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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Até fim de 2017, WTorre estima pagar dívida e voltar a construir

    23/06/2017 02h30

    A WTorre pretende quitar sua dívida de R$ 1,6 bilhão com bancos de varejo ainda neste ano e voltar a construir.

    A principal obra no horizonte é um porto em São Luís, no Maranhão, em conjunto com o grupo chinês CCCC, que tem 51% do negócio.

    Esse empreendimento, que deverá começar a funcionar em três anos, vai exigir aportes que somam R$ 1,8 bilhão, diz o empresário Walter Torre.

    "A ideia é descarregar os trens sem parar, e [ao norte do país] dar saída para o agronegócio e entrada para adubos, grãos, fertilizantes."

    Existem mais projetos no curto prazo, como um galpão de logística na cidade de Cajamar (SP) que demandará investimentos de aproximadamente R$ 100 milhões.

    "Houve sobreoferta de espaços, e as pessoas estão assustadas, mas ainda há espaço para essas edificações. Haverá muita demanda por causa do e-commerce, que é logística pura", afirma Torre.

    A empresa ainda pretende entrar em geração de energia distribuída, com condomínios de painéis solares e gás.

    O plano é oferecer a grandes consumidores de energia o aluguel de um quinhão de uma central de geração. A companhia negocia um investimento com um grupo europeu, segundo o executivo.

    Quando essas receitas começarem a entrar, o grupo diversificará as fontes de dinheiro —sem fazer construções para terceiros, a WTorre, hoje, depende de seus galpões e de rendimentos de edificações como o Allianz Parque.

    Para diminuir suas dívidas, a empresa já se desfez de sua parte em dois shoppings e um teatro. Haverá mais desinvestimentos, como um terreno de um milhão de metros quadrados no Rio de Janeiro.

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    Lava Jato

    Citado por Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, em depoimento ao juiz Sergio Moro na quarta-feira (21), Walter Torre nega que sua empresa recebeu dinheiro para abandonar a concorrência por uma obra da Petrobras.

    A WTorre teria recebido R$ 18 milhões para desistir de erguer um centro de pesquisas da estatal em 2008, segundo Pinheiro.

    A empresa não ganhou o contrato porque a Petrobras exigiu desconto excessivo, afirma Torre. Como a WTorre não podia reduzir mais seu preço, ela abandonou o projeto, segundo ele.

    Funcionários da WTorre até festejaram a primeira obra para a Petrobras, diz, mas o negócio não se concretizou.

    "Eles nos chamaram para finalizar. Sabíamos que pediriam diminuição de valor, e oferecemos cortar R$ 2 milhões. Eles queriam desconto de R$ 40 milhões. Não tínhamos condição de fazer."

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    Aporte de R$ 20 bi em rodovias deve cair sem solução para contratos

    As concessionárias de rodovias deverão investir cerca de R$ 20 bilhões até 2021, segundo o presidente-executivo da ABCR (que representa as empresas), César Borges.

    O valor, no entanto, não deverá chegar nem a R$ 8 bilhões caso não se alcance uma solução para destravar os aportes em concessões federais, afirma.

    "Cerca de 5.000 quilômetros de obras em curso têm problemas nos contratos."

    Aportes nas estradas - Investimento feito em rodovias administradas por concessionárias em 2016, em R$ bilhões

    Como a Medida Provisória sobre concessões foi sancionada sem alongar os prazos para investimentos, previstos até 2018, o setor aguarda uma regulamentação que defina como os contratos serão devolvidos e relicitados.

    "A agenda é que a regulamentação ocorra até o fim de novembro, quando será definido como ocorrerão as devoluções, quem vai ser indenizado e de que forma", diz ele.

    "Vai demorar no mínimo dois anos para o governo relicitar os trechos. Enquanto isso, os aportes continuarão paralisados."

    Os investimentos que não deverão ser impactados são relativos a outros 5.000 quilômetros de concessões federais mais antigas, anteriores a 2013, além dos dois projetos licitados neste ano em São Paulo, segundo Borges.

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    Mesmo com alta na venda de veículos, setor de pneus cai 1,7%

    A melhora no desempenho do setor de veículos neste ano não foi suficiente para alavancar as vendas de pneus, que caíram 1,7% no primeiro quadrimestre, segundo a Anip, associação que reúne as fabricantes nacionais.

    As montadoras aumentaram seus pedidos em 10,7% na comparação com os primeiros quatro meses de 2016.

    "Após a forte retração das montadoras, hoje elas representam apenas 18% do nosso resultado", afirma o presidente-executivo, Klaus Curt.

    Apenas os pneus de carga tiveram queda nas vendas à indústria automobilística.

    O segmento tem sofrido com forte concorrência de fabricantes chineses, diz ele. Os importados dobraram sua participação no mercado de ônibus e caminhões: de 15%, em 2016, para 31%, em abril.

    "Mesmo com medidas antidumping [tarifas de proteção a empresas nacionais], o produto chega a preços muito baixos", afirma.

    NÃO ENGATOU - Indústria nacional de pneus no 1º quadrimestre

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    Prazo de validade

    O Instituto Mauá de Tecnologia vai investir R$ 30 milhões em melhorias de instalações e laboratórios para os alunos e aquisição de novos equipamentos para prestar serviços à indústria.

    "Parte do nosso parque começava a ficar obsoleta, e é hora de investir", afirma o pró-reitor, Marcello Nitz.

    O dinheiro do aporte é da própria instituição, cuja receita são as mensalidades dos estudantes de engenharia.

    A crise afetou a geração de caixa: há mais inadimplência e o volume de ingressantes caiu em cerca de 15%.

    A linha de financiamento dos alunos, que podem pagar pelos estudos depois de formados, sem cobrança de juros, mitiga as perdas, diz.

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    Se eu perder... O estudo de impacto ambiental do Ferroanel Norte, em São Paulo, será entregue nesta sexta (23) à Cetesb, órgão ambiental do Estado.

    ...esse trem O documento vai a consulta pública antes de a área técnica dar o parecer final do licenciamento. O projeto da obra se arrasta desde 2011.

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    Hora do Café

    com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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