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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Grandes empresários ainda preferem evitar impeachment de Dilma

    23/08/2015 03h00

    Por trás das manifestações de empresários contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, há o tradicional pragmatismo da classe.

    Acostumada a fazer contas, parte do empresariado já calculou que sairá mais caro para a economia e seus negócios o longo e traumático processo para afastá-la da presidência da República, sem muita certeza dos resultados de quem ficaria em seu lugar. Para muitos, poderá ser pior que um governo medíocre por mais de três anos.

    A coluna ouviu banqueiros, de instituições nacionais e estrangeiras, empresários e altos executivos de grandes companhias. Mesmo resguardada pelo compromisso de não publicar seus nomes, uma boa parte deles afirma não ver, por ora, razões concretas para o impedimento.

    Não que não tenham críticas ao desempenho da presidente. Alongam-se na enumeração de seus erros cometidos durante o primeiro mandato, além das mentiras para se reeleger. Dependendo do setor, condenam também algumas das medidas do ajuste fiscal, que outros consideram inevitável.

    "O ajuste é necessário, mas doloroso para as empresas, que serão oneradas e têm de demitir, e ainda levará tempo para surtir efeito", disse um banqueiro. Muitos desejam o que classificam logo como utopia: a renúncia da presidente Dilma, que provocaria menos traumas.

    Novas eleições, na possibilidade de afastamento também do vice-presidente Michel Temer —embora hoje pareça ser o cenário menos provável— é sonho recorrente em parte do "andar de cima".

    "Mas de quatro a seis meses de incerteza, seria péssimo", adverte outro banqueiro. "Afastar a Dilma, jogaria o PT na oposição, reclamando de golpe ", completa. "E com [o presidente da Câmara, Eduardo] Cunha, no comando do país", concorda um industrial.

    "O processo do impeachment seria o pior período. Você não sabe se terá exército do Stédile [do MST] na rua —o dólar vai a R$ 4", estima um executivo de banco.

    A permanência de Temer também não empolga representantes de alguns setores. "Não conseguiu convencer seu partido a aprovar o ajuste. Por que o faria depois?", questiona um empresário. "O mercado preferiria ficar onde está", diz o diretor de um banco. "Com a máquina na mão, o PMDB poderia obter a reeleição", adverte outro.

    O presidente de um banco estrangeiro relata um encontro na semana retrasada com o setor imobiliário —"a maioria a favor do impeachment". Continuarão depois do aceno do governo de mais crédito de bancos públicos? "Tudo muda a cada semana", respondeu.

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    Show móvel

    A Vivo faturou cerca de R$ R$ 949 milhões no primeiro semestre deste ano com serviços como aplicativos nas áreas de educação, saúde, jogos, vídeos e mensagens. Na conta, entra tudo o que não é ligação telefônica.

    Mais da metade (52%) da carteira de 82 milhões de clientes da operadora já usa algum dos 88 produtos oferecidos, segundo Christian Gebara, que acaba de se tornar vice-presidente executivo da Telefônica Vivo, responsável por todas as unidades de negócios da empresa. O crescimento foi de 24% no período, em relação ao primeiro semestre de 2014.

    Karime Xavier/Folhapress
    Christian Geabra, vice-presidente executivo da operadora de telefonia
    Christian Geabra, vice-presidente executivo da operadora de telefonia

    A operadora se prepara para lançar outros dois serviços como esses de valor agregado com parceiros.

    O primeiro será um aplicativo gratuito com concurso de música. Os usuários postam seus vídeos cantando e votam. Profissionais darão dicas (a R$ 3,99 por semana). Um segundo produto será voltado para negócios e também terá uma competição de projetos e conselhos para candidatos.

    RAIO-X

    R$ 10,4 bilhões
    foi a receita líquida do grupo Telefônica Brasil no segundo trimestre de 2015, incluindo Vivo e GVT

    5,4%
    foi a alta da receita líquida ante o mesmo período de 2014

    Concorrentes
    TIM, Claro, Oi

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    Desânimo no Consumo

    O movimento no comércio do país recuou 2,6% em julho, na comparação com o mesmo mês de 2014, segundo pesquisa da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).

    As baixas no mês passado foram mais fortes nos segmentos de móveis e eletrodomésticos (-8,6%) e de vestuários e calçados (-7,3%).

    Das cinco áreas analisadas, a única que não registrou retração no período foi a de supermercados, alimentos e bebidas, cuja movimentação cresceu 1,4%.

    No acumulado dos sete meses de 2015, o varejo registra uma baixa de 1,2%.

    "Com o aumento no nível de desemprego, a perspectiva é de piora nos próximos meses. O indicador deverá fechar com uma queda perto de 2%", afirma Flávio Calife, economista da entidade.

    O estudo é realizado com base nas consultas que as empresas fazem ao SCPC para análise de crédito de clientes.

    Setores

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    Destino... O Ministério do Turismo vai classificar, de A a E, municípios com base em variáveis como empregos, hospedagem e fluxo de visitantes.

    ...classificado Na categoria A estão capitais e destinos como Campos do Jordão e Porto Seguro. A medida vai ajudar no planejamento de ações.

    Faca A Brinox, fabricante de utilidades domésticas concorrente da Tramontina, comprou a Haus Concept, que atua no mesmo setor.

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    Em que Posso Ajudar?

    Os aeroportos de Guarulhos e Congonhas vão servir de laboratório para a TAM testar um canal de atendimento: um totem de videoconferência pelo qual se conversa com os advogados do grupo.

    A ideia é evitar que os problemas entre a empresa e os passageiros cheguem aos juizados de causas especiais que ficam nos aeroportos. Há um acordo da empresa com a Justiça para tentar não sobrecarregar os tribunais.

    O cliente vai acionar o totem e um advogado aparece. O funcionário deve apurar os fatos e tentar resolver o problema no momento.

    "Se eles chegarem a um acordo, o texto será redigido pelo advogado, impresso pelo cliente no totem e levado ao juiz para homologar", diz Aline Messias, da TAM.

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    Hora do Café

    Editoria de arte/Folhapress
    Mercado aberto

    com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS, ISADORA SPADONI e FELIPE GUTIERREZ

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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