• Colunistas

    Sunday, 05-May-2024 23:29:03 -03
    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Governo vai anunciar no 2º semestre leilões de óleo e gás de 2018 e 2019

    27/03/2017 02h30 - Atualizado às 15h19

    Alan Marques/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 27.06.2016. Os ministros de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho; e do Transporte, Maurício Quintella, convesam antes da chegada do presidente interino da República, Michel Temer, que fez reunião com ministros do Núcleo de Infraestrutura e líderes do governo, no Palácio do Planalto. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    Fernando Coelho Filho, ministro de Minas e Energia

    "Queremos anunciar no segundo semestre deste ano os leilões de óleo e gás de 2018 e 2019 porque isso dá previsibilidade para que as empresas possam se organizar", disse o ministro Fernando Coelho Filho (Minas e Energia) à coluna, sem informar quais serão as áreas.

    Coelho Filho afirmou estar confiante que a extensão do Repetro (regime aduaneiro especial do setor) saia ainda neste mês ou nos primeiros dias de abril.

    "Não podemos escolher a empresa A ou B. Torcemos pela Petrobras, mas a prioridade do governo é gerar emprego, renda e arrecadação para o país", disse sobre dar preferência à estatal.

    O ministro comentou também que o preço da energia deverá subir neste ano.

    "Vai ter ao longo de 2017 o acionamento de bandeira tarifária amarela, ou possivelmente, vermelha, pelo custo da geração", afirmou.

    *

    ÓLEO E GÁS
    Queremos anunciar neste ano os leilões de 2018 e 2019, porque isso dá uma previsibilidade para que as empresas possam se organizar. Agora há a possibilidade de companhias serem operadoras, precisam de um esforço financeiro maior. Em abril, vamos anunciar o leilão de novembro. E daí teremos todas as áreas deste ano anunciadas.

    REPETRO
    A expectativa é que saísse em março. O atual regime está vigente até 2019. As empresas querem que os leilões ocorram com o prazo de mais vinte anos anunciados. Isso dá segurança e tranquilidade maiores às companhias que vão participar do leilão.

    O primeiro, em maio, é de área terrestre, não há tanta necessidade do Repetro porque tem alto percentual de conteúdo local. Ele será importante para o de junho —segunda rodada do pré-sal.

    CONTEÚDO LOCAL
    Sabíamos que a nova política de conteúdo local geraria alguma insatisfação. No nosso entendimento, pode ser que nem todos concordem, a nova política local tem benefícios para a indústria de óleo e gás e outros [segmentos]. Teremos um percentual mais exequível do que no passado, nossas empresas têm como atender a preços competitivos e acabamos com o waiver [pedido de perdão pelo não cumprimento da regra], que soma hoje cerca de R$ 80 milhões.

    Libra [na Bacia de Santos]está na pauta. A diferença entre a contratação com o conteúdo local e a compra no exterior é de quase 40% —de R$ 800 milhões para mais de R$ 1,1 bilhão. Com o barril a US$ 50, a exploração se inviabiliza. O presidente Pedro Parente diz que sem uma solução, paralisa o projeto, pois deixa de ser interessante.

    A política [de conteúdo] é importante, mas se for por prazo indeterminado não fortalece a indústria. Queremos que forneça equipamentos também a outros países.

    O percentual de conteúdo local está dado —a grosso modo se reduz a 50%.

    Continua com a multa alta, mas com incentivo para pagamento. Não adianta ter R$ 20 bilhões de multas e ninguém pagar, mas também não pode ser baixa demais que compense o desembolso.

    ANGRA
    A ideia do governo é concluir a obra. Já foram investidos cerca de R$ 8 bilhões. Precisa de R$ 7 bilhões que a Eletrobras não tem para colocar, nem o governo federal. É energia importante, dá segurança ao sistema.

    Uma alternativa talvez fosse buscar um parceiro. A legislação não proíbe que empresa privada toque usinas nucleares? A Eletronuclear seria a responsável por gestão e manuseio do combustível, e o parceiro seria o acionista majoritário, responsável pelo funcionamento.

