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    Mônica Bergamo

    Aos 9 anos, violinista já é solista reconhecido por maestros importantes

    25/12/2014 02h00

    Guido Sant'Anna, 9, começou a tocar violino aos 5 anos, influenciado pelos irmãos mais velhos, Enzo, 11, e Ivan, 14. Teve as primeiras lições com a mãe e com os irmãos, até ser aceito como aluno da professora Marcia Fukuda, no ano passado.

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    Em uma apresentação da escola de música, foi descoberto pelo maestro Julio Medaglia. Foi o regente que o levou para os primeiros solos, em Ilhabela e em São José dos Campos, em 2013.

    Neste ano, sob regência de João Carlos Martins, Guido foi solista com a Orquestra Filarmônica Bachiana do Sesi e apresentou-se em locais como o Palácio dos Bandeirantes e a Sala São Paulo.

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    Um dos finalistas do programa "Prelúdio", da TV Cultura, uma espécie de show de calouros da música erudita, em 2014, o menino participou das apresentações do balé "O Quebra Nozes", da companhia Cisne Negro, neste mês. No ensaio geral, no teatro Alfa em São Paulo, em meio a tutus, sapatilhas e o cenário de Natal europeu do balé musicado por Tchaikovsky, Guido e seus pais, o autônomo Silvano Silva, 41, e a dona de casa Glauce Sant'Anna, 42, conversaram com a repórter Iara Biderman.

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    "Comecei a gostar de música clássica porque me acalmava", diz Guido. Seus compositores preferidos são o austríaco Mozart, o alemão Mendelssohn e o russo Tchaikovsky. No início da carreira, tocava muito Mozart, "mais fácil", afirma. Atualmente diz preferir Tchaikovsky.

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    Guido gostou de estar no palco com bailarinas e bailarinos. Um de seus colegas foi Ghilherme Lobo, prêmio de melhor ator pela APCA pelo filme "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho". Os dois talentos estão no grupo de crianças e adolescentes da festa de Natal do primeiro ato do balé. João Carlos Martins também participou do ensaio, regendo a Filarmônica Bachiana, que tocou ao vivo na apresentação do último dia 14.

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    Tímido, Guido vira outra pessoa no palco, segundo a mãe. "Tenho muito gosto de me apresentar com orquestra", afirma. "Ele gosta do glamour, mas para estudar, em casa, a mãe precisa ficar em cima", diz o pai.

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    A rotina é controlada na pequena casa de fundos onde vive a família. "Tenho praticamente só um quarto e meio, então organizo os horários de estudo para meus três filhos poderem treinar ao violino. Enquanto dois fazem lição de casa, um toca", conta Glauce, a mãe. Videogame, passatempo preferido de Guido, só no fim de semana -após os ensaios.

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    Guido conta que acorda às 7h, toma café e vai tocar violino. Até o começo de dezembro, encerrava o treino por volta das 10h, para ir ao curso de inglês. Aluno de escola pública, ele concorreu a uma bolsa para estudar em uma escola particular bilíngue. Passou no concurso e deve começar as aulas no segundo semestre de 2015.

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    No futuro, tem planos de ir à Europa, estudar em um instituto de música de Budapeste. "Não sei qual é o nome, mas sei que vários bons violinistas saíram de lá."

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    Os pais preferem conter as expectativas. "Talvez chegue uma hora em que ele resolva não ser mais violinista, não vamos forçá-lo a seguir uma carreira a contragosto", afirma Silvano.

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    Glauce diz que se controla para não pressionar o filho. "Enquanto ele é criança, todos acham engraçadinho, mas a cobrança vai aumentar. Pode acontecer que, daqui a cinco anos, ele não seja tudo o que esperam dele e não quero que fique frustrado por causa disso."

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    Por ora, "enquanto ele está se divertindo", o pai aposta nos espaços que se abriram, como a bolsa para continuar os estudos com a professora Marcia Fukuda. Até então, as aulas foram custeadas por uma "vaquinha" entre amigos.

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    "Os irmãos começaram a estudar violino no Projeto Guri, de graça, mas ele não podia entrar no programa por causa da idade", conta o pai. Também ganhou um bom violino, doação do maestro João Carlos Martins. E, claro, muitos convites para fazer o que mais gosta: subir ao palco com o seu instrumento.

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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