• Colunistas

    Friday, 17-May-2024 08:26:15 -03
    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Com produção ociosa, setor de biodiesel compensa saída da Petrobras

    16/10/2016 03h00

    Com uma ociosidade de cerca de 50% na produção de biodiesel no país, a saída da Petrobras do mercado não deverá gerar problemas de abastecimento, apontam empresas e entidades do setor.

    O volume comercializado pelos leilões bimestrais da ANP (agência reguladora) diminuiu 4,6% no acumulado de janeiro a agosto deste ano, em comparação com igual período de 2015.

    A participação da Petrobras Biocombustível foi de 7,3% em 2016 -fatia que deverá cair até dezembro, com a saída de uma das três unidades da estatal dos próximos certames.

    "Hoje, a capacidade instalada das companhias tem condição de suprir o mercado, mesmo com o aumento da demanda previsto por lei", afirma Erasmo Battistella, presidente da Aprobio (associação de produtoras) e da BSBIOS.

    Em março deste ano, foi sancionada a norma que prevê altas paulatinas da porcentagem de biodiesel no combustível: em 2017, será de 8%; em 2018, de 9%. A taxa poderá chegar a 15% em 2020.

    Com o mercado em potencial, a provável venda dos ativos da empresa gera expectativa no setor.

    "É uma oportunidade para interessados [nas plantas]. Há empresas grandes no país e gente de fora que está de olho nesse nicho", diz o superintendente da Ubrabio (união do setor), Donizete Tokarski.

    As companhias aguardam um posicionamento da estatal, afirma Battistella. "Ainda não se definiu como e quando a empresa irá se desligar do setor."

    TANQUE MISTO - Entregas de biodiesel de algumas das produtoras, entre janeiro e agosto de 2016*

    *

    Caiu na rede

    A Frescatto, empresa de pescados, vai investir R$ 25 milhões no próximo ano para ampliar seu parque fabril, em Duque de Caxias, no Rio.

    "Vamos modernizar a planta e expandir o espaço de estocagem", afirma Thiago De Luca, um dos donos do negócio familiar.

    Além disso, serão destinados cerca de R$ 5 milhões a um novo centro de distribuição em Brasília.

    O faturamento da companhia cresceu 10% no ano passado, puxado pela alta do número de clientes e da diversificação de produtos.

    "Em São Paulo, aumentou muito nosso fornecimento a restaurantes e mercados em 2015, mas ainda há potencial de expansão."

    Outro foco será a ampliação da rede de butiques onde a empresa comercializa porções prontas para levar e peixes importados, "que dificilmente se encontram no mercado", diz ele.

    Hoje, há uma loja do gênero, no Leblon (RJ). Outras três unidades deverão ser abertas em 2017 -ao menos uma delas, em São Paulo.

    R$ 560 milhões
    foi o faturamento bruto da Frescatto em 2015

    2 polos industriais
    tem a empresa, além de seis centros de distribuição no país

    *

    Processo no STF pode elevar ISS de advogados em mais de 200%

    Uma disputa que chegou ao Supremo Tribunal Federal entre a OAB/RS e a prefeitura de Porto Alegre poderá elevar o ISS (Imposto Sobre Serviços) que as cidades cobram de sociedades de advogados.

    Uma lei federal de 1968 estabelece a tributação municipal de uma alíquota fixa por sócio. A prefeitura entende que os sócios de bancas devem pagar uma porcentagem do faturamento.

    Na capital gaúcha, isso implicaria incremento de 208% nessa tributação de escritórios de direito, que chegaria a cerca de R$ 7,4 milhões ao mês, segundo André Butzen, diretor de receita mobiliária da prefeitura.

    O STF determinará se as cidades podem regulamentar a lei de 1968. "A regra federal é uma norma, mas a resolução é de competência do legislador municipal."

    "Há preocupação pelo atual momento de crise, pois pode pesar na decisão uma sensibilidade do Supremo em relação aos cofres municipais", diz Gabriela Miziara, do Siqueira Castro.

    *

    Números à mesa
    O faturamento das redes de alimentação fora de casa cresceu 8,2% em setembro, em relação ao mesmo mês de 2015, segundo estudo do Instituto Foodservice Brasil (que representa o setor), realizado pela consultoria GS&.

    A elevação de 9,6% do tíquete médio é a responsável pelo bom desempenho desse segmento, que viu as visitas às lojas caírem 1,4% no período.

    "Com a crise, as famílias vão aos restaurantes com menor frequência, mas gastam mais, seja em razão do aumento dos preços ou do consumo", diz Eduardo Yamashita, diretor da consultoria.

    O número de pontos de venda também expandiu em setembro: 7,7% em comparação com 2015. "Apesar da queda no movimento, as grandes redes entendem que ainda há demanda reprimida no segmento", afirma Yamashida.

    Fora de casa - Variação do faturamento do setor de food service no terceiro trimeste, em %*

    *

    Hambúrguer caipira

    A decisão do Burger King e do McDonald's de comprar apenas ovos de galinhas caipiras vai gerar uma demanda maior e estimular essa produção granjeira.

    A afirmação é de Reginaldo Morikawa, presidente da Korin e da associação de avicultura alternativa, que diz esperar que mais restaurantes acompanhem a tendência.

    Os produtores atuais precisam se adaptar para conseguir criar galinhas soltas, que requerem mais espaço.

    A produção por galinha não difere muito entre as produções de ave solta ou confinada, ele afirma. Ela varia entre 0,70 e 0,95 ovo por dia. "Os recursos usados são bastante diferentes", diz.

    O espaço de criação e a ração geram mais despesas, diz José Bottura, diretor da associação paulista de avicultores. "A galinha solta consome muito mais."

    DA GEMA - Produção de ovos no Brasil, em toneladas

    *

    Hora do café

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
    Escreve diariamente,
    exceto aos sábados.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024