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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Mercado ignora notícia ruim e não considera risco de incerteza continuar

    28/05/2017 02h30

    O desfecho da crise pode não ser tão rápido quanto o mercado imagina —e vem precificando, como diz o jargão.

    Em uma semana de fortes incertezas, ainda sob o impacto da delação da JBS, a Bolsa fechou com alta acumulada de 2,3%.

    O Ibovespa, que vinha subindo, reagiu à saída de Maria Sílvia do BNDES, mas voltou ao mesmo patamar e encerrou o pregão com alta expressiva (de 1,36%).

    Não houve volta à bonança de preços dos dias que antecederam à delação, mas também não ao pânico do dia seguinte a ela.

    O mercado tem ignorado notícia ruim o quanto pode e não coloca no preço a possibilidade de a agonia do governo do presidente Michel Temer se estender meses além do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE.

    A visão predominante no mercado é que o importante é aprovar as reformas —e que o Congresso já estaria ciente disso. Tanto faz se ficará Temer, Rodrigo Maia, presidente da Câmara, ou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

    Não está no cenário mais esperado que, em caso de troca de comando, passe a reforma trabalhista, mas não a da Previdência. É difícil para um gestor se posicionar contra tendência tão forte, apesar de alguns economistas alertarem para o risco de estagnação no Congresso, mesmo em eventual eleição indireta.

    É o efeito manada do mercado que quer crer que as reformas passarão, se não em junho, logo mais.

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    Crescimento de remédios similares encosta no de genéricos

    A alta no valor das vendas de medicamentos similares —produzidos após a quebra da patente, com marca comercial- se aproximou do aumento da receita de genéricos.

    Enquanto estes tiveram alta de 14% nos últimos 12 meses até abril deste ano, os similares subiram 13% —em 2016, as variações eram de 20% e 13%, segundo a QuintilesIMS (ex-IMS Health), que audita o setor.

    "A maior busca dos clientes hoje é por preços baixos, mas muitos se sentem mais seguros em comprar um item com a marca na embalagem", diz Sérgio Mena Barreto, presidente da Abrafarma, que representa as farmácias.

    Há também uma maior aproximação da indústria com os responsáveis por prescrever os remédios.

    "Temos 1.500 propagandistas no Brasil que visitam médicos e fazem divulgação", diz Roberta Junqueira, diretora da Eurofarma.

    "Em 2016, investimos quase R$ 150 milhões [em equipes de vendas] para chegarmos a locais mais distantes."

    NO BALCÃO DA FARMÁCIA - Venda de medicamentos, por tipo de produto, em R$ bilhões

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    Marca exposta

    A farmacêutica Medley, uma das grandes fabricantes de genéricos do país, aumentará a participação dos medicamentos similares em seu faturamento.

    Hoje, 70% da receita da companhia vêm dos remédios vendidos sem marca comercial, diz o diretor-geral Carlos Aguiar.

    "Vamos continuar com a mesma relevância neste segmento e acelerar o lançamento de moléculas, para que similares cresçam de 30% para 40%", afirma.

    "A margem do produto com marca é melhor que a dos genéricos, cuja disputa de preços entre empresas é bastante agressiva."

    O laboratório investirá cerca de R$ 25 milhões em pesquisa neste ano, em quatro áreas principais: cardiologia, neurologia, gastroenterologia e saúde da mulher.

    43
    são os projetos em desenvolvimento no Brasil

    63
    são os pesquisadores no país

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    Bagagem nova

    A fabricante de malas Samsonite lançará em junho, no Brasil, a sua marca American Tourister, responsável por 20% da receita global do grupo, segundo Anna Chaia, presidente da companhia na região do Mercosul.

    "Os produtos são 15% a 30% mais baratos que os da linha Samsonite e o perfil é mais jovem. Com o lançamento, vamos dobrar os nossos pontos de revenda, chegaremos a 800 lojas."

    A companhia tem 30 lojas próprias. "Planejamos ter de 5 a 10 inaugurações até o fim de 2017. Normalmente olhamos mais para o Sudeste, mas deveremos entrar em Salvador e Porto Alegre."

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    Igual Nem a saída de Maria Silvia, do BNDES, abalou a confiança da Aegea nos projetos de PPI de saneamento, tocados pelo banco, diz o presidente Hamilton Amadeo.

    Novas fronteiras A Jorge Bischoff, de calçados, investiu R$ 2,6 milhões para abrir uma loja em Miami. Após 12 aberturas, a rede chegou a 87 pontos nos últimos 7 meses.

    Startup Após receber um aporte de R$ 5 milhões, a Cata Company entrará no mercado de proteção de valores, com uma solução que destrói cédulas em caso de invasões.

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    Hora do Café

    Tiago Recchia/Folhapress
    Charge Mercado Aberto de 28.mai.2017

    com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
    Escreve diariamente,
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