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    Mônica Bergamo

    Ana Paula Arósio ressurge, diz ignorar fofocas e ouve pergunta sobre suicídio

    01/11/2015 02h00

    Graça Nascimento, 58, é discreta e fala baixo. Chama pouca atenção por onde passa. E não sai do lado de Ana Paula Arósio, 40, na tarde de terça (27). Empolgada, risonha e exuberante, a atriz dá entrevistas em São Paulo para divulgar seu novo filme.

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    É Graça, a empresária da artista que deixou a TV e está de volta aos holofotes, quem desgruda os olhos da tela do celular e ergue o pescoço quando algum jornalista faz menção de falar sobre o retorno da cliente à mídia ou especulações sobre sua reclusão.

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    "Ah, deixa a gente falar do filme, tá bem?", limita-se a dizer a empresária ao repórter Joelmir Tavares, já à noite, questionada sobre a postura vigilante diante de perguntas pessoais à sua assessorada.

    O dia de trabalho para a divulgação de "A Floresta Que se Move", longa que estreia no dia 5, começa ao meio-dia, na entrevista coletiva em uma das salas de cinema do shopping Frei Caneca. A todos foi feito o pedido: nada de questões sobre a vida particular da ex-estrela de produções da Rede Globo.

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    "A Ana tem horário", diz Graça na saída da coletiva, cortando a repórter do "TV Fama" (RedeTV!). E, com o gesto que repetiria à tarde na bateria de entrevistas individuais no Maksoud Plaza, a empresária conduz sua cliente pelo braço rumo à porta.

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    No lobby do hotel, onde Ana Paula está hospedada, uma assessora do filme começa a se preocupar. "Ela não desce. O que faz? Liga no quarto? Telepatia?" A atriz, que almoçou ali mesmo, subira para escovar os dentes.

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    Logo ela aparece, acompanhada do maquiador e cabeleireiro Duda Molinos –Ana Paula define o amigo como seu "segredo de beleza". Sentada no fundo da sala adaptada como estúdio, a atriz direciona os marcantes olhos verdes para a produtora do filme, Elisa Tolomelli, que dialoga com um repórter. "Você fala muito bem, Elisa!", diz, emendando uma gargalhada como a que soltaria várias vezes dali em diante.

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    Com o corpo esbelto coberto por um vestido na altura do joelho ("uma roupa bonita que é confortável, o que é pouco comum", descreve) e usando sandálias de salto, Ana Paula se posiciona na poltrona em frente às câmeras e Graça toma seu lugar nos bastidores, mexendo no celular.

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    A atriz conversa com o jornalista de uma emissora do Ceará: "Eu já tive muito mais ambição. Hoje em dia... Não precisa de muita coisa. Eu posso ser feliz com pouco", diz. Apesar da blindagem, ela se mostra à vontade para abrir brechas e falar de si.

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    Seguem as gravações, com a atriz animada ao lado do colega de elenco Gabriel Braga Nunes, até que um repórter do Paraná solta: "Uma questão que você não vai conseguir escapar hoje. Essa sua volta foi por quê? Foi a trinca personagem, diretor, roteiro?".

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    Graça imediatamente presta atenção. E, silenciosa, confirma com a cabeça ao ouvir sua cliente responder, direta e sorridente: "Sim, foi essa trinca. Imbatível".

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    A atriz, que agora prioriza "o que dá prazer de fazer", não tem projeto nem vontade de voltar à TV –em 2010, largou uma trama a dias da estreia e teve seu contrato rompido. Afastou-se do trabalho, abriu mão da fama e se isolou em sua fazenda em Santa Rita do Passa Quatro (SP).

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    Hoje vive na Inglaterra com o marido, o cavaleiro Henrique Plombon Pinheiro, 37. Ele, que a acompanha na passagem por SP, ganhou medalha de prata no Pan de Toronto, em julho. Ela foi junto.

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    A atriz diz ignorar notícias sobre si e não ligar para o que os outros falam. "É questão de viver a minha vida, né?" Faz troça após uma pergunta feita comumente a artistas da Globo, sobre "como continuar linda" aos 40: "Aquela coisa que todas elas falam: [afina a voz] água, ginástica, alface". E dispara a rir.

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    Sondada para a nova novela das oito, "Velho Chico", Ana Paula diz que "não rolou". Um jornalista quer saber por quê. "Vamo falar sobre o filme?", retruca, na única vez em que desvia de assunto.

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    É hora de falar com repórteres de jornais. Ela, a empresária e assessores do filme precisam ir até um andar superior do hotel. A ex-modelo compara a "aulas de step" as caminhadas entre uma sala de entrevistas e outra.

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    A representante de um jornal de Minas Gerais toca no tema proibido: "Você sumiu e agora tá de volta". Com a risada que acompanha todas as respostas sobre sua distância das telas, Ana Paula a interrompe: "Eu não sumi, gente! Eu tô aqui".

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    E continua: "Uma das coisas que eu aprendi foi que realmente é uma coisa de cada vez. Não funciona pra mim essa coisa de uma agenda eterna, com milhões de projetos e... Não funcionou, então não vai dar. [...] É uma coisa de cada vez, eu não vou atropelar mais. Não é bom. Pra minha saúde".

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    No intervalo, a atriz se diverte ao recordar a declaração do ator Nelson Xavier, colega do filme, que minutos antes contara ser este seu primeiro papel de um homem rico. "Quase que eu falei: 'E nunca me convidaram para fazer uma pobre!' [risos]. Mas já me convidaram, é mentira."

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    A coluna aborda a atriz num dos deslocamentos. Graça, alguns passos atrás, deixa uma pessoa falando sozinha ("Espera um pouquinho só") e corre na direção da cliente. Ana Paula conclui uma frase, a empresária diz "então vamo" e a leva pelo punho, sem enfrentar resistência.

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    Uma integrante da equipe que acompanha os trabalhos contemporiza, ao observar as atitudes: "Deve ser esse o papel dela [Graça]".

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    A atriz passa no banheiro ("Só vou fazer um 'pípis'") e segue para o andar inferior. Já perto da entrada da sala, Molinos saca um estojinho e retoca a maquiagem dela. Com as mãos ele ajeita o cabelo, que está curto e anelado.

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    De papo com o maquiador e a empresária, enquanto do outro lado da porta colegas de elenco gravam entrevista para uma TV, Ana Paula censura uma de suas gargalhadas levando a mão à boca. "Por isso que ela não tá enxergando", faz piada com Graça, que segura os óculos. "É que ela não limpa as lentes!"

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    O roteiro da divulgação segue. Agora, jornalistas dividem uma mesa oval com Ana Paula, Braga Nunes, Graça e uma assessora de imprensa. Começam a pipocar temas como vaidade e exercício físico.

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    Graça se mexe, vai para a ponta da cadeira, arregala os olhos. "Acho que as perguntas tinham que ser sobre o filme", balbucia ela no ouvido da assessora. A repórter da revista "Veja SP" então questiona a atriz sobre o rumor de que, nos anos de reclusão, ela teria tentado cometer suicídio.

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    Ana Paula reage gargalhando alto, mas a expressão séria da empresária e o silêncio que se segue sugerem fim de clima da entrevista, prolongada por só mais uns poucos minutos. Fim de papo.

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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