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    Mônica Bergamo

    'Eu até choro', diz Paulo Betti sobre tietagem de fãs

    17/02/2015 02h00

    Na novela, o colunista Téo, personagem de Paulo Betti em "Império", foi barrado na cobertura do Carnaval por dar notas baixas a um camarote. Mas o que ele escreveria sobre o ator que o interpreta se fosse uma pessoa real, e não uma ficção da novela das oito? "O Paulo Betti é gay", diverte-se o intérprete. "Eu já disse isso no ar!", relembra.

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    Depois de quase uma década sem estrelar novela em horário nobre, Betti é um dos sucessos da temporada. Debruçado nas grades do camarote da revista "Quem", ele vê as escolas de samba passarem bem de pertinho, e os foliões abrirem sorrisos e mandarem beijos e mais beijos em sua direção.

    "Eu até choro!", afirma, depois de posar junto com mais um grupo para uma fotografia feita num pau de selfie. "Você sabe o que é dar alegria às pessoas? Me pedem para fazer o biquinho do Téo, para falar como o Téo. Eu faço tudo. Temos mais é que fazer!". No fundo, afirma, "o artista gosta mesmo é de fazer sucesso, ser querido. Tem coisa melhor?".

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    Betti diz que brinca com os sobrinhos, alguns no sambódromo com o tio, dizendo que afirmará em público que eles o inspiraram. "Foram os sobrinhos que moram em Piracicaba [cidade do interior de São Paulo]. Eu sou de Sorocaba [cidade em que Betti passou a infância]!", diz Ernesto Betti Neto, filho de um dos irmãos do ator. "Outro dia eu ia sair de bermuda cor-de-rosa e ele [Betti] disse: 'Assim também não!', conta Ernesto.

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    O ator diz que não recebeu cachê para aparecer no camarote. "Me convidam, eu agradeço. Só peço para trazer alguns amigos", afirma. "Eu sou modesto. Minha mãe [Adelaide] era doméstica. Na casa da patroa, filho de empregada não podia comer muito pão. Tinha que ser moderado."

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    Depois da novela, Betti vai levar aos palcos um monólogo sobre a sua infância. "Eu mamei no peito da minha mãe até os sete anos", revela. "Ela teve 15 filhos, perdeu a metade. Quando eu nasci, a minha mãe tinha 45 anos, eu vim depois de dez anos do irmão anterior. Então ela e as minhas irmãs me olhavam e diziam: 'Esse é o cara'!".

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    O samba toca alto na avenida, mas o ator se entusiasma, eleva a voz e segue falando de sua história para a coluna. O pai, Ernesto, era esquizofrênico. O avô, João, italiano, era meeiro "de um fazendeiro negro. Era praticamente um escravo". Quando morreu, o testamento dizia: "Deixa esposa e filha. Não deixa bens." Já a mãe de Betti deixou a ele uma pequena casa de herança.

    'TODA MADONNA TEM SEU CÃO DE GUARDA'

    "É a Madonna que está aí?", perguntava a atriz Dani Barros, a Lorraine de "Império", equilibrando-se na ponta dos pés para ver acima da cabeça dos repórteres que buscavam as celebridades nos camarotes do Sambódromo do Rio de Janeiro.

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    Era Alexandre Nero, colega de Dani na novela das oito da Globo e o galã do momento, que parecia fazer questão de ironizar os aspectos caricatos da fama.

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    "Selfie! Vamos fazer selfie, que é mais rápido e a gente já vê na hora se ficou bem!", dizia o "Comendador" a admiradoras que se enfileiravam no camarote da cervejaria Devassa em busca de um clique.

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    "É ótimo [o pau de selfie]! As pessoas inventam cada preconceito ridículo. Pra que perder tempo? É que nem Jorge Vercilo! Por que o preconceito [com o cantor]?" Ele mesmo só não tem ainda um dos cabos para autorretratos por "não ter tempo de comprar".

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    "Vejo as pessoas me filmando, tirando foto, e eu me assusto, porque isso nunca fez parte da minha vida." Uma assessora o puxa para longe dos jornalistas. "É meu cão de guarda", brinca o astro. "Ah, gente, vocês sabem, né? Toda estrela tem que ter... Toda Madonna tem que ter. Toda Xuxa tem uma Marlene Mattos, né, gente?"

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    É questionado sobre a máscara de seu próprio rosto que usava ao chegar. "Você veio mascarado que nem os nossos políticos?". Ele diz: "Eu sou mascarado". Uma repórter insiste. "E os nossos políticos?". E Nero: "Não. Eles são filhos da puta. É uma diferença muito grande. Filho da puta é uma coisa. Mascarado é outra".

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    Os amigos também chegam para ajudá-lo a se livrar dos repórteres. "Eu sou simpático, gente. Mas eles [amigos] não querem que eu fale com vocês. Eles me reprimem. Eles me censuram!" Vira as costas e sai, dando risada.

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    Do outro lado do sambódromo, o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa assistia às escolas no camarote da Viradouro ao lado da estudante catarinense Beatriz Vargas, que faz faculdade de administração.

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    Ele foi um dos homenageados do desfile da agremiação. O diplomata Silvio Albuquerque, autor do enredo, era seu chefe de gabinete nos tempos da corte. Com outros amigos, ele tentou convencer o ex-magistrado a desfilar. "Deus me livre! Não me conhecem? Eu não sou disso", dizia Barbosa.

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    "A primeira vez que eu vim ao sambódromo foi em 2006, e eu já vivia no Rio fazia tempo. É que eu era do mundo do rock de Brasília [cidade onde passou parte da infância e da adolescência]. Mas isso aqui [o Carnaval] é maravilhoso".

    com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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