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    Mônica Bergamo

    Políticos somem do camarote da Prefeitura de SP no Carnaval

    07/02/2016 02h00

    Faxineiras enxugam algumas poças formadas por goteiras no camarote da Prefeitura de SP. No balcão das bebidas, o funcionário informa: "Só tem cerveja quente". Eles tinham acabado de colocar novas garrafas no gelo.

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    O camarote perdeu o patrocínio da cervejaria Devassa e a prefeitura teve que investir R$ 300 mil no espaço. O clima era mais de fim que de início de festa na noite de sexta-feira (5).

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    O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que já brilhou em outros anos ao lado do prefeito Fernando Haddad (PT-SP), desta vez enviou emissário para dizer que estava "cansado". Senadores, deputados e até familiares de Lula, que já chegaram a ir à festa, não deram o ar da graça. Os políticos praticamente desapareceram na primeira noite da folia.

    Haddad ficou algumas horas no camarim, recebendo secretários municipais e outros convidados. "É uma crise econômica sem precedentes, mas estamos conseguindo investir em São Paulo", dizia ele ao secretário de Turismo, Salvador Zimbaldi. Lula era citado em várias conversas. "Estamos todos preocupados", dizia o secretário Simão Pedro, de Serviços. O diplomata de um país vizinho dizia a Haddad não entender "o que estão fazendo com o Lula". "Num mau momento do país, destruir sua principal liderança? Lula é a figura pública de maior prestígio fora do Brasil."

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    A primeira-dama, Ana Estela, usava órtese no braço direito. Ela tomou um caldo numa praia de Alagoas, onde passou alguns dias com Haddad em dezembro. Estava no raso, mas veio uma onda forte. Ela levou um tombo e quebrou o cotovelo.

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    Vendo o camarote meio vazio, a empresária da noite Lilian Gonçalves repetia para si mesma: "Vai animar, vai animar". Toda de dourado, a filha de Nelson Gonçalves perguntava: "Crise? Eu terminei o ano top, top, top", dizia, levantando a mão acima da cabeça. "Mas fecharam 800 bares e casas de shows em SP desde o ano passado!", afirma ela, empresária do ramo.

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    "Calma, gente. Tô aqui falando com as minhas terapeutas", dizia Sabrina Sato para os fãs que se aglomeravam em volta da área vip do Camarote Bar Brahma. Ela se referia às jornalistas que a bombardeavam de perguntas. Sabrina fez 35 anos na noite anterior. Diz que não comemorou. Estava "deprê" por ficar mais velha. "Me sinto com vinte e poucos. Recebi um montão de flores e a mesa da minha casa mais parecia um funeral, mas me senti querida." E dá uma gargalhada.

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    CELSO KAMURA:
    'DILMA ESTÁ MAIS CALMA. É A MALHAÇÃO!'

    Assíduo frequentador do Carnaval, o cabeleireiro Celso Kamura, o eleito de Dilma Rousseff e Marta Suplicy, falou à coluna no cercadinho vip do Camarote Bar Brahma.

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    Folha - Como vai Dilma em meio à crise?
    Celso Kamura - Continua fazendo o cabelo comigo com a mesma frequência. Uma vez por mês! Sinto que ela está melhor, mais calma que antes. É a malhação, com certeza. Eu, quando malho, fico calmíssimo! E ela malha todo dia. Bicicleta e musculação. A serotonina faz tão bem! O comportamento dela como cliente melhorou muito. Já a dieta a Dilma largou um pouco.

    E Marta Suplicy?
    Ela faz o cabelo comigo uma vez por semana, é minha amiga. Marta segue uma rotina de beleza que a Dilma não segue. E está superempolgada com a disputa política em que vai entrar.

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    NEGUINHO DA BEIJA-FLOR:
    'SE PAGAR, SAMBA VAI FALAR ATÉ DE PAPEL HIGIÊNICO'

    Espremido em um corredor atrás do palco ("meu camarim está um gelo", explica), o sambista Neguinho da Beija-Flor esperava a hora do desfile da escola Acadêmicos do Tatuapé, que homenagearia a agremiação carioca Beija-Flor de Nilópolis.

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    Folha - A cantora Beth Carvalho diz que, dependentes de patrocinadores, as escolas hoje fazem enredo até sobre iogurte. Você concorda?
    Neguinho da Beija-Flor - As coisas mudaram bastante. Não se faz mais samba-enredo como antigamente. Hoje tem samba de escritório, de condomínio. Vários compositores compõem para diversas escolas. Antigamente era só a ala dos compositores de cada escola que fazia [o enredo]. O samba-enredo perdeu qualidade, sim. A Beth tem razão!

    Mas patrocínio é necessário.
    Infelizmente hoje, devido ao crescimento do Carnaval, é. Aí, o que pintar é lucro. Já pensou quando a marca de papel higiênico vier com patrocínio de R$ 20 milhões? A escola vai ter que falar de papel higiênico!

    Como você lida com isso?
    Eu não sou mais compositor de samba-enredo por coisas assim. Hoje, pra você ganhar com um samba-enredo, tem de ter mais de cinco, seis parceiros. Eu ganhei quatro sozinhos na Beija-Flor. Agora eu parei!

    O samba virou negócio?
    Sem dúvida! Os sambas antigos emplacavam. Os de hoje são passageiros, no ano seguinte ninguém lembra mais. Não tem mais a mesma graça pra mim. Hoje sou apenas intérprete.


    com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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