    Estamos estudando. Não vejo no curto prazo o governo investindo em novas usinas —nuclear ou hídrica.

    O Brasil está voltando a crescer, precisa de investimentos em energia e se não dermos o sinal econômico correto, a iniciativa privada não investirá.

    BANDEIRA VERMELHA
    Não temos risco de desabastecimento. O problema é que pelo sexto ano vivemos uma seca severa, e neste ano uma chuva que não foi lá essas coisas no Sudeste.

    A energia hídrica, que é a mais barata e a que tem maior percentual do sistema, não será suficiente. Isso faz com que a gente tenha de gerar térmica, que é mais cara.

    BELO MONTE/ABENGOA
    A energia de Belo Monte está paga, mas não tem como tirar de lá. A empresa enfrenta dificuldade, não tocou as suas obrigações. [Em recuperação judicial, a Abengoa é responsável pelo pré-linhão, que vai escoar energia para o Nordeste].

    A Aneel tenta decretar a caducidade das linhas e devolver os lotes à União. Há uma decisão na Justiça do Rio de Janeiro. Quando conseguirmos, colocaremos os lotes de volta ao mercado. Não sei quando. Está judicializado, não está no nosso controle.

    LEILÃO DE TRANSMISSÃO
    O primeiro foi completamente diferente dos leilões que tinham pouca adesão [obteve 92% dos R$ 12,6 bilhões que o governo esperava contratar]. No dia 24, deverá se realizar outro —mais R$ 13 milhões de investimentos.

    Para o próximo, poderemos seguir regra que se pensa para o de rodovias: se o deságio for muito grande, tem de aumentar a garantia —para evitar outro caso Abengoa, de dar um deságio de 40%, e depois não conseguir executar. Possivelmente no segundo semestre, deveremos ter novos leilões de renováveis, térmicas, a gás e outras fontes.

    Raio-x

    Nascimento
    28 de fevereiro de 1984, em Recife (PE)

    Formação
    Administração de empresas

    Carreira
    Filho do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), foi o deputado federal mais jovem eleito em 2006, com 22 anos. Reeleito por dois mandatos, assumiu a liderança do PSB em 2015, até se tornar ministro de Minas e Energia

    *

    Compra alemã

    A Bertelsmann, um conglomerado alemão que atua em setores como educação, editorial e fonográfico, comprou uma fatia de 41,5% da empresa brasileira Intervalor.

    Como os alemães já possuíam 40% do negócio, adquiridos em 2015, agora possuem 81,5% do capital social.

    O valor da transação foi de R$ 125 milhões, segundo fontes de mercado.

    A situação da economia agravou-se desde a venda da primeira parcela para a Bertelsmann, o que teria depreciado o valor da companhia. Luis Carlos Bento, presidente da Intervalor, continuará no cargo, apesar de os fundadores já não terem mais o controle do negócio.

    A principal atividade da empresa é a cobrança de inadimplentes em contas como as de celular e TV a cabo.

    Ela dispara ligações de pessoas e de chamadas gravadas responsivas —aquelas em que o usuário dá respostas— aos que atrasaram o pagamento. A Intervalor oferece análise de crédito e identificação de fraudes, entre outros serviços financeiros.

    *

    Ensino... O Centro Universitário Celso Lisboa investirá R$ 20 milhões para inaugurar três campi na Barra da Tijuca, Campo Grande e na Tijuca nos próximos quatro anos.

    ...fluminense A projeção da instituição de ensino carioca é aumentar o número de alunos, hoje em 7.500, para cerca de 22 mil. Os recursos serão próprios.

    Indústria A fabricante de revestimentos sintéticos Cipatex investirá R$ 10 milhões em novos sistemas tecnológicos em suas unidades nos EUA, Espanha e Argentina.

    *

    Hora do Café

    com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA, IGOR UTSUMI e LUISA LEITE

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
    Escreve diariamente,
    exceto aos sábados.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024