Diante da repercussão negativa de que faria uma reunião "clandestina" com os integrantes da CNV (Comissão Nacional da Verdade) nesta quarta (10), a presidente Dilma Rousseff mudou de ideia.
Ela comunicou há poucas horas ao grupo que permitirá que eles convidem até 50 pessoas para assistirem à entrega do relatório dos trabalhos do colegiado.
O Palácio do Planalto pediu que a lista de nomes seja enviada ao governo nas próximas horas. A cerimônia está marcada para as 9h, em Brasília. Até ontem, a presidente pretendia receber apenas os seis membros da comissão.
A postura de Dilma estava sendo interpretada como uma tentativa do governo de baixar a temperatura do assunto num momento de crise política em que os militares têm enviado recados,por meio de diversas lideranças, de que estão descontentes e inquietos com os resultados das investigações da CNV.
O relatório que será entregue a Dilma aponta cerca de 300 militares e agentes que trabalharam para a repressão como responsáveis por assassinatos, desaparecimentos, torturas e outras violações dos direitos humanos durante a ditadura militar.
Entre os responsáveis devem figurar inclusive ex-presidentes da República que comandaram o país no período. Apesar da guinada de última hora da presidente, a reunião de amanhã será tímida perto da expectativa que havia em torno do encontro.
Em 2012, Dilma transformou o lançamento da CNV em um evento de grandes proporções. Além de familiares, vítimas da ditadura e militantes de direitos humanos, ela convidou todos os ex-presidentes vivos para a ocasião. Estiveram presidentes José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Lula.
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