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    Mônica Bergamo

    Vírus da zika é assunto em baile de Carnaval do Copacabana Palace

    08/02/2015 02h00

    "Daqui a pouco estamos todos sendo picados aqui, é o baile do zika!", dizia em tom de brincadeira a arquiteta Brunete Fraccaroli no baile do Copabana Palace, anteontem. E, falando sério, completava: "Está mais perto do que a gente imagina. Minha manicure foi visitar a mãe na Bahia e pegou, ela e toda família."

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    "Mas chega de falar de desgraça, né? Minha amiga me arrastou pra cá justamente pra esquecer as tristezas", contava Brunete. Sua cachorra Sissi morreu na semana passada, aos 17 anos. "Vou adotar outra, mas agora não. Ainda estou de luto."

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    O ator José de Abreu tentava chegar no salão em meio a pedidos de selfies de fãs gritando "Pai" - seu personagem na novela "A Regra do Jogo". Sua mulher, Priscila Pettit, queria ir logo para a pista. "É o primeiro Carnaval dela, ela não gostava", contava o ator.

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    O calor não deu trégua. No camarote da jornalista Hildegard Angel, filha de Zuzu Angel, convidados usavam máscaras de papel com o rosto da dançarina Maria Callas como leque para se abanar. Hildegard havia distribuído as peças em homenagem à amiga Christiane Torloni, que interpreta Callas no teatro.

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    Torloni se abanava muito pra tentar aplacar o calor e saiu rapidinho, mas agradeceu a amiga pela homenagem. "Foi uma surpresa ótima, fiquei muito honrada".

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    Na pista, o eterno "rei da noite" carioca, Ricardo Amaral, justificava a toga que usava como fantasia: "No Carnaval eu sou sempre um ridículo!". A atriz Rogéria também mostrava a sua, um vestido branco extravagante. "Estou me sentindo a Helena de Tróia", dizia ela.

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    "Me disseram, 'nossa, ela fala com todo mundo, né? Eu respondi: é claro, essa aí é a travesti da família brasíleira", brincou o cartunista Chico Caruso antes de cumprimentar a amiga com um abraço. Animado, ele discordava de quem diz que o mundo está ficando chato para quem quer fazer piada. "Os humoristas é que estão ficando chatos. E velhos, né? Tá todo mundo ficando velho."

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    SORRISO AMARELO NA AVENIDA PAULISTA

    Se em outros Carnavais a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) em geral adotava a conduta de " surgir, sorrir, sumir", neste ela aguentou firme por quase duas horas no espaço que o advogado Marco Aurélio Carvalho fechou para convidados, no Camarote do Bar Brahma, em SP.

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    "Eles não vêm porque é aquela coisa, medo de serem vaiados", comentava a ex-petista sobre a ausência de políticos nos camarotes da folia neste ano -nem mesmo o ministro Jaques Wagner, da Casa Civil, espécie de rei da folia em Salvador, deu as caras na capital baiana. "Tá todo o mundo com medo de vaia. Mas eu posso. Onde eu chego, falam comigo, querem tirar foto."

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    As mulheres se aproximam em número muito maior. "Você é muito mais bonita pessoalmente", repetem. Marta, de brincos vermelhos, sorri. Diz que "é lucro" acharem isso. Abraça o marido, Marcio Toledo, saltita com ele.

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    Amigos se aproximam e falam que estão impressionados com a virada na situação política no último ano, com Lula agora na berlinda. Marta se cala quando questionada sobre o ex-presidente e a recente avalanche de notícias contra ele. Diante da insistência, diz: "A gente fica assim, né?", e ensaia um sorriso amarelo. Ela já foi muito próxima do ex-presidente.

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    Contratado pelo Camarote Bar Brahma para cantar em todos os dias de desfile, Tiago Abravanel falava do bloco que puxou no fim de semana anterior em SP, o Gambiarra, com 40 mil pessoas.

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    "Muito disso aconteceu por causa da, da... porra da crise", diz, sobre a adesão à festa de rua. "Sabe quando você se sente numa situação de risco, aí você se adapta com aquilo que você tem? Muita gente não foi viajar. Foi um dos fatores [do sucesso dos blocos em São Paulo]."

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    Com a atenção dos frequentadores do camarote Bar Brahma voltada para boleiros como o uruguaio Lugano e o ex-capitão da seleção brasileira Cafu, o cantor Milton Nascimento quase não foi abordado por fãs enquanto seguia para o cercadinho vip.

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    Amparado por dois assessores que o ajudavam a caminhar, Milton foi à segunda noite de desfiles no Anhembi para fazer um esquenta: ele é o homenageado da escola Tom Maior, que se apresentaria no domingo (7), no grupo de acesso. "Minha primeira vez aqui no Carnaval paulista está indo muito bem", dizia ele com a voz baixa.

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    Parado mais por jornalistas que por foliões, Milton mudava de assunto quando o tópico era sua saúde.

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    "O diabetes é algo com que eu convivo, estou bem. Mas, não por ser a Tom Maior, mas o samba-enredo deles deste ano é um dos mais bonitos que eu já ouvi", brincava, referindo-se à canção que o homenageia.

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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