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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Em eventual renúncia ou cassação, mercado vai de indireta com Meirelles

    19/05/2017 02h30

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 23-03-2017, 12h00: O presidente Michel Temer, acompanhado dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Marcos Pereira (MDIC) durante Cerimônia de lançamento do Novo Processo de Exportações do Portal Único de Comércio Exterior. No Palácio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi o nome mais citado para uma eventual sucessão

    Entre executivos do mercado financeiro e empresários, o nome de Henrique Meirelles (da Fazenda), foi o mais mencionado em um eventual cenário de renúncia ou de cassação do presidente Michel Temer, segundo a coluna apurou.

    A visão predominante é que se deve seguir a Constituição, que determina a eleição indireta após 30 dias de vacância da presidência. O ideal, avaliam, seria uma decisão rápida. Eleições diretas tomariam muito tempo e jogariam o país em mais incerteza e turbulências.

    Meirelles seria o nome ideal para que o empresariado atenuasse seu sentimento de "morrer na praia", depois de os primeiros sinais de recuperação da economia e de chegar tão perto de ver aprovadas as reformas trabalhista e da Previdência.

    Embora a articulação política para o avanço das reformas tivesse ficado com o presidente e outros ministros, a avaliação é que Meirelles teria condições de ampliar seu papel. O fato de Meirelles ter sido presidente do conselho de administração da J&F (holding da JBS), não seria obstáculo, segundo executivos.

    O importante é não pôr a perder o trabalho da equipe econômica, que colocou o país no rumo certo, aprovar as reformas, e não afundar em um caos, opinam. Além das especulações, foi um dia de parar tudo, repensar —e adiar— investimentos e emissões.

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    Multa da JBS é menos de 60% do lucro líquido do ano passado

    Se confirmada, a multa que a JBS terá de desembolsar no acordo de leniência com o Ministério Público, de R$ 225 milhões, será o equivalente a uma fração de menos de 60% do lucro líquido de 2016, de R$ 376 milhões.

    Até agora, foram firmados dez acordos em decorrência das investigações da Lava Jato. Há informações públicas sobre sete deles.

    O acerto do grupo Camargo Corrêa, considerado favorável à construtora por especialistas de mercado, foi de R$ 700 milhões.

    Em 2016, a companhia lucrou R$ 124,6 milhões e, se usar o valor integralmente para pagar a dívida com o Ministério Público, precisaria de mais de cinco anos. O prazo acordado foi de oito anos.

    As maiores multas foram as da Odebrecht e da Braskem -mais de R$ 3 bilhões cada uma. A Braskem teve lucro líquido de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre -ela precisa pagar menos do que o dobro disso em penalidade.

    O último dado anual da Odebrecht é de 2015, um prejuízo de R$ 300 milhões.

    Multas de empresas que fecharam acordo - Valores relativos à operação Lava Jato*, em R$ milhões

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    Território conquistado

    A Cast Group, empresa de tecnologia da informação, prevê investir R$ 50 milhões em três aquisições que deverão se concretizar até o próximo mês, segundo o presidente, José Calazans da Rocha.

    "Os recursos para essas operações estão garantidos. Há ainda planos de comprar outras duas empresas até o início de 2018, mas, com a crise política, há dúvidas em relação à captação."

    O aporte previsto para as novas aquisições, que serão negociadas no segundo semestre, é de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões, diz.

    As compras da companhia são uma forma de expandir a atuação nacional da Cast, que quer aumentar sua presença em Minas, no interior de São Paulo, no Rio de Janeiro e no Paraná.

    Além disso, há planos de investir ao menos R$ 6,4 milhões, neste ano, no desenvolvimento de novos produtos, afirma Calazans.

    R$ 320 milhões
    foi o faturamento da Cast no país no ano passado

    2.000
    são os funcionários da empresa no Brasil

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    Recaída médica

    Uma nova instabilidade política no país pode postergar ainda mais o crescimento do mercado de equipamentos e dispositivos médicos, segundo a Abimed (do setor).

    No primeiro trimestre de 2017, houve queda de 19,1% no consumo aparente, na comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado de 12 meses até março, a retração é de 12,4%.

    "Tivemos um alento com o pequeno sinal de recuperação da economia [alta de 1,1% na prévia do PIB], mas agora voltamos ao compasso de espera", diz Carlos Goulart, presidente-executivo da entidade.

    "Se a economia vai mal, o setor público, sobretudo, compra itens de consumo e adia aportes em equipamentos."

    PIORA NO QUADRO - Desempenho da indústria de dispositivos e equipamentos para a saúde, em %

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    Otimismo reduzido

    O volume de fusões e aquisições no Brasil caiu 2,5% até abril deste ano, na comparação com o mesmo período de 2016, segundo a PwC.

    De ontem para hoje, a consultoria reduziu sua projeção de alta para 2017, mas ainda espera 10% mais operações neste ano —antes, previa 20%, diz o sócio Rogério Gollo.

    "Pode haver uma paralisação temporária, mas as principais reformas serão feitas."

    Do total de transações, 41% envolveram estrangeiros. O número foi 15% menor que há um ano, mas Gollo observa um gradual aumento de interesse dos investidores de fora.

    Fusões e aquisições no Brasil - Número de operações entre janeiro e abril

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    Pânico... As ADRs (certificados de ações emitidas fora dos EUA) da Petrobras caíram 21,47% na quinta-feira (18). Por conta da desvalorização do real, a retração em dólares superou a queda no Brasil, que foi de 15,76%.

    ...em dólares Os papéis do Itaú, que tiveram retração de 12,05% no Brasil, recuaram 18,44% na Bolsa de Nova York. No caso do Bradesco, as ADRs tiveram queda de 19,02%, contra uma redução de 13,11% na Bolsa nacional.

    Em... No Brasil, o setor financeiro foi o que melhor se adaptou a transformações recentes nos negócios, como novas tecnologias e reestruturação de áreas, segundo o BCG.

    ...progresso Cerca de 67% das empresas estão classificadas na faixa mais proativa em relação às mudanças. A área com menos empresas nesse nível é energia (21%).

    Adia... O mercado de dólar turismo travou no começo da quinta(18), até surgir uma referência de preço, diz Wilson Nagem, vice-presidente da associação de corretoras.

    ...a viagem Quando voltou a operar, o valor médio da operação era de uma dólar 10% mais caro que o de do spot –em um dia normal, o spread médio é de 4,5%.

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    Hora do Café

    com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
    Escreve diariamente,
    exceto aos sábados.

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