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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Calçadistas perderam US$ 260 mi na Argentina

    20/12/2015 03h00

    O setor calçadista brasileiro perdeu cerca de US$ 260 milhões em exportações para a Argentina desde 2012, quando o país vizinho dificultou a entrada dos produtos, segundo dados da Abicalçados (entidade do setor).

    Por meio das DJAIs (Declaração Jurada Antecipada de Importação), o governo da presidente Cristina Kirchner criava barreiras burocráticas para conter a entrada de mercadorias de fora.

    Com a posse do oposicionista Mauricio Macri, o novo ministro da Produção, Francisco Cabrera, anunciou a retirada da obrigatoriedade das declarações até o dia 31 deste mês, o que foi recebido com entusiasmo pelos brasileiros.

    "As mercadorias ficavam até 240 dias a espera de liberação, algumas empresas simplesmente desistiam de vender para lá", diz Heitor Klein, presidente da Abicalçados.

    "Para o setor de moda era uma situação difícil. Muitas vezes, o lojista de lá não comprava, por não acreditar que iria receber a encomenda", afirma Rafael Schefer, executivo e filho do fundador da calçadista West Coast.

    Os argentinos respondem atualmente por cerca de 25% das exportações do grupo Priority, que também reúne a marca Cravo & Canela e espera uma melhora significativa nas vendas aos vizinhos.

    A abertura que favorece os brasileiros, no entanto, não deverá ser percebida já nos próximos meses, na visão da Abicalçados, pois a desvalorização do peso argentino enfraquece o poder de compra dos importadores.

    O comércio de calçados do Brasil à Argentina deverá atingir US$ 90 milhões até o fim deste ano, após fechar 2014 em US$ 81,7 milhões. Em 2011, antes da criação da barreira, as vendas ficaram próximas a US$ 200 milhões.

    PASSO LENTO - Vendas de calçados para a Argentina (em milhões de US$)

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    Saldo de vagas em MPEs piora, mas ainda é positivo no ano

    As micro e pequenas empresas contrataram 56.240 pessoas a mais do que demitiram entre janeiro e novembro deste ano, aponta uma pesquisa do Sebrae Nacional.

    O saldo positivo contrasta com o número geral da economia, que perdeu 945 mil empregos no período.

    As contratações entre as empresas de micro e pequeno portes, porém, tiveram uma piora nos últimos meses de 2015: em novembro, 20,2 mil postos foram fechadas.

    "Nos últimos quatro anos, o segmento foi responsável por 94% das vagas criadas. Ainda tinha um saldo positivo até o fim deste ano. Mas os últimos três meses começaram a indicar queda", afirma o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.

    No mesmo período do ano passado, os pequenos negócios haviam gerado mais de um milhão de vagas.

    A falta de crédito para as empresas pode piorar ainda mais a situação dos contratados. A solução, para Afif, é diminuir o compulsório dos bancos (dinheiro que fica retido junto ao Banco Central).

    Nas estimativas do Sebrae, uma redução de 20% liberaria R$ 40 bilhões.

    "Quando é oferecido, o capital atual é caro, está em 4,5% a 5% [ao mês]. Com [a liberação do] compulsório, pode-se emprestar a 1,5%."

    NARIZ PARA FORA - Saldo de vagas nas pequenas empresas ainda é positivo

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    No bolso da empresa

    Buenos Aires é a única cidade da América Latina que está entre as 30 mais caras do mundo para expatriados viverem em 2015. A capital ficou na 21ª posição no ranking elaborado pela ECA International, consultoria especializada em expatriação.

    No ano passado, a cidade estava em 121º lugar. O avanço de cem colocações decorreu da alta do peso, que diminuiu o poder de compra dos que recebem em dólar.

    A moeda argentina foi mantida, em 2015, artificialmente elevada pelo governo Kirchner para controlar a inflação. Mauricio Macri, o novo presidente, já permitiu a desvalorização, o que deverá fazer com que a posição da capital mude em 2016.

    Quatro cidades suíças (Zurique, Genebra, Berna e Basileia) ficaram no topo da lista, em que não apareceram brasileiras. Nenhuma localidade da Venezuela foi analisada devido à instabilidade econômica do país.

    TRABALHO NO EXTERIOR - Cidades mais caras para expatriados em 2015

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    Hora do café

    com LUCIANA DYNIEWICZ, FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e CLÁUDIO GOLDBERG RABIN

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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