• Colunistas

    Sunday, 28-Apr-2024 20:56:34 -03
    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Sudeste derruba resultado da saúde complementar

    10/03/2016 03h00

    A perda de clientes de operadoras de saúde na região Sudeste foi mais acentuada do que no resto do país, segundo a ANS (agência de saúde suplementar).

    Em 2015, o saldo entre pessoas que passaram a ter plano e aquelas que deixaram de ser beneficiárias foi negativo em 766 mil no Brasil inteiro.

    Só no Sudeste, esse número foi de 777 mil segurados a menos -ou seja, no geral, o ganho de outras regiões compensaram essa perda.

    PERDA DE VIDAS - Variação nos últimos anos (em milhões)

    "O Sudeste foi o grande responsável pela queda no número geral. Atribuímos isso ao desemprego", diz Solange Beatriz Mendes, presidente da FenaSaúde, a federação das operadoras.

    Beneficiários dos planos coletivos, geralmente funcionários de empresas e seus dependentes, representam cerca de 66% dos atendidos pela saúde suplementar.

    Em números absolutos, houve mais de 400 mil pessoas dessa modalidade que perderam suas coberturas.

    Não há muito que as empresas possam fazer para reverter os números, diz Mendes. "A situação econômica é determinante. O negócio é ligado à renda e ao emprego."

    As seguradoras não podem dar descontos para enfrentar a perda de clientes, pois isso é vetado pela legislação.

    "As maiores empresas, que operam em âmbito nacional, vão tentar conquistar os mercados ainda dinâmicos."

    As regiões Sul e Centro-Oeste são as que continuam a apresentar crescimento.

    PERDA DE VIDAS - Tipo de contratação (em milhões)

    *

    Estado de SP atrasa mais de R$ 100 milhões a construtoras

    O governo de São Paulo tem hoje pagamentos atrasados que ultrapassam R$ 100 milhões a empresas de construção de obras pesadas no Estado. O atraso, segundo o Sinicesp (sindicato do setor), supera 60 dias.

    A queda na arrecadação do Estado já causou, em 2015, a redução no ritmo de investimento do governo em obras de estradas e viadutos, afetando a receita das empresas.

    "Essa prorrogação no cronograma das obras já prejudica porque há custos fixos com manutenção dos canteiros, independentemente da velocidade da obra. Se agora os pagamentos não vierem em dia, fica insustentável", diz Silvio Ciampaglia, presidente do Sinicesp.

    Procurado na terça-feira (8), o Departamento de Estradas de Rodagem disse que deveria pagar R$ 114 milhões na quarta (9), mas não pagou.

    Em nova resposta, o órgão disse que "devido a questões internas da administração, o pagamento de contratos de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento, de R$ 70 milhões, ocorrerá nesta quinta (10)".

    A outra parte do atraso, relativa ao pagamento por contratos do Tesouro do Estado, de R$ 44 milhões, virá na segunda (14), segundo o órgão.

    *

    MENOS TINTA

    Fabricantes de artigos escolares e de escritórios prevêem um ano de estagnação em 2016, afirma Rubens Passos, presidente da Abfiae (associação do setor).

    "A maioria enfrentou queda em torno de 10% nas vendas em 2015 e ajustou os estoques para o mínimo. Se fecharmos o ano estáveis, já vamos comemorar", diz Passos.

    Entre os vendedores de material escolar, o movimento é de segurar aumentos e migrar o portfólio para os itens mais baratos.

    Muitos consumidores abriram mão de comprar itens como mochilas, estojos e lancheiras, que podem ser utilizados por mais de um ano, segundo Passos.

    Como o segmento é muito sazonal, as lojas menores são as que enfrentam maior dificuldade de manter o equilíbrio do caixa.

    "Quem vai crescer nesses anos de crise são os grandes fabricantes e varejistas, que tomarão o espaço do mercado ocupado pelos pequenos", afirma Passos.

    *

    FÔLEGO NOVO

    O começo de ano trouxe breve alívio a grandes redes varejistas. A venda de material escolar cresceu após o desempenho ruim no último trimestre de 2015.

    Nas lojas da Kalunga, o comércio de produtos como cadernos e lápis aumentou 12% no primeiro bimestre em relação ao mesmo período do ano passado, o dobro do previsto.

