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    Mirian Goldenberg

    Uma vida com significado

    25/02/2014 02h50

    "Em busca de sentido" é o emocionante relato do psiquiatra judeu Viktor Frankl sobre como ele sobreviveu, de 1942 a 1945, em quatro campos de concentração, após a mãe, o pai, o irmão e a esposa terem sido assassinados pelos nazistas.

    Ele morreu em 1997, aos 92 anos, depois de publicar inúmeros livros com uma proposta de análise existencial elaborada a partir da trágica experiência.

    Para Frankl, as particularidades de cada indivíduo, principalmente de seus valores, definem o sentido de cada vida. O significado da vida pode se encontrado de diferentes maneiras: no trabalho, na criação, no amor, na família, na amizade e também na atitude que se tem em relação ao sofrimento inevitável. Ele chamava de "vazio existencial" a sensação de inutilidade e de falta de sentido da própria vida.

    Ele alertava: "Não procurem o sucesso. Quanto mais o procurarem e o transformarem em alvo, mais errarão. O sucesso vai persegui-los precisamente porque vocês se esqueceram de pensar nele".

    O mesmo pode ser dito sobre a felicidade. Ela só aconteceria como efeito colateral e natural da dedicação a uma causa maior do que a própria felicidade.

    Frankl dizia que o mundo estava em uma situação muito ruim, mas que poderia ficar ainda pior se cada um não fizesse o melhor que pudesse. Ele apostava na capacidade humana de transformar criativamente os aspectos negativos da vida em algo construtivo. Todos seriam capazes de mudar a si mesmos e o mundo para melhor.

    Na luta para sobreviver, Frankl propôs a um amigo do campo de concentração um compromisso mútuo de inventarem ao menos uma piada por dia. Ele acreditava que não havia arma tão poderosa para a autopreservação como o humor. O humor é fundamental para que as pessoas criem uma distância necessária para enfrentar as situações mais adversas e miseráveis.

    Viktor Frankl foi uma importante inspiração para encontrar o significado da minha própria vida e também para muitas reflexões que estão no meu livro "A bela velhice". Aprendi com ele que buscar enxergar os problemas com uma perspectiva bem-humorada é um truque bastante útil para a arte de viver (e de envelhecer) com significado.

    mirian goldenberg

    É antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autora de 'Coroas: corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade'. Escreve às terças, a cada duas semanas.

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