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    Mônica Bergamo

    'Votação de vetos mostra que governo tem maioria contra impeachment', diz líder do PT

    23/09/2015 07h52

    A votação dos vetos presidenciais nesta terça-feira mostrou que o governo tem maioria para barrar o impeachment, diz o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), vice-líder do PT na Câmara.

    "Foi o primeiro grande teste do governo, de temas muito polêmicos e com uma pressão social imensa. E o governo passou", afirma ele. "Havia uma insegurança muito grande, mas Dilma bancou a aposta, contra tudo e contra todos."

    O placar das votações será divulgado nesta quarta em detalhes, mas em algumas delas o executivo reuniu mais de 257 votos, ou a maioria na Câmara.

    "Isso demonstra que é possível fazer maioria na Câmara contra o impeachment", analisa o parlamentar.

    Para aprovar a admissibilidade de um processo de impedimento de Dilma Rousseff, a oposição precisaria dessa mesma maioria. Já para o afastamento seriam necessários 2/3 dos votos.

    Parlamentares da oposição também apoiaram a manutenção dos vetos, em nome da responsabilidade fiscal. Teixeira diz que "eles foram importantes do ponto de vista simbólico, mas a formação da maioria estaria garantida mesmo sem esse apoio".

    O parlamentar observa que também no Senado o governo conseguiu maioria, mantendo os vetos presidenciais já apreciados.

    "Houve vitória ontem no Senado na alta madrugada, com até 42 votos", diz ele. "As duas Casas mostraram que o governo tem a maioria. A base governista estava insegura, mas pagou para ver e ganhou."

    Nesta semana, a presidente Dilma Rousseff negociou intensamente com líderes do PMDB. Deputados e senadores do partido devem indicar ministros para integrar a equipe da presidente, ocupando inclusive pastas cobiçadas como a da Saúde.

    A adesão do partido ontem garantiu a maioria para a manutenção dos vetos.

    Ainda há destaques que vão ser votados, como o que prevê reajuste para servidores do Judiciário. Teixeira diz que o governo está confiante de que ganha também a segunda rodada.

    O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos articuladores do impeachment, discorda da avaliação de Teixeira.

    Na votação mais difícil da madrugada, a que criava uma alternativa ao fator previdenciário (mecanismo que reduz o valor das aposentadorias precoces), o governo conseguiu 185 votos, segundo ele, enquanto a oposição cravou 200.

    O veto foi mantido porque são necessários 257 votos, ou a maioria do total de deputados, para derrubá-lo.
    "Mas, para aprovar a admissibilidade do impeachment, nós precisamos apenas da maioria simples, dos deputados presentes no plenário. E isso nós tínhamos. Ou seja, nesta madrugada, se a admissibilidade entrasse em votação, nós conseguiríamos aprová-la", diz Maia.

    Esse é o primeiro passo para o afastamento de um presidente. A decisão final, no entanto, só ocorre com o voto de 2/3 dos deputados.

    Segundo o parlamentar, muitos colegas preferiram se ausentar do plenário da Câmara na madrugada para não ter que votar numa proposta impopular, a que mantinha o fator previdenciário. "Ser contra o impeachment da Dilma é ainda mais impopular", afirma ele, prevendo que muitos deputados desapareceriam do parlamento para não ter que defender a presidente.

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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