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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Corte no orçamento da União põe em risco usinas nucleares de Angra

    30/11/2017 02h30

    Luciana Whitaker/Folhapress
    As usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, em Angra dos Reis (RJ)
    As usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, em Angra dos Reis (RJ)

    Por causa de um gargalo orçamentário, pode faltar elemento combustível de urânio para as usinas nucleares de Angra a partir de 2019, segundo a diretoria da Eletronuclear e técnicos do Ministério da Ciência e Tecnologia.

    Quem fornece o urânio usado nos reatores é a estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil). Parte da receita dela vem da venda desse material, e o resto da União.

    Para atingir a meta fiscal, o governo cortou o orçamento da INB, e o limite de dispêndio caiu –por isso, mesmo com dinheiro da venda de urânio em caixa, ela fica impedida de gastar.

    A situação é semelhante à que forçou a Polícia Federal a parar de emitir passaportes, em junho deste ano.

    O fornecimento do elemento combustível às usinas está garantido para o ano que vem, mas a produção para 2019 está em risco, segundo Leonam Guimarães, presidente da Eletronuclear.

    "A saída seria que, à medida que a INB recebesse [pela venda de urânio], o governo suplementasse o orçamento.

    O FORNECEDOR DO URÂNIOEmpenhos pagos pela INB em 2016, em R$ milhões

    Isso precisaria ser feito com a anuência do Congresso, porque aumentar o orçamento por decreto equivale a dar uma pedalada fiscal.

    Importar é inconstitucional e, ainda que fosse permitido, não dá mais tempo.

    A coluna apurou que o Ministério de Ciência e Tecnologia também tem receio de passar o limite do dispêndio que a INB é autorizada a ter.

    "O governo tem sinalizado com complementação e temos trabalhado para minimizar a dependência dele", afirma Reinaldo Gonzaga, presidente da INB.

    O Operador Nacional do Sistema estima que, se as usinas ficarem paradas em 2019, haverá um custo adicional de R$ 1,4 bilhão.

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    Construção quer multas maiores para caminhões com peso a mais

    Representantes do setor de construção pleiteiam aumento de valor e aplicação de multas para veículos que carregam excesso de peso nas rodovias públicas e concessionadas do país.

    Um dos pedidos é o fim de uma tolerância de até 5% além do peso máximo permitido por rodovia, diz o diretor da Fiesp Newton Cavalieri.

    "Acima desse percentual, o valor da multa aumenta a cada 200 quilos de excesso; um peso de 1,5 tonelada além do tolerado paga R$ 324, o que é desprezível."

    As construtoras são responsabilizadas por danos ao pavimento, mas não deveriam, porque as rodovias são usadas de maneira inadequada, afirma Cavalieri.

    "Isso acontece muito onde há concessão. A aplicação de multas também é falha, o que causa atritos também com a ANTT (agência do setor)", diz José Martins, presidente da Cbic (câmara da construção).

    Essa é a principal proposta de um documento que a Fiesp torna público nesta quinta-feira (30).

    A ideia não é arrecadar com as multas, mas coibir veículos com muito peso.

    CARGA PESADAConsumo de asfalto em milhões de m³

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    Maconha prescrita

    Quase 959 mil brasileiros poderiam ser usuários de remédios à base de maconha caso este uso fosse legalizado, segundo a consultoria americana New Frontier Data e a aceleradora The Green Hub.

    O cálculo foi feito com base no mercado de países onde a droga é permitida e no número de enfermos cujo tratamento poderia utilizar canabidiol ou similares.

    Se pacientes com dores crônicas fossem incluídos, o contingente de consumidores iria para 3,4 milhões, o que movimentaria US$ 1,4 bilhão (R$ 4,5 bilhões) nos três primeiros anos, segundo a consultoria.

    Somente derivados importados de maconha são permitidos atualmente e o processo é complexo. Exige prescrição médica, autorizações da Anvisa e a assinatura de termos de consentimento.

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    Pequeno porte endividado

    O número de micro, pequenas e médias empresas inadimplentes cresceu 12,5% em outubro, na comparação com o mesmo mês de 2016. Foram 4,9 milhões de companhias nessa situação, segundo o Serasa Experian.

    É o sexto mês seguido de alta no número de companhias de pequeno porte que não pagaram dívidas e o maior registrado desde que o birô de crédito iniciou o levantamento, em março do ano passado.

    A alta foi influenciada pelo setor de serviços, que responde pela maior parcela entre as inadimplentes: 45,6%. Eram 44% em outubro de 2016.

    "As empresas do segmento ainda enfrentam recessão, mas a perspectiva é que a situação melhore nos próximos meses", afirma Luiz Rabi, economista do Serasa.

    NÚMERO DE PMEs EM DÉBITO - Evolução mês a mês, em milhões

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    Tijolo... Cerca de 62% das fabricantes de material de construção afirmam que deverão fazer novos investimentos nos próximos 12 meses, segundo a Abramat (associação do setor). É o maior nível registrado neste ano.

    ...por tijolo "Houve uma melhora, principalmente após setembro e outubro, com a aprovação da reforma trabalhista, mas ainda estamos longe da nossa média histórica de 75%", afirma Walter Cover, presidente da entidade.

    Otimismo A intenção do comércio de investir em estoques cresceu 4,2% em novembro, na comparação com o mesmo mês de 2016, segundo a CNC (confederação do setor). A alta foi de 1% em relação a outubro deste ano.

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    com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS

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    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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