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    Mônica Bergamo

    Prestes a se casar, ex-titã Paulo Miklos diz que está 'reconstruindo' sua vida

    20/11/2016 02h00

    "Amor, meu cabelo tá bom assim?" "Amorzinho, arruma a camisa." "Cadê o seu café, amor?"

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    Cenas explícitas de paixão são vistas nos bastidores do "X Factor Brasil", programa de calouros da Band. Os protagonistas: Paulo Miklos, 57, o músico recém-saído dos Titãs (que também é ator e, no caso, jurado da atração), e a produtora Renata Galvão, 36 (que já trabalhou na MTV e com a cineasta Laís Bodanzky e é sócia de uma empresa que produz DVDs de música e programas). Juntos há dois anos, eles estão de casamento marcado para janeiro.

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    Sentado num sofá do camarim, ao lado da namorada que acabou virando empresária dele, Miklos fala de sua fase "solar". O repórter Joelmir Tavares traz para a conversa temas como a participação no reality, a peça "Chet Baker - Apenas um Sopro" e a despedida dos Titãs. Ele responde às perguntas. Renata também.

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    'X FACTOR' E TALENTO

    Ele - "A gente comenta com cada candidato com cuidado, porque é uma expectativa grande. Ele está ali exposto. Deve ser tratado com respeito, franqueza. Do lado de cá, você se dá conta de que vai ter que ir contra a expectativa."
    Ela - "Você lida com a frustração, tem que falar 'não'. Ele [Miklos] não se importa não, viu? Eu sofro! Fico mal. E ele: 'Para... É assim mesmo'."
    Ele - "É um programa que tem que ser divertido. As pessoas que estão ali já ganham uma exposição bacana. Tem muita gente maravilhada com essa possibilidade [da fama], e os que ficam são os que realmente têm talento. Só que ter talento é uma armadilha, traz um risco de acomodação. Se quiser alcançar a excelência, vai ter que correr atrás."
    Ela - "Nunca vai ser fácil de qualquer jeito, né? Por exemplo, a gente está fazendo o disco novo do Paulo, que sai em 2017, e ele está trabalhando com novos compositores. Você vê uma série de pessoas talentosas, incríveis, que nunca tinha ouvido falar."

    TEATRO E