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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Inadimplência pública empurra logística de saúde para setor privado

    20/04/2017 02h30

    Após problemas de inadimplência com Estados e municípios, empresas que fazem a logística de medicamentos para a rede pública de saúde têm migrado para outros mercados.

    "Chegamos a manter operações por seis meses sem pagamento, até rescindir o contrato", afirma Roberto Vilela, presidente da RV Ímola, que atua ou já atuou em governos em São Paulo, Minas, Amazonas e Mato Grosso.

    Atualmente, a companhia tem cerca de R$ 20 milhões em dívidas, segundo ele.

    No Rio de Janeiro, foram dez meses de inadimplência, afirma Mayuli Fonseca, diretora da Unihealth, que até o ano passado tinha contrato com o Estado.

    "Estamos em processo de reconhecimento da dívida. O pagamento deverá vir por precatórios, mas não há um prazo", diz a executiva. A companhia, que atuou na região por cinco anos, decidiu não participar de novo edital.

    Procurada, a secretaria de Saúde do Rio não respondeu.

    Algumas empresas fecharam ou abandonaram o segmento, segundo Fonseca —em geral, aquelas com menos fluxo de caixa para suportar atrasos de pagamento ou cujo negócio principal não era logística em saúde.

    Mesmo as que decidiram se manter no setor têm buscado diversificar a carteira.

    A RV Ímola pretende ampliar a participação dos clientes privados na receita: dos atuais 40% para 60% em um curto prazo, afirma Vilela.

    Em 2016, a Unihealth decidiu expandir sua atuação fora do país, com unidades na Colômbia, no Equador e, este ano, no México. Os clientes públicos, porém, ainda representam 65% do negócio.

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    Logística doada

    O plano do prefeito João Doria (PSDB) de distribuir medicamentos em farmácias privadas poderá sair mais caro que o modelo atual, segundo Roberto Vilela, presidente da RV Ímola.

    A empresa participa do consórcio que faz a logística de remédios em São Paulo.

    "A proposta ainda está em estudo na Prefeitura para avaliar até que ponto seria mais rentável", diz ele.

    Um dos entraves seria a instalação de um sistema separado nas lojas para controlar o estoque de remédios e evitar desabastecimentos. "Colocar um funcionário meu em cada unidade seria financeiramente inviável."

    O projeto ainda está em estudo e, por ora, as farmácias das Unidades Básicas de Saúde vão manter sua operação, segundo a prefeitura.

    A distribuição de medicamentos doados por farmacêuticas demandaram, nos últimos dois meses, uma "operação monstruosa", diz.

    Foram 5.000 entregas adicionais —em contrato, estão previstas até 500. Os gastos extras foram doados.

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    Importa pela rede

    Um dos principais motivos pelos quais os brasileiros fazem compras pela internet é adquirir bens do exterior, segundo a KPMG.

    Uma pesquisa global aponta que, na América Latina, 44% das aquisições são de produtos de fora —contra 19% nos EUA, por exemplo.

    A maior parte dos entrevistados da pesquisa na América Latina são brasileiros, diz Marcus Vinicius Gonçalves, sócio da consultoria.

    "Dificilmente um americano ou europeu não tem acesso a algum produto. No Brasil, isso não é verdade."

    O uso de meios de pagamento como PayPal, que possibilitam compra em sites estrangeiros mesmo para quem não tem cartão de crédito válido fora é mais alto aqui.

    Outra diferença é a impulsividade. "No Brasil, 27% dos compradores sentiram a necessidade e fizeram a transação no mesmo dia. Só na África essa média é menor, a média global é de 40%."

    TRANSAÇÕES PELA INTERNET - Importação e frequência de consumo

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    Põe a cara no sol

    A maioria (88%) das empresas brasileiras estende aos cônjuges de casais LGBT os mesmos benefícios concedidos aos heterossexuais, aponta a consultoria Mercer.

    O índice é maior que o da América Latina (83%) e da Europa Ocidental (82%).

    A porcentagem no país deverá aumentar porque 2% daqueles que hoje não dão os mesmos pacotes afirmaram que pretendem mudar de política. Os 10% restantes preferem continuar a não reconhecer casais LGBT.

    "As empresas anteciparam uma mudança que deve acontecer na sociedade em geral. Isso aconteceu porque, se elas quiserem acolher os melhores, haverá profissionais LGBT entre eles", diz Nelson Bravo, consultor da Mercer.

    A pesquisa identificou que 78% das companhias têm políticas antidiscriminatórias.

    MAPA DA IGUALDADE - % de empresas onde os benefícios são iguais para os casais LGBT

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    Na OMC,... O Brasil pedirá a constituição de um painel contra o Canadá, em razão de subsídios do governo central e de Quebec à Bombardier.

    ...pela Embraer A fase de consultas, de tentativa de conciliação, não levou a um entendimento. O Brasil não definiu a data de envio do pedido.

    Seguradora A Sompo lançará um seguro para pessoas com deficiência. O produto cobrirá acidentes e danos com cadeiras de rodas e próteses.

    Volte sempre A gestora de programas de fidelidade LTM investirá R$ 10 milhões em uma nova plataforma na nuvem. O objetivo é aumentar a base de clientes e acelerar a criação dos projetos.

    Conluio Conflito de interesse foi o tipo de fraude mais comum (41,2%) nos 43 casos que ocorreram no Brasil em 2016 analisados pela consultoria Protiviti. Apropriação indébita fica logo atrás, com 39,2%.

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    Hora do Café

    com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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