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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Sky cobra igualdade de condições tributárias com Netflix

    20/02/2017 03h00

    Elise Amendola/AP Photo

    A lei que poderá obrigar a AT&T a abrir mão do controle da Sky é antiquada, segundo o presidente da Sky, Luiz Eduardo Baptista. A legislação do setor, diz ele, terá de mudar para se adaptar à realidade do mercado de mídia.

    No Brasil, um mesmo grupo é proibido de produzir e distribuir conteúdo. Esse seria o caso da AT&T, detentora de 93% do capital da Sky, caso se concretize a aquisição da Time Warner, dona de canais como HBO e Warner.

    Independente da transação, as regras no país e no mundo deverão se adequar para evitar desequilíbros no setor, afirma o executivo.

    "A Netflix, por exemplo, produz conteúdo e entrega na sua casa. Quando a lei foi criada, não havia Netflix, mas hoje é uma realidade", diz.

    "O que espero é que as regras sejam aplicadas a todos. Vamos questionar as autoridades para que isso não gere assimetrias no futuro. Isso é absolutamente legítimo, o mundo está se movendo mais rápido que as instituições."

    Ele também critica a desigualdade na tributação.

    "[A Netflix] tem milhões de assinantes aqui, mas nenhuma autoridade cobra deles o que nos cobram, ISS, ICMS. O argumento é que não há mercadoria circulante. E meu satélite circula, por acaso?"

    Apesar das queixas, Baptista diz acreditar que a retração do mercado em 2016 se deu pela crise econômica e que o streaming não matará a televisão por assinatura. "Você não vê futebol ou shows ao vivo na Netflix."

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    Voltamos à nossa programação normal

    Os investimentos feitos pela Sky no Brasil vão continuar em 2017, na avaliação do presidente da empresa, Luiz Eduardo Baptista. A companhia planeja investir R$ 1,5 bilhão no país em 2017.

    "Em qualquer cenário, seja abertura de capital ou venda, temos de estar saudáveis. Ninguém tem interesse em comprar um negócio que está mal, sem perspectiva", afirma o executivo.

    "O que está em jogo é quem controlará os negócios [da AT&T], como a Sky. Para nós, a vida segue normalmente, não estamos envolvidos nos processos."

    A companhia, que investiu R$ 1,3 bilhão entre 2014 e 2016 no lançamento de um satélite e na inauguração de um centro de transmissão, deverá manter seus aportes em estrutura e novos canais. O valor previsto para essas áreas em 2017 é de cerca de R$ 1,2 bilhão.

    Além disso, a companhia tem planos de crescer no segmento de banda larga, que atualmente tem baixa participação no negócio —cerca de 15% da operação de televisão por assinatura.

    Em 2017, ao menos R$ 300 milhões serão destinados a torres e aparelhos de recepção no país, diz Baptista.

    "A demanda hoje é maior que nossa capacidade, a instalação de estrutura é um processo caro. Nossa estratégia, de expandir em áreas com poucas opções de banda larga, onde a concorrência é menor, se mantém."

    O serviço é oferecido em 119 cidades distribuídos por 23 Estados e Distrito Federal.

    RAIO-X - Sky

    US$ 3,5 bilhões
    faturou a empresa em 2015

    2.000
    são os funcionários diretos, além de outros 40 mil colaboradores

    5,5 milhões
    são os assinantes de TV por assinatura

    300 mil
    é o número de clientes do serviço de banda larga

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    Caminhões perdem mais carga que outros transportes

    A crise afetou o transporte de carga via terrestre de maneira mais intensa que pelas vias aérea e aquaviária, aponta a consultoria TCP Latam, com base em dados do IBGE.

    Enquanto caminhões movimentaram 10,6% a menos em 2016, os aviões levaram 0,8% a mais de mercadoria nesse mesmo período.

    O tipo de carga transportada pelo ar é de alto valor agregado e regido por forças econômicas diferentes dos outros, segundo Maurício Emboaba, consultor da Abear (associação das aéreas).

    Indicadores dos transportes terrestres variam muito com o varejo, segundo Ricardo Jacomassi, diretor da TCP.

    "Há caminhões ociosos. Esperamos queda de 2% no preço do frete, e as transportadoras devem enfrentar alta de 5,5% do diesel."

    Vendas de veículos deverão sofrer: 45% das empresas do setor não vão comprá-los, diz Bruno Batista, diretor-executivo da CNT (confederação dos transportes).

    "Antes da crise, as transportadoras tiveram boas ofertas de crédito para adquirir caminhões. A economia esfriou, e os carros ficaram no pátio."

    EXAGERADO, JOGADO AOS SEUS PÉS - 'PIB' dos transportes varia mais que a economia

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    Padrão nacional

    A CBIC, câmara da indústria de construção, planeja lançar um indicador nacional do segmento em maio. Hoje, a mensuração do volume de negócios do mercado imobiliário fica a cargo de órgãos regionais, como o Secovi-SP.

    Não há um padrão que determine a forma que variáveis como número de unidades em oferta e vendidas ou faixas de preços sejam medidas.

    "A ideia é estabelecer uma referência. As vendas de imóveis, por exemplo, devem ser coletadas só entre as incorporadoras associadas ao sindicato ou do mercado inteiro?", pergunta José Carlos Martins, presidente da CBIC.

    O setor sofre com a carência de dados, segundo ele.

    A pesquisa servirá para entender quais mercados regionais estão mais pujantes —apesar de não ter dados, sabe-se que as diferenças entre as capitais são grandes, afirma.

    Por enquanto, 17 Estados serão contemplados no indicador, mas, progressivamente, outras cidades deverão ser acrescentadas ao índice.

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    Produção... A Korin Agropecuária investirá R$ 7,5 milhões na sua operação em 2017. Cerca de 75% irá para a expansão da armazenagem e produção em uma fábrica de ração.

    ...orgânica Em 2016, impulsionada pelas exportações para Hong Kong, a empresa faturou R$ 133 milhões só com a venda de frangos orgânicos, uma alta anual de 23%.

    Sem carne A Superbom, fabricante de alimentos veganos e para intolerantes a glúten e lactose, vai investir R$ 5 milhões neste ano para desenvolver novos produtos.

    Desconfiança Quase metade (47%) dos brasileiros confia na capacidade de empresas para proteger dados financeiros, acima da média global de 43%, aponta a ACI e a Aite.

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    Hora do Café

    com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
    Escreve diariamente,
    exceto aos sábados.

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