• Colunistas

    Sunday, 05-May-2024 10:42:22 -03
    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Nova lei do ISS derruba receita de sedes de bancos

    05/06/2017 02h00

    Após a mudança na lei do ISS (Imposto Sobre Serviços), aprovada na última terça-feira (30) pelo Congresso, municípios-sede de empresas financeiras avaliam como sobreviver sem o imposto.

    A votação da semana passada alterou a forma de recolhimento do tributo: hoje, ele é feito pela cidade onde a empresa tem sede, mas passará a ser cobrado no local de prestação do serviço.

    No município de Poá (SP), o Itaú representa 40% de toda a receita corrente, segundo o secretário da Fazenda, Robson Senziali. A cidade é sede das operações de cartões e de leasing do banco.

    "Estamos no aguardo da regulamentação dessa mudança. As ações que serão tomadas vão depender do prazo de transição, que pode ir de 90 dias até um ano."

    Em Barueri, onde empresas como Santander, Alelo e Elo têm sedes, a perda anual estimada é de R$ 200 milhões, o que representaria uma retração de 22,2% dos recursos do ISS e 8,4% da arrecadação total da cidade.

    A prefeitura aguarda uma medida normativa por parte do governo federal para poder precisar o impacto, mas destaca, em nota, que manterá seus serviços e investimentos em infraestrutura.

    Em Osasco, onde fica a Cidade de Deus, sede do Bradesco, a queda ainda não foi calculada, afirma Sidney de Siqueira, diretor do departamento tributário. "O efeito será relevante, mas não tanto como em cidades menores."

    O município arrecadou R$ 440 milhões com ISS nos 12 meses até fevereiro deste ano. O imposto sobre serviços responde por cerca de 53% da receita tributária de Osasco.

    Entenda a mudança

    Como é hoje?
    Tributo é recolhido na cidade onde a empresa tem sede

    Como fica?
    Arrecadação passará à cidade onde o serviço for prestado

    Quem ganha?
    Segundo entidades de prefeitos, a mudança restringe a guerra fiscal e distribui a renda entre mais municípios; bancos avaliam que a renda extra por cidade será pouco relevante

    Quem perde?
    Empresas financeiras e de planos de saúde afirmam que a regra cria um pesadelo operacional e a alta do custo pode inviabilizar a prestação dos serviços em cidades menores

    *

    Sem consumismo

    As aquisições no setor de varejo e bens de consumo tiveram, em 2016, seu pior desempenho nos últimos dez anos, segundo a consultoria A.T. Kearney.

    O valor transacionado foi de US$ 7,9 bilhões (R$ 25,7 bilhões), uma queda de 43% em relação ao ano anterior.

    O principal responsável foi o Brasil, que movimentou US$ 4,1 bilhões (R$ 13,3 bilhões) a menos que em 2015.

    "O varejo foi um dos setores que mais sofreu com a crise, devido ao maior desemprego, juros altos e restrição do crédito", diz Omar Caraballo, diretor da consultoria.

    Cerca de 60% dos empresários entrevistados projetam uma retomada na região neste ano, principalmente nas aquisições feitas por empresas locais, afirma o executivo.

    Essa retomada, no entanto, deverá ser postergada após o agravamento da crise política brasileira, diz Fábio Pina, da FecomercioSP.

    "Investidores ainda têm muitas dúvidas. Este ano deverá ser melhor que 2017, mas só deveremos ter um cenário mais promissor depois das eleições [de 2018]."

    Aquisições regionais - Valor de fusões e aquisições na América Latina, no setor de varejo e bens de consumo, em US$ bilhões

    *

    Crise política reduz projeção de consumo de energia livre

    A instabilidade política no país diminuiu as previsões de consumo de energia elétrica, segundo comercializadoras do mercado livre, que fazem contratos de longo prazo a um preço fixo.

    No início do ano, o setor esperava um aumento de demanda a partir do segundo semestre, mas, agora, avalia que ficará estável, afirma Paulo Toledo, sócio da Ecom.

    "Algumas empresas terão sobras em relação ao que já foi contratado", diz ele.

    A Compass, que previa um leve ajuste a partir do ano que vem, reduziu sua expectativa para uma estabilidade em 2018, segundo afirma o sócio Paulo Mayon.

    "A crise baixou o otimismo a longo prazo."

    No caso da Comerc, os acordos têm flexibilidade de 10% para cima ou para baixo, o que deve ser suficiente para cobrir eventuais variações, de acordo com o presidente da empresa, Christopher Vlavianos.

    Nos primeiros quatro meses deste ano, a demanda ficou estável (uma alta de 0,3%) em relação a 2016, segundo a comercializadora.

    "Com tanta instabilidade, a indústria perdeu a referência na hora de fechar seus contratos futuros. Na dúvida, o cliente não arrisca e contrata próximo ao que consome hoje", diz Toledo, da Ecom.

    CONSUMO LIVRE - Variação em relação ao mesmo mês do ano anterior, em %

    *

    Hora do Café

    com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
    Escreve diariamente,
    exceto aos sábados.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024