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    Mercado Aberto - Maria Cristina Frias

    Shoppings regionais têm retomada no fim do ano

    26/12/2017 02h30

    A melhora nas negociações com lojistas no fim deste ano levou empresas de shopping centers a manter projetos de expansão e estimar um aumento nas vendas em 2018.

    O grupo Tacla aportou R$ 185 milhões em um outlet em Santa Catarina, aberto neste mês, e prevê um investimento de R$ 800 milhões para inaugurar duas unidades até o início de 2019.

    "Sentimos uma melhora na concretização dos contratos [com lojistas] nos últimos 60 dias, o que nos dá segurança para continuar com as obras que pretendemos fazer", diz o presidente, Anibal Tacla.

    "As operações mais antigas atravessaram melhor a crise. As mais novas, como a nossa em Foz [do Iguaçu], têm uma dificuldade maior, mas isso já começou a se reverter."

    Outras empresas com shoppings localizados fora dos maiores mercados do país também registraram um aquecimento dos negócios no último trimestre deste ano.

    Na Lumine, o número de contratos para novas lojas dobrou em novembro e dezembro em seus 17 centros comerciais, em relação ao mesmo período de 2016, diz Claudio Sallum, sócio da empresa.

    "O setor ainda tem um longo caminho de recuperação, que depende da volta do emprego e da confiança, mas o interesse dos investidores é um indicador muito positivo."

    A Saphyr, por sua vez, teve neste ano uma alta de 25% nas vendas em suas três unidades na região Norte. Na operação como um todo, a variação foi de 12%, afirma o diretor Carlos Frederico Youssef.

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    A crise fiscal e a reforma trabalhista ameaçam Dieese

    A reforma trabalhista e as restrições fiscais de diferentes esferas de governo vão fazer o orçamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) cair em até 40% em dois anos.

    A entidade tem duas fontes de renda: contratos com a administração pública e mensalidades pagas por sindicatos filiados a ela.

    A primeira receita representa, hoje, cerca de 30% do volume total e tem diminuído de 2014 para cá, afirma o diretor-técnico da instituição, Clemente Ganz Lúcio.

    O dinheiro oriundo dos sindicatos está ameaçado porque eles mesmos terão problemas para se financiar sem a contribuição sindical, que deixou de existir com a reforma trabalhista deste ano.

    "Teremos perda de receita, mas não sabemos ainda com qual intensidade. Muitos sindicatos correm risco até de sumir, imagine pagar mensalidade", diz Lúcio.

    O orçamento de 2018 ficará entre R$ 22 milhões e R$ 27 milhões, diz. Em 2014, o Dieese obteve R$ 45 milhões para funcionar, segundo ele.

    Com as diminuições de receita que já ocorreram, eles deixaram de fazer pesquisa de emprego em Fortaleza, Recife e Belo Horizonte.

    Levantamentos como o de valores da cesta básica também podem ser descontinuados em algumas cidades.

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    CANAL DE COMPRA - Variação nas vendas por tipo de empreendimento até o 3º trimestre, em relação a 2016, em %

    Um pulo ali no mercado

    Supermercados de vizinhança tiveram uma retração nas vendas neste ano, segundo a consultoria Nielsen.

    Nos três primeiros trimestres de 2017, as operações nesse formato -de lojas menores, para compras de conveniência e reposição- tiveram queda de 3,9% em volume e 2,8% em valor.

    Unidades que pertencem a cadeias varejistas, porém, se saíram melhor: registraram alta de 4,3% na receita.

    "Além de estarem integrados às maiores varejistas do país e contarem com mais lançamentos de produtos, há questões ligadas a marketing, que alavancam as vendas", diz Jonathas Rosa, da Nielsen.

    "O varejo de vizinhança tradicionalmente possui preços um pouco mais altos do que supermercados, mas, no último ano, conseguiu melhorar sua competitividade."

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    De olho na concorrência externa

    O setor privado pressiona o governo para que um decreto que regulamenta a investigação de subsídios ilegais dados por outros países no comércio exterior seja publicado.

    A CNI, a Fiesp e associações setoriais enviaram cartas ao Mdic (ministério da Indústria) e à Fazenda pedindo que o texto sobre as chamadas medidas compensatórias seja retomado.

    A demanda é antiga: foi à consulta pública em 2013, mas não avançou.

    Entre as reivindicações estão a redução dos prazos de investigação e a aplicação de taxas provisórias com o processo em andamento, se houver sinais de subsídio ilegal dado por outros países.

    "De todas as medidas de defesa comercial que o Brasil aplica, 3,5% são compensatórias. No resto do mundo são quase 7%", afirma Thomaz Zanotto, diretor da Fiesp.

    "Uma das razões para a demora é que o processo no país está mais complexo que o necessário", diz ele.

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    Energia A Unicoba, fabricante de luminárias em LED, investiu R$ 10 milhões para produzir baterias de lítio ferro fosfato, usadas no armazenamento de energia renovável.

    Fino Papelaria, estúdio de criação em que o papel é meio ou inspiração, abrirá um escritório em Paris, onde já fez vitrines da Hermès. Exportam para Japão, China, Itália e Suécia.

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    com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS

    mercado aberto

    Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
    Escreve diariamente,
    exceto aos sábados.

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