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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Vendas de unidades de imóveis caem, mas receita global do setor aumenta

    26/04/2017 03h00

    Nelson Antoine/Folhapress
    SAO PAULO, SP, 04.04.2017: ESPECIAIS-ESPECIAL MORAR PERDIZES - Vista da sacada de apartamento na rua Cayowaa, bairro de Perdizes, durante a tarde desta terca feira. (Nelson Antoine/Folhapress, ESPECIAIS) ***EXCLUSIVO FOLHA***

    O número de imóveis residenciais vendidos na cidade de São Paulo caiu 4,5% em fevereiro deste ano na comparação com o mesmo mês de 2016, mas a receita global foi cerca de 13% maior.

    "Não houve valorização imobiliária dessa ordem. O que se conclui é que os imóveis vendidos são mais caros, com tíquete médio maior", diz Flavio Amary, presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação), que fez a pesquisa.

    MENOS CASAS, MAIS DINHEIRO - Variação do número de unidades e receita com vendas

    O mercado atual tem uma presença proporcional mais forte de famílias se comparado do ao passado, afirma Antonio Setin, sócio da construtura que leva seu sobrenome.

    Isso é uma explicação para o aumento do tíquete médio, já que o outro tipo de comprador, o investidor, se interessa mais por apartamentos de poucos quartos.

    Até o fim do ano, com tendência de queda da taxa básica de juros, deve voltar a haver equilíbrio entre os dois tipos de compradores, diz.

    "O investidor é mais reativo aos juros e vai migrar de aplicações para produtos que geram renda e aluguel."

    O Secovi-SP passou a receber mais consultas de interessados em fazer negócios no mercado imobiliário brasileiro neste ano, inclusive por parte de fundos estrangeiros, afirma Amary.

    "A expectativa inicial de crescimento do setor para 2017 é de um número entre 5% e 10%, mas talvez até o fim do primeiro semestre a gente reveja as projeções para cima", diz ele.

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    Licença para exportar

    O governo pretende alterar as regras do regime de drawback –que desonera insumos e equipamentos usados na produção de bens exportados.

    Hoje, é preciso pedir uma autorização a cada operação. A ideia é criar uma concessão única, que daria mais agilidade às companhias com alto volume de exportações.

    "As grandes empresas entram com vários pedidos simultaneamente, o que é custoso e burocrático", diz Diego Bonomo, da área de comércio exterior da CNI (entidade das indústrias).

    As vendas por drawback representaram 22,8% das exportações do país em 2016.

    Em diversos segmentos, porém, a taxa chega a mais da metade do total, como o de carne de frango (66,5% do total), ou de automóveis de passageiros (58,5%).

    O modelo atual –de aprovação por compra– será mantido, segundo o Mdic (ministério da indústria e do comércio exterior). Não há um prazo para a mudança.

    Regime de drawback - Produtos mais exportados, em bilhões de US$

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    Quero fazer um pedido

    A intenção do comércio de ampliar seus estoques teve, em abril, sua primeira alta anual desde 2014, segundo a CNC (confederação do setor). O aumento foi de 2% em relação ao mesmo mês de 2016.

    "Todos os demais indicadores de confiança já haviam tido uma recuperação, apenas o de estoques seguia negativo na comparação anual", afirma a economista da entidade, Izis Ferreira.

    Ainda assim, 31,6% dos comerciantes acreditam que suas reservas estão acima do adequado –a média histórica da taxa vai de 20% a 25%.

    "Essa melhora indica que o pior já passou, mas ainda faltam resultados mais concretos e uma redução do custo do crédito", diz ela.

    Entre novembro de 2016 e fevereiro deste ano, as vendas do comércio subiram 5%.

    Em abril, também cresceu a intenção dos comerciantes de investir na própria empresa –alta de 17,9% na comparação anual– e de contratar funcionários (28,8%).

    GALPÃO CHEIO - Intenção dos comerciantes de renovar seus estoques

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    Fuga de capital

    O Brasil foi o país que mais perdeu posições no ranking de atratividade para investidores estrangeiros em 2017, aponta a A.T. Kearney.

    O país caiu quatro colocações no levantamento da consultoria e ocupa o 16º lugar. Em 2015, estava em sexto.

    Os Estados Unidos seguem na liderança, à frente de Alemanha e China.

    Em 2016, estrangeiros injetaram US$ 50 bilhões (R$ 157,4 bilhões) em negócios brasileiros, contra US$ 65 bilhões (R$ 204,6 bilhões) no ano anterior.

    A queda é reflexo da crise econômica, mas uma nova piora não está descartada, diz Mark Essle, sócio-diretor da companhia no Brasil.

    "O investidor estratégico está muito receoso. Dos 25 países com maior intenção de investimento, 18 são economias maduras", afirma.

    "O ambiente de negócios precisa ser descomplicado. Sem uma reforma microeconômica, o país continuará caindo no ranking, mesmo se vier a crescer 1% ou 2%."

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    Dr. Robô O hospital Moriah investiu R$ 15 milhões em um sistema cirúrgico robótico. O objetivo é realizar cirurgias de forma menos invasiva.

    Ano de... A consultoria BDO pretende ampliar, neste ano, o valor destinado a aquisições. Em 2016, o total gasto foi de R$ 3,5 milhões.

    ...compras A companhia, que acaba de comprar uma auditoria no Rio e negocia outras duas, também planeja investir R$ 10 milhões em tecnologia.

    Limpo A fabricante de itens de limpeza Super Globo Química investirá R$ 16 milhões em sua planta de Minas para ampliar em 50% sua produção.

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    com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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