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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Ações movidas por lesados por cartéis crescem e criam conflito com leniência

    20/06/2017 02h30

    Ações de clientes que se consideram lesados por cartéis cresceram com a Lava Jato e com o aumento de casos julgados pelo Cade.

    Até 2011, havia 20 processos na Justiça de pessoas ou empresas que buscaram reparação de danos contra cartéis. Hoje, o Cade trabalha com um número de 110.

    "Ainda é uma quantidade incipiente, mas há uma inflexão e existe interesse nesse tipo de ação", diz Diogo Thomson Andrade, superintendente-adjunto do órgão.

    Para que esses casos na Justiça deslanchem, o órgão busca uma regra sobre quais informações de seus processos ele pode revelar às partes. Há uma consulta pública sobre esse tema em aberto.

    A ideia é não prejudicar empresas em acordos de leniência: "Não se pode colocar uma [companhia] que colabora em situação pior que as demais que participaram do cartel".

    Há interesses opostos, afirma Luiz Salles, sócio do Azeveto Sette: "O Cade quer preservar os acordos e isso envolve confidencialidade, mas os lesados [pelo conluio] querem informações da leniente".

    Pela agilidade, há empresas que preferem pressionar em negociações os fornecedores que formaram oligopólio ilegal, segundo Daniel Andreoli, sócio do Tozzini Freire.

    "Quando há denúncia em análise no Cade, essa solução é mais rápida e não envia o problema para o departamento jurídico da companhia."

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    Consumo de aço sobe 2,3%, mas setor deverá revisar projeções

    O consumo aparente (produção interna mais importações) de aço no Brasil aumentou 2,3% nos cinco primeiros meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2016, segundo o Instituto Aço Brasil.

    Foram consumidas 7,6 milhões de toneladas até maio.

    A melhora é mais um reflexo da base ruim de comparação e menos de uma retomada da economia, diz Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo da entidade.

    "O crescimento ainda é muito marginal. O uso da capacidade [produtiva] está em 63%, sendo que, pelas características dos nossos equipamentos, deveria estar acima de 80%", afirma.

    "Provavelmente vamos fazer uma revisão para baixo [das projeções do setor para este ano] daqui a 10 a 15 dias."

    A estimativa atual do Aço Brasil é que o consumo aparente cresça 2,9% em 2017, em relação ao ano passado.

    A indústria reivindica medidas que tenham efeito a curto prazo, sobretudo nas vendas externas, diz Lopes.

    Entre elas, estão mudanças nas regras de conteúdo local e o aumento da alíquota do Reintegra (regime que compensa exportadores).

    Siderurgia brasileira - Produção e consumo aparente de aço no Brasil, em milhões de toneladas

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    Os liberais que me perdoem

    O problema da falta de infraestrutura não vai se resolver só com investimento privado, avalia Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib (entidade de infraestrutura e indústria de base).

    "Existe uma quimera de achar que só as concessões e o PPI [Programa de Parceria de Investimentos] vão resolver a questão. Não é verdade, até pelo estoque de estrutura na mão do Estado."

    No caso das rodovias, por exemplo, 90% é controlado por governos, diz ele.

    O executivo defende o programa Avançar, que deverá contar exclusivamente com investimento público.

    O pacote, a ser lançado, é uma espécie de PAC do atual presidente, só com obras que possam ser concluídas até o fim de 2018.

    Há questionamentos, porém, sobre a capacidade de investimento do governo.

    "Se há uma crise fiscal, é necessário realocar. A indústria está ociosa e ainda é preciso estruturar as concessões. Os liberais que me perdoem, mas resta o Estado para recuperar a confiança."

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    Infraestrutura demite 118 mil empregados em 12 meses

    O setor de infraestrutura cortou 118 mil de vagas nos últimos 12 meses até abril deste ano, o que corresponde a uma retração de 14,7% do total de empregados, segundo a Brasinfra (associação de infraestrutura).

    No acumulado dos últimos dois anos, a queda é de 27,4%.

    "São demissões de mão de obra menos qualificada, que costuma ser temporária, mas também milhares de engenheiros e técnicos", afirma o diretor Carlos Laurito.

    Mesmo com diversos projetos de obras em discussão pelo governo, não há perspectiva de uma melhora no emprego a curto prazo, segundo o executivo.

    A criação, na semana passada, de um comitê de projetos de infraestrutura rodoviária sinaliza que os planos do PPI (Programa de Parceria de Investimentos) devem prosseguir, mesmo com a instabilidade no governo, diz ele.

    "Nosso pleito é que sejam retomadas obras do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] que estão paradas."

    SEM OBRAS - Empregos ligados a infraestrutura e montagem industrial

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    Em busca do equilíbrio

    A Vivo lançará na próxima quinta-feira (22) um aplicativo com aulas de meditação desenvolvido em parceria com a Movile, dona de marcas como iFood e Apontador.

    O produto, inspirado em um app similar britânico, faz parte da estratégia de aumentar a importância da área de serviços digitais.

    A divisão faturou R$ 491,8 milhões no primeiro trimestre, quase 8% de toda a receita com dispositivos móveis.

    O investimento no aplicativo foi de R$ 2,8 milhões. A expectativa é alcançar a marca de 200 mil usuários pagantes em um ano.

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    Na sola... A Usaflex, de calçados, deverá investir R$ 15 milhões em duas novas fábricas até meados do ano que vem, segundo o diretor-executivo Sergio Bocayuva.

    ...do pé A empresa terá, até o fim do ano, sua primeira linha de produtos voltados para o público masculino. O foco inicial serão calçados específicos para diabéticos.

    Fora... A Meta, consultoria de tecnologia de sistemas, investirá R$ 16 milhões nos próximos três anos. O dinheiro vai para obter certificações e oferecer novos serviços.

    ...daqui A ideia é ganhar mercado fora do Brasil. Cerca de R$ 5 milhões são aporte do BNDES, e o resto é capital gerado pela operação, diz Telmo Costa, presidente da empresa.

    Sem colocar... A indústria do tabaco é o setor econômico em que os brasileiros menos confiam, segundo pesquisa da consultoria Quiddity com 1.351 participantes no país.

    ...a mão no fogo Ela foi citada como confiável por 29% dos entrevistados. Fabricantes de computadores têm a melhor reputação (73%), seguidos pela indústria têxtil (69%).

    Saída Oscar Porto, vice-presidente da Medtronic no Brasil —uma das processadas por planos de saúde por conta da denúncia da "máfia das próteses"— pediu desligamento.

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    Hora do Café

    com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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