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    Mônica Bergamo

    Nunca pensei em me candidatar, diz Roberto Justus após eleição de Trump e Doria

    09/11/2016 14h48

    Edu Moraes/Divulgação
    O apresentador e publicitário Roberto Justus, 60

    O empresário Roberto Justus, que apresentou por mais tempo o reality show "O Aprendiz" (Record), baseado na versão americana comandada por Donald Trump, diz que se sente lisonjeado ao ser comparado com o presidente eleito dos EUA, apesar de discordar de suas posições mais radicais.

    "Ele é um pouco racista", diz Justus. Mas, "no sentido de ser um cara competente, de ser admirado pelo que realizou como empresário, me sinto lisonjeado", afirma.

    Após a eleição de Trump nos EUA e de João Doria (PSDB) para prefeito de São Paulo —entre 2010 e 2011, o tucano também foi apresentador do programa na Record—, começaram a circular na internet suposições de que Justus seria o próximo a tentar se eleger para um cargo público.

    "Não penso em me candidatar. Nunca cogitei entrar na vida pública", diz Justus. Ele afirma que sua contribuição à sociedade, por enquanto, se limita a participar de um grupo de aconselhamento do presidente Michel Temer. "Já estou fazendo meu papel."

    *

    Folha - O sr. recentemente falou que, quando o conheceu, achou Donald Trump muito simpático, mas que não concorda com as ideias dele. O que achou da vitória do republicano nos EUA?
    Roberto Justus - Não me chame de senhor, o que é isso? Eu, como todo mundo, fiquei muito surpreso. Apesar de dar para detectar uma tendência no mundo de resistência ao "establishment" político, as pessoas querendo mudança. Deu para perceber já quando ele venceu as primárias. Isso é resultado de uma carência de líderes com determinação, e que falem o que pensam. Temos que admitir que ele representa uma busca pela eficiência, pela competência, que é o mesmo caso do [Mauricio] Macri [presidente da Argentina], do João [Doria, prefeito eleito de SP]. O problema de Trump, e aí eu não concordo, é que ele extrapola as opiniões quando é um pouco racista. Ele passou do ponto nesse radicalismo.

    O que você acha de ser comparado com Trump?
    O que temos em comum é termos apresentado o mesmo programa e sermos pessoas de negócios. Ele já mostrou que sabe se reerguer apesar dos percalços que teve na carreira. Mas uma coisa é esse radicalismo todo que ele apresentou na campanha e outra é a administração. Imagino que, com a responsabilidade do cargo, de ser a pessoa mais poderosa do planeta, e apesar do ego inflado dele, na prática ele seja menos radical. E no sentido de ser um cara competente, de ser admirado pelo que realizou como empresário, me sinto lisonjeado com a comparação. Eu tentei construir tudo o que pude, busco excelência, busca eficácia. Na minha opinião, isso seria muito bom para o Brasil. Torço por Trump, torço pelo [Michel] Temer, pelo Macri e por todos os empresários. Para que a administração seja bem-sucedida e haja mais empresários depois disso.

    Pessoalmente ele parece agressivo como na campanha?
    Comigo, quando o conheci por causa de "O Aprendiz", ele foi extremamente cordial e simpático. Quando comecei a ver suas opiniões sobre outros assuntos, fiquei até surpreso, porque eu achava que ele seria um grande candidato.

    Depois de Trump e Doria, algumas pessoas estão dizendo na internet que ter apresentado "O Aprendiz" é sinal de vitória em eleição. Você pensa em se candidatar?
    Eu me divirto muito com esses memes todos. Hoje saiu um monte de imagem minha dizendo que eu serei o próximo. Mas não penso em me candidatar. Nunca cogitei entrar na vida pública. Nunca vou dizer que dessa água não beberei, mas não é meu interesse no momento.

    E o convite para participar do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social [ligado à Presidência da República], como foi?
    Tinha tido alguns contatos com o pessoal da comunicação do governo, para falar sobre a importância de divulgar as coisas boas que o governo fizer. Aí o próprio Temer me convidou, depois o [ministro] Eliseu Padilha me ligou confirmando. Todos nós, empresários, que conseguimos conquistar as coisas, temos a obrigação de devolver à sociedade. Estando no conselho eu acho que já estou fazendo meu papel. Não preciso me candidatar.

    E participar do governo de João Doria em SP, você aceitaria?
    [Risos] Nunca pensei nisso. Deixa eu ajudar Brasília. São Paulo finalmente tem um prefeito competentíssimo.

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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