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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Endividamento alto das companhias deve retardar recuperação econômica

    03/11/2016 03h00

    O elevado endividamento das companhias brasileiras deverá ser mais um obstáculo à melhora de resultados nos próximos trimestres.

    Para alguns economistas, com os fortes cortes que as empresas fizeram nos custos, uma pequena melhora nas vendas já poderia permitir um salto às companhias.

    Essa não é a opinião de Jorge Simino, diretor de investimentos da Funcesp, que afirma considerar que as companhias não estão "tão bem azeitadas assim".

    "Demitiram, otimizaram a logística, mas o custo financeiro está na lua", lembra.

    Sem crescimento de vendas e redução de juros, as grandes empresas não diminuem o endividamento financeiro.

    "Todas as variáveis não financeiras estão mais ajustadas, mas tem um estrangulamento financeiro, salvo para quem tem dívida atrelada ao câmbio, porque o real se valorizou", afirma ele.

    "Para chegar a juros de um dígito, talvez em 2018, precisa ter uma reforma [da previdência] que não seja uma 'reforminha'", diz.

    Uma melhora significativa nos resultados é esperada do segundo trimestre para o terceiro de 2017, com a Selic mais "palatável, o emprego deixando de piorar e a roda do consumo comece a girar, ainda que bem devagar."

    Para o experiente gestor de recursos, entre empresas da Bolsa com potencial de reação acima do estimado, estão as de celulose e a Vale - exportadoras, e esta se beneficiou de alta do minério de ferro.

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    Sorriso largo

    A rede de clínicas odontológicas Sorrisus investirá R$ 20,5 milhões em dez laboratórios de próteses e dez centros de treinamento para franqueados no ano que vem.

    Hoje são 40 unidades de atendimento abertas, mas 132 já foram vendidas, cinco delas em Portugal. A expectativa é inaugurar todas até o próximo semestre e faturar R$ 50 milhões em 2017.

    "Os imóveis estão mais baratos, e há profissionais qualificados por menor preço", diz Marcelo Miranda, presidente da Saudalys Franchising, dona da marca.

    "O crescimento não será tão intenso quando o Brasil atravessar essa crise, a concorrência aumentar e as oportunidades diminuírem."

    As concorrentes Sorridents e OdontoCompany também planejam aportes, de R$ 2,5 milhões cada.

    A primeira, que prevê receita de R$ 237 milhões e 230 unidades para o ano que vem, melhorará o treinamento de franqueados, enquanto a segunda, com projeção de alcançar 230 clínicas em 2017, investirá em tecnologia.

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    Nos próximos capítulos...

    A Somos Educação, que controla as editoras Ática, Scipione e Saraiva, deteve 37,3% das compras de livros didáticos do governo federal para 2017, aponta a Abrelivros, entidade do setor, que compilou as contratações das escolas.

    O grupo está hoje em negociação com o Ministério da Transparência e a Controladoria-Geral da União, após identificar práticas ilícitas por parte de funcionários que atuavam no programa nacional de livros didáticos.

    As tratativas não deverão impactar o mercado a curto prazo, afirma a presidente da associação, Vera Cabral. "Não trabalhamos hoje com a perspectiva de que a Somos seja considerada inidônea."

    Após a aquisição da Saraiva, no fim de 2015, a empresa ampliou consideravelmente sua participação nas compras governamentais.

    Em 2014 -último ciclo de reposição de livros para o Ensino Fundamental 2, que será o mesmo contemplado pelo programa no ano que vem- a fatia era de 21%.

    Procurada pela coluna, a Somos não quis se manifestar.

    livros

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    Com calma no cartão

    A porcentagem da população que se comprometeu com compras em parcelas diminuiu, aponta a Ipsos, que fez uma pesquisa encomendada pela Fecomércio RJ.

    No mês de agosto, 33% dos brasileiros tinham prestações a pagar, 13,5 pontos percentuais abaixo da média histórica, que é de 46,5%.

    O dado pode refletir uma preocupação maior dos consumidores em não fazer dívidas por causa do cenário econômico, segundo a entidade.

    Entre os que fizeram financiamentos, o carnê é a forma mais comum de dívida, seguido pelo cartão de crédito.

    Pagar empréstimos antigos é o principal motivo que faz alguém tomar mais crédito, seguido de compra de roupas.

    Entre as famílias entrevistadas, 17% afirmaram que sobra algum dinheiro no fim do mês, e, entre essas, a maioria (69%) investe os recursos.

    cartao

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    Transporte... A BgmRodotec, de sistemas de gestão para transportadoras, vai investir R$ 20 milhões no ano que vem em uma plataforma de informações em nuvem.

    ...nas nuvens A companhia, que tem hoje 2.000 clientes, também planeja fazer aquisições de empresas de tecnologia, para agregar soluções inovadoras.

    Passageiros... Em média, os brasileiros demoram 40 minutos para chegar ao local de trabalho e tempo semelhante para voltar, aponta a Alelo, empresa de benefícios.

    *no chão... * A maior parte dos empregados (65%) mora dentro de um raio de 20 quilômetros de distância do serviço. O gasto mensal com transporte público é de R$ 209.

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    Hora do café

    com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
    Escreve diariamente,
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