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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Faculdades dão crédito próprio para reter alunos

    17/04/2016 03h00

    Grupos de educação superior aumentaram o volume de empréstimos com recursos próprios para não perder alunos, algo que ronda o setor desde que o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) encolheu, no ano passado.

    No Grupo Kroton, os estudantes com contratos do Fies caíram de 27,8% para 24,5% entre 2014 e 2015.

    Os números de 2016 ainda não foram fechados, mas até 25% do total de alunos devem aderir ao financiamento da faculdade, diz o presidente Rodrigo Galindo. Os dados de 2015 apontavam que cerca de 4% tinham esse empréstimo.

    "O balanço da Kroton subsidia os bolsistas e está longe de alcançar o limite."

    Pelo programa, os estudantes pagam uma porcentagem da mensalidade. O aluno tem até quatro anos para quitar, após formado, pelo valor vigente no momento.

    No Fies, a condição é diferente: o aluno paga até R$ 150, trimestralmente, e tem 12 anos para acabar com o saldo devedor.

    Como o negócio da empresa não é emprestar recursos, eles procuram um acordo com uma instituição financeira. "Já temos um memorando de entendimento assinado", afirma Galdindo.

    A Cruzeiro do Sul Educacional vai lançar um programa como esse no segundo semestre, diz Wilson Diniz, diretor de marketing.

    Hoje, o grupo tem um acordo com a Ideal Invest, que financia metade das mensalidades. "O aluno paga após a formatura. A universidade banca juros de 1,65% ao mês."

    Karime Xavier - 20.dez.2010/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, BRASIL, 20-12-2010, 11h00: Rodrigo Galindo, diretor de ensino superior da Kroton Educacional, posa para foto. (Foto: Karime Xavier/Folhapress, MERCADO ABERTO)
    Rodrigo Galindo, presidente do Grupo Kroton

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    Do ex para o atual

    Escolas privadas de ensino superior de menor porte que gerenciam fundos para estudantes notaram aumento nos pedidos por crédito.

    No Instituto Mauá, a demanda aumentou 25% de 2014 para o ano passado e, neste semestre, 19%.

    Quem recebe bolsas parciais precisa começar a pagar depois de um ano de formado. Dessa maneira, os ex-alunos financiam os atuais.

    "A inadimplência dos formados já foi de 2%. Em 2015 foi maior, de 6,28% , mas é compreensível", afirma o reitor, José Carlos de Souza Jr.

    No Insper, houve um aumento de 30% entre 2014 e 2015 (ainda não há dados finais a respeito deste ano).

    "Nós estabelecemos uma meta de captação para o ano de R$ 4,6 milhões destinados a essas bolsas", afirma Camila Du Plessis, do Insper.

    Na FGV, a demanda por bolsas e a inadimplência ainda não se alteraram, diz o professor Arthur Ridolfo Neto, que coordena o programa.

    "Acredito que no segundo semestre a situação vai se agravar, mas o fundo tem recurso, e a escola está preparada para isso."

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    Santo de casa

    A francesa Saint-Gobain conseguiu reduzir em 20% seus custos em dólar, ao deixar de importar insumos e reajustar as formulações dos produtos que a empresa fabrica no Brasil.

    A desvalorização progressiva do real desde 2015 contribuiu diretamente para a substituição de importações.

    "Como lidamos com materiais pesados, o que torna a exportação mais difícil, produzimos basicamente para o mercado local", afirma Thierry Fournier, presidente da multinacional para Brasil, Argentina e Chile.

    A companhia vai inaugurar na terça-feira (19), em Capivari (a 137 km de São Paulo), um centro de pesquisas de materiais, o oitavo do grupo em atividade no mundo. A estimativa é de um investimento de R$ 55 milhões.

    "O complexo será especializado em desenvolver produtos de construção e aplicações industriais feitos para a demanda local."

    O que é vendido no país hoje precisa ser adaptado ao clima local, diz Fournier. Com o avanço das pesquisas, o mercado brasileiro poderá receber lançamentos mais rapidamente.

    Karime Xavier - 3.dez.2014/Folhapress
    SÃO PAULO / SÃO PAULO / BRASIL -03 /12/14 -11 :00h - Retrato de Thierry Fournier, presidente da multinacional francesa Saint-Gobain para Brasil, Argentina e Chile.. ( Foto: Karime Xavier / Folhapress). ***EXCLUSIVO***MERCADO ABERTO
    Thierry Fournier, presidente da multinacional de origem francesa

    170 MIL
    é o total global de funcionários do grupo, 17 mil deles no Brasil

    57 FÁBRICAS
    tem a multinacional no país; na América do Sul, são 70 unidades

    66
    é o número de países em que a companhia francesa opera

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    Imóvel em caixa

    O BTG Pactual vai distribuir R$ 400 milhões do caixa a cotistas de um fundo imobiliário que o banco gerencia.

    Uma parcela desse dinheiro veio das vendas de cinco imóveis de uso corporativo, que foram concretizadas nos últimos 18 meses.

    Além disso, parte do volume que os cotistas aportaram em 2013 nunca foi investido em edifícios, mas ficou no caixa e foi remunerado com juros, que subiram.

    O banco distribuiu recursos por entender que há expectativa de queda da taxa de juros e estabilização dos preços dos imóveis.

    A cota do fundo vem sendo negociada abaixo do valor patrimonial. Os pagamentos serão efetuados em dois momentos no próximo mês, de acordo com o BTG.

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    Bife à moda árabe

    Com a retomada das exportações de carne bovina à Arábia Saudita, no fim de fevereiro, as vendas ao país já somam US$ 12,8 milhões (R$ 45 milhões) neste ano.

    O embargo ao produto, aplicado em 2012, foi derrubado em novembro de 2015.

    "A expectativa é que o mercado chegue a ao menos US$ 150 milhões [R$ 529 milhões] por ano", afirma o secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby.

    A JBS, que participou das primeiras remessas, calcula um potencial à empresa de 30 mil toneladas por ano.

    A Minerva, que manteve as vendas por meio de plantas na América Latina, também já retomou as exportações desde o Brasil.

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    Liderança... Alexandre Campos Lyra, CEO da Vallourec Tubos do Brasil, assume em junho a presidência do conselho-diretor do Instituto Aço Brasil. A produção brasileira de aço bruto deve fechar este ano 1% menor que em 2015.

    ...na crise A expectativa é de queda nas vendas internas de produtos siderúrgicos de mais de 4%. A exportação, que poderia aumentar a capacidade instalada, sofre com a dificuldade de competir com o aço subsidiado chinês.

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    Hora do café

    Editoria de Arte/Folhapress
    Charge Mercado Aberto de 17.abr.2016
    charge

    com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
    Escreve diariamente,
    exceto aos sábados.

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