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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Prazo da Anvisa para liberar produtos médicos importados cresce em SP e RJ

    30/05/2017 03h00

    Se o prazo da Anvisa (órgão regulador) para registrar produtos médicos no Brasil tem caído, o tempo médio de espera para liberar a entrada de importados piorou em 2017.

    Os atrasos têm ocorrido principalmente em terminais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Os aeroportos de Guarulhos e Congonhas chegam a ter espera de um mês, segundo a Abraidi, associação de implantes médicos.

    "A empresa importadora é que paga pela armazenagem do produto", diz Gil Pinho, conselheiro da associação.

    Esses gastos representaram US$ 197 milhões [R$ 643 milhões] em 2016, calcula a Aliança Brasileira da Indústria da Inovação em Saúde, que reúne entidades do setor.

    O prazo de espera tem alta volatilidade: quando a fila de um local se agrava, a Anvisa desloca fiscais de outros Estados temporariamente.

    Quando estes retornam a seus postos, a fila volta a subir -uma operação "tapa-buraco", diz o presidente da Interfarma (que representa farmacêuticas), Antônio Britto.

    Isso dificulta a logística das empresas, avalia Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da Abimo (associação de equipamentos médicos).

    "Além da armazenagem, há um custo com estoques para evitar desabastecimento."

    Desde 2015, a Anvisa reformula processos para agilizar a liberação, afirma o órgão, em nota. Ainda este ano, a agência prevê um novo sistema para que itens de baixo risco sanitário sejam aprovados automaticamente.

    anvisa

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    Uma segunda opinião

    A divisão de saúde da GE priorizará a área de serviços e consultoria a hospitais nos próximos anos, segundo o diretor-executivo para a América Latina, Dáurio Speranzini Júnior.

    Além da maior demanda por softwares que permitem a troca de informações entre produtos, clientes têm tido menos recursos para novas máquinas, afirma.

    "Hoje, 70% da nossa receita vem de equipamentos e 30% de serviços. A perspectiva é que isso seja pelo menos 50% até 2020."

    Entre os projetos feitos no Brasil estão ferramentas que acusam erros em exames de imagem e centros de análise de dados colocados dentro de hospitais.

    "Soluções que não se integram às máquinas existentes perderão valor", diz Carlos Eduardo Gouvea, presidente da Abiis (do setor).

    "Laboratórios até já usam isso a seu favor em negociações. Dizem 'quero seu produto, desde que ele troque dados com os meus'."

    A Siemens, que também atua neste segmento, criou máquinas controladas à distância. São 62 no país. A tecnologia, brasileira, está em testes na Alemanha e Japão, diz Gelson Campanatti Junior, da companhia.

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    Empresas pequenas não exportam em moeda local

    O uso de moeda local para exportar, que deveria ser uma política voltada às empresas de pequeno porte que vendem para a Argentina e Uruguai, não é conhecido pelas companhias desse segmento, segundo o Sebrae.

    Os países têm um acordo que permite usar o câmbio local, e não o dólar, em transações internacionais.

    Em 2016, o Brasil exportou à Argentina R$ 2,46 bilhões em real -cerca de 5% das exportações totais.

    O mecanismo não é conhecido, e o custo é semelhante ao de contratos em dólar, diz Guilherme Afif Domingos, presidente da entidade.

    "Não há divulgação, e as taxas por operação são altas."

    No Banco do Brasil, a tarifa de cada operação é R$ 400; no Bradesco, R$ 300.

    O mecanismo não avançou, afirma José Augusto de Castro, presidente da associação de exportadoras. Contrato em moeda local não permite antecipação de recebível, o que é ruim para a empresa, diz.

    "Em princípio, esse tipo de pagamento deveria ajudar as pequenas empresas que não têm força para exigir taxa de câmbio interessante."

    O Banco do Brasil afirma, em nota, que exportadores preferem contrato em dólar.

    cambio

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    A crise e as compras

    A crise política reduziu em 2,3% a confiança do consumidor paulistano, aponta a FecomercioSP, que mediu o índice em 10 de maio e, depois, no dia 25, após as denúncias contra o presidente Temer.

    O indicador é formado por dois componentes: a percepção atual, que caiu 12%, e a perspectiva futura dos consumidores, que subiu 1,8%.

    "A retração do está ligada à menor intenção de adquirir bens duráveis, compra que requer planejamento de longo prazo", diz Fabio Pina, economista da entidade.

    A tendência é que, passado o susto inicial, o índice que avalia as condições atuais melhore, mas que as expectativas a longo prazo sofram maior impacto.

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    Deficit... Quase um terço (28%) das famílias gastam mais do que recebem, segundo a empresa de pesquisas Quorum Brasil, que entrevistou mil consumidores no país sobre o tema.

    ...doméstico O maior índice é no Nordeste, onde 39% estão nessa situação. Os que têm sobras no fim de mês representam 16% da região. O Sul teve o melhor resultado -15% estão no vermelho, e 24% poupam.

    Orgânicos A porcentagem de brasileiros que consomem alimentos orgânicos aumentou de 24%, no ano passado, para 28%, em 2017, segundo pesquisa da Fecomércio-RJ.

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    Hora do café

    com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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