• Colunistas

    Sunday, 05-May-2024 09:58:27 -03
    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Fazenda de São Paulo não deverá recuperar R$ 1,9 bi de empresa ativa

    23/10/2017 02h30 - Atualizado às 12h56

    A Secretaria da Fazenda paulista não tem expectativa de reaver a maior dívida de ICMS de empresa ainda atuante no Estado, a refinaria Manguinhos, do Rio de Janeiro, apurou a coluna. A soma devida é de R$ 1,9 bilhão.

    Como a empresa continua sem pagar imposto, o governo espera ganhar na Justiça para "estancar a sangria" –parar de perder receitas.

    Há um imbróglio tributário que envolve a refinaria.

    Na origem, está uma tentativa da empresa de usar precatórios (títulos de dívida do Estado) para quitar seus impostos –um expediente que ela usa no Rio e afirma ser aceito pela Constituição.

    O governo de São Paulo não reconhece essa forma de pagamento, considera que há uma dívida que, neste ano, cresceu em R$ 600 milhões e tenta, na Justiça, anular a inscrição estadual da empresa.

    "A cassação alteraria o regime de apuração do ICMS, que teria de ser pago a cada transação. Ela [a empresa] sabe que isso facilitaria a fiscalização", diz Alexandre Aboud, procurador da Fazenda. A Manguinhos está em recuperação judicial no Rio de Janeiro, o que dificulta a tramitação do processo de revogação da inscrição estadual em São Paulo, afirmam técnicos da secretaria.

    Em nota, a empresa diz que falar em inadimplência é distorção, pois há discussões judiciais de que os valores cobrados são abusivos, e que a Procuradoria a persegue com o propósito de defender grandes distribuidoras.

    *

    Gotas de THC

    A Life Diagnósticos vai investir R$ 20 milhões no próximo ano em projetos que incluem a produção, no interior de São Paulo, de medicamentos à base de canabidiol, substância extraída da planta de maconha.

    Parte dos aportes previstos será empregada na obtenção de licença para conseguir começar a linha de medicamentos, afirma Mário Grieco, diretor-executivo da empresa.

    "O custo dos estudos clínicos para a Anvisa são altos, além da negociação com a empresa americana que detém a tecnologia."

    A companhia dos EUA que desenvolve o remédio que ele pretende produzir aqui é a Knox Medical.

    Ele prevê também aportes em segurança em torno da fábrica e nas instalações, além de valores ligados à autorização de órgãos como a Polícia Federal.

    Os remédios à base de canabidiol são de tarja preta e indicados para casos de epilepsia e para compensar os efeitos de tratamentos de doenças como câncer e Aids, que afetam o apetite de pacientes, segundo Grieco.

    "Parte do valor do investimento é próprio, faz parte de um plano maior de aportes da empresa, e o resto é de uma companhia médica dos EUA" afirma.

    R$ 30 MILHÕES
    já foram aportados pela Life Diagnósticos em linhas de exames e remédios

    US$ 90
    (cerca de R$ 290) é o valor de um frasco com 600 mg do medicamento nos EUA

    *

    Emprego de iniciante na indústria é o que mais cresce

    A ocupação que teve o maior incremento de vagas em 2017 foi a de alimentador de linha de produção, segundo o Ministério do Trabalho.

    Foram quase 80 mil novos postos até setembro. Essa é uma função de entrada na indústria, diz Marcelo Azevedo, economista da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

    "Linhas com muitos insumos, como as de químicos, contratam bastante esse profissional para que não hajam interrupções e perdas, mas não é uma ocupação que exige qualificação excepcional."

    Há recuperação de capacidade ociosa e isso gera vagas.

    Na outra ponta, a da diminuição de empregos, está a de vendedores do varejo. Essa também é uma ocupação de entrada no segmento, segundo Thiago Carvalho, economista da FecomercioSP.

    "O número de desligamentos é alto no primeiro semestre. As contratações devem voltar, pois captamos melhoras nas nossas pesquisas."

    ADIÇÕES E SUBTRAÇÕES - Criação e destruição de vagas em 2017, em milhares

    *

    Resorts reduzem expectativa para 2017 após queda no 3º trimestre

    O desempenho abaixo do esperado no terceiro trimestre levou os resorts a reduzirem suas expectativas para este ano, segundo a ABR (associação do setor).

    Na comparação com o mesmo período de 2016, houve uma queda de 1,8% na ocupação e de 12,9% na proporção entre a receita total e o número de quartos disponíveis.

    "Julho ficou aquém das nossas projeções, agosto é tradicionalmente fraco e setembro foi positivo", afirma João Bueno, diretor-executivo da entidade.

    "Deveremos encerrar o ano no mesmo patamar de 2016, de 63,5% [na ocupação]. A projeção era crescer três pontos percentuais, pelo menos."

    O segmento que teve o melhor desempenho foi o de hotéis na praia. Só em julho, o Beach Park teve uma alta de 10% na receita, afirma o diretor-geral, Murilo Pascoal.

    "Para os resorts que dependem muito de eventos, os resultados em 2017 não ficaram dentro do que esperado", diz Ana Luiza Masagão, diretora comercial do Royal Palm.

    "O ano de 2018 deve ser melhor. Cerca de 30% da nossa demanda de julho a setembro foi para 2018. Esse percentual não costuma alcançar 15%."

    PACOTE COMPLETO - Taxa de ocupação dos resorts no Brasil, em %

    *

    Discrepância

    As mulheres têm uma participação de 7% em conselhos de administração no Brasil, segundo a consultoria BCG.

    A presença feminina aumenta à medida que o poder de decisão sobre a companhia diminui. Em cargos de início de carreira são 43%.

    Enquanto 44% das entrevistadas dizem que não trabalham em local com equilíbrio de gênero, apenas 21% dos homens têm essa opinião.

    Falta uma dedicação maior da liderança das companhias para reduzir a desigualdade de gênero, diz Violetta Ostafin, sócia do BCG.

    "Muitos programas de diversidade no país são associados ao setor de RH, considerados 'coisa de mulher', e não chegam ao conselho."

    *

    com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
    Escreve diariamente,
    exceto aos sábados.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024