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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Proposta de regulação de saneamento opõe estatais e iniciativa privada

    08/12/2017 02h30

    Uma proposta de medida provisória que alteraria a regulação de serviços de água e esgoto no país gera divergência entre companhias estaduais e empresas privadas.

    Há consenso sobre padronizar a regulação do segmento, o que o texto prevê ao atribuir à Agência Nacional de Águas (ANA) tarefa de dar diretrizes à prestação do serviço.

    A discordância está no ponto que obriga cidades a realizar chamamento público antes de renovar contratos de saneamento com empresas estaduais. Caso haja interesse privado, haveria licitação do serviço.

    A regra atual permite a assinatura de contratos com estaduais sem licitação.

    "Locais mais afastados poderiam ter tarifas mais caras", diz Roberto Tavares, presidente da Aesbe (associação das estaduais).

    As companhias praticam preços iguais tanto em cidades rentáveis quanto nas deficitárias. Com a nova regra, diz Tavares, só nas superavitárias haveria interesse.

    "O projeto incentiva competição e aumento dos investimentos na área", afirma Alexandre Lopes, vice-presidente da Abcon (que reúne empresas privadas do setor).

    Uma alternativa é que a ANA estimule a formação de grupos de cidades para contratação dos serviços, o que tornaria a operação mais atrativa, segundo Lopes.

    "Embora atraente à primeira vista, a proposta resultaria no aumento da desigualdade na prestação do serviço de saneamento", diz Jerson Kelman, presidente da Sabesp.

    "Entendemos os argumentos e podemos alterar o texto ou enviá-lo como projeto de lei", diz Hernane de Miranda, diretor da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental.

    "O essencial é que a regulação nacional seja aprovada, o resto pode ser discutido depois", diz Rogério Tavares, diretor da Aegea, que administra 48 concessões.

    "Municípios viáveis, que são poucos, serão privatizados, terão tarifa menor e serviço melhor. Os mais pobres ficarão mal atendidos, com empresas estaduais sem recursos. Não dá para [o privado] levar o filé e deixar o osso"
    Jerson Kelman, presidente da Sabesp

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    Cinema perderá público pela primeira vez na série histórica

    O público de cinema de 2017 deverá ser menor que o de 2016, de acordo com a Ancine (agência do setor). É o primeiro ano, desde o começo da série histórica, em 2008, com queda de espectadores.

    Foi uma diminuição de 4 milhões de bilhetes vendidos.

    No ano passado houve distribuição de ingressos de "Os Dez Mandamentos" em igrejas, mas parte das 11 milhões de pessoas supostamente presentes nas sessões não compareceu, segundo agentes desse mercado.

    "Foi um ponto fora da curva, sem aquela estratégia daquele filme, o resultado deste ano teria sido positivo", afirma Paulo Sérgio Almeida, da consultoria Filme B.

    O ritmo de inauguração de novas salas, que nos últimos anos era acelerado, diminuiu, segundo Caio Silva, presidente da Abraplex (associação de exibidores).

    "Houve menos oferta de espaço, porque não foram abertos novos shopping centers. Não existem mais cinema de rua, sem inaugurações de centros comerciais, não abrirão salas", diz Silva.

    A renda da venda de ingressos subiu, mesmo com a diminuição de público: ela foi cerca de 4% mais alta.

    UM ANO SEM MANDAMENTOS - Desempenho do cinema, na comparação com 2016, em %

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    Governo aprova isenção de imposto para parques temáticos

    A Camex (câmara de comércio exterior) aprovou a isenção do imposto de importação para cinco parques temáticos brasileiros.

    A medida deverá resultar em um investimento total de R$ 42,5 milhões a ser feito pelo Beach Park, Wet n' Wild, Blue Park e dois empreendimentos do Unipraias.

    A negociação foi articulada pelo Ministério do Turismo e, em até seis meses, as empresas precisarão trazer os equipamentos, afirma Alain Baldacci, presidente do Wet n' Wild e do Sindepat (sindicato do setor).

    "Dependemos totalmente desse tipo de medida para importar as atrações, tanto que grande parte da indústria no Brasil, com exceção de algumas companhias maiores, está obsoleta", diz ele.

    Os ministros do Turismo do Mercosul se reuniram nesta quarta (6) em Maceió e também discutiram o tema. Assinaram uma carta de apoio para que os países não cobrem mais o imposto de importação de parques temáticos.

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    Para dormir tranquilo

    A fabricante de travesseiros e roupas de cama Altenburg vai construir uma nova fábrica em seu complexo localizado em Aracaju no ano que vem, segundo o vice-presidente, Ilton Tarnovski.

    A empresa também possui duas plantas em Blumenau (SC), que serão expandidas, e uma em São Roque (SP), afirma o executivo.

    "Em 2017 crescemos 15% devido à redução de despesas, à inovação de produtos e ao fortalecimento da área de vendas. Para o ano que vem, projetamos uma alta de 25%."

    O investimento total previsto para as ampliações é de R$ 25 milhões.

    A Altenburg também vai inaugurar três lojas próprias -são nove hoje, diz Tarnovski. "Deverão ficar no Sudeste e no Centro-Oeste."

    R$ 350 milhões
    será o faturamento da Altenburg em 2017

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    Céus... O ministro argentino do turismo, Gustavo Santos, defendeu que as companhias aéreas do Mercosul operem livremente entre os países.

    ...abertos "Conectividade ou morte", disse ele na reunião dos ministros em Maceió. Hoje, há 133 voos entre os países, segundo a Embratur.

    Atraso A inadimplência de pessoas físicas deverá cair 5,46% em dezembro, 0,1 ponto percentual a menos que novembro, projeta o Ibevar.

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    com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS

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    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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