificará informações trabalhistas), segundo a recrutadora Robert Half.

    O desafio foi citado por metade dos cem diretores de RH entrevistados pela empresa.

    Editoria de Arte/Folhapress

    "Cerca de 45% esperam aumentar as contratações de pessoal especializado em folhas de pagamento para trabalhar na transição", diz Lucas Nogueira, da Robert Half.

    A falta de conhecimento pode dificultar processos simples, como admissão e pagamento de salários, segundo o executivo.

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    Agenda... Joaquim Levy (Fazenda) estará nos Estados Unidos entre quarta-feira (15) e o dia 22. Ele participa em Washington da Reunião Primavera do FMI e do Banco Mundial.

    fora... Levy também se encontrará com ministros de Finanças e banqueiros centrais do G-20 e dos Brics. Em Nova York, o ministro terá agenda com investidores estrangeiros.

    Cooperação... Brasil e Coreia do Sul vão assinar entre os dias 23 e 24 deste mês, em Brasília, um acordo nas áreas de economia digital e empreendedorismo.

    ...digital A parceria prevê intercâmbio de grupos de pesquisa nas áreas de ciência e inovação, além de transferência de tecnologias entre empresas das duas nações.

    com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS e ISADORA SPADONI

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    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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