    Fabio Braga/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 06-04-2015: O socio da rede varejista Kalunga, Roberto Garcia, 54. Foto para a coluna MERCADO ABERTO de Maria Cristina Frias. (Foto: Fabio Braga/Folhapress, MERCADO)***EXCLUSIVO***.
    Roberto Garcia, copresidente da Kalunga

    Como o gasto médio se manteve em R$ 89, a alta foi atribuída ao maior fluxo de clientes na loja.

    "Foi como uma luz no fim do túnel após a retração no fim do ano", afirma Roberto Garcia, copresidente da companhia.

    Nos Armarinhos Fernando, as listas escolares garantiram crescimento nas vendas de 6% em janeiro e 9,5% em fevereiro.

    "A crise acabou nos favorecendo. Muitos clientes que iam a papelarias vieram aqui atrás de itens mais baratos", diz Ondamar Ferreira, gerente-geral.

    Ele cita como exemplo as mochilas. "Vendemos mais modelos em torno de R$ 50 e menos os de R$ 300."

    Para garantir lojas mais cheias, a companhia segurou os preços. "Não se falou em aumento nesse primeiro bimestre."

    *

    DA TERRA DO PAPAI NOEL

    A finlandesa Trafotek, de componentes para geração de energia, investiu R$ 20 milhões na construção de sua primeira fábrica no Brasil.

    A planta, em Itu, interior de São Paulo, vai produzir reatores com refrigeração líquida para uso em usinas eólicas e solares de indústrias.

    A empresa já tinha clientes brasileiros que importavam seus materiais das fábricas na Finlândia ou na Estônia.

    A nacionalização da produção atende a uma demanda dos consumidores, já que a legislação brasileira prevê descontos na tributação de itens feitos com mais de 60% de produtos nacionais.

    A escolha da cidade foi pela proximidade com os clientes da empresa, explica Klaus Franco, diretor da fábrica.

    "O Brasil tem 342 parques eólicos, e a previsão é que a empresa abra outros 165 nesse ano. É um mercado em potencial grande e um ponto de partida para expandir no continente", diz Franco.

    A fábrica, que teve apoio da Investe São Paulo, agência do governo estadual, está em fase de teste de maquinário.

    2.200 m²
    é o tamanho da fábrica da Trafotek em Itu

    25
    funcionários brasileiros nessa primeira fase

    550
    empregados nas instalações da empresa no mundo

    4
    países com fábricas: Finlândia, Estônia, China e agora o Brasil

    *

    Construção
    A perspectiva de desempenho das construtoras e empreiteiras do país para os próximos seis meses segue baixa: de zero a cem, o índice fechou em 31 no último trimestre (de dezembro a fevereiro), segundo a Sinduscon-SP.

    Deita...
    A empresa Colchão Inteligente, que faz produtos personalizados, vai instalar uma fábrica em Orlando, na Flórida. Houve uma parceria com um sócio americano. É a segunda planta fora do Brasil: já há uma na Argentina.

    ...aqui
    A ideia é abastecer franquias da marca originária de Campo Bom (RS) nos Estados Unidos. Hoje, existem duas lojas que vendem os produtos da empresa. Há pontos também na Argentina, Portugal, México e outros países.
    Consumo... A confiança do consumidor brasileiro caiu de fevereiro para março, aponta o instituto de pesquisas Ipsos. O índice está em 34,5, um dos mais baixos dos últimos doze meses. Dezembro foi o recorde negativo, com 33,6.

    ...e emprego
    O índice é resultado de um cálculo que leva em conta o que os respondentes acham das condições atuais, expectativas, investimentos e segurança no trabalho -a única que apresentou uma leve melhora.

    Para crianças
    O grupo Prepara investiu R$ 5 milhões para expandir sua rede de franquias com uma escola de inglês para crianças. O número de unidades deve subir de quatro para 32 até o final do ano. Destas, 15 estão confirmadas.

    *

    HORA DO CAFÉ

    Editoria de Arte/Folhapress
    Charge Mercado Aberto de 10.mar.2016

    com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS, TAÍS HIRATA e MÁRCIA SOMAN

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
    Escreve diariamente,
    exceto aos sábados.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024