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    Mônica Bergamo

    Ministro do STF diz que decisão de Moro foi 'ato de força' que atropela regras

    04/03/2016 16h28

    O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello fez críticas contundentes à decisão do juiz Sergio Moro de conduzir coercitivamente o ex-presidente Lula para depoimento.

    "Condução coercitiva? O que é isso? Eu não compreendi. Só se conduz coercitivamente, ou, como se dizia antigamente, debaixo de vara, o cidadão que resiste e não comparece para depor. E o Lula não foi intimado", afirma ele.

    Pedro Ladeira - 19.mar.2014/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 19-03-2014, 11h00: O presidente do Senado Renan Calheiros (PDMB-AL) recebe o Presidente do TSE Ministro Marco Aurelio Mello, no gabinete da presidência do senado. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O ministro do STF Marco Aurélio Mello

    O ministro diz que "precisamos colocar os pingos nos 'is'. Vamos consertar o Brasil. Mas não vamos atropelar. O atropelamento não conduz a coisa alguma. Só gera incerteza jurídica para todos os cidadãos. Amanhã constroem um paredão na praça dos Três Poderes."

    A Folha conversou com outro magistrado do STF que concorda com a opinião de Mello, embora prefira não se manifestar publicamente.

    Mello ironiza o argumento de Moro e dos procuradores de que a medida foi tomada para assegurar a segurança de Lula.

    "Será que ele [Lula] queria essa proteção? Eu acredito que na verdade esse argumento foi dado para justificar um ato de força", segue o magistrado. "Isso implica em retrocesso, e não em avanço."

    O fato de se tratar de um ex-presidente agravaria a situação, segundo ele.

    Para Mello, o juiz Moro "estabelece o critério dele, de plantão", o que seria um risco. "Nós, magistrados, não somos legisladores, não somos justiceiros."

    O ministro afirma ainda: "Se pretenderem me ouvir, vão me conduzir debaixo de vara? Se quiserem te ouvir, vão fazer a mesma coisa? Conosco e com qualquer cidadão?"

    Ele segue: "O chicote muda de mão. Não se avança atropelando regras básicas".

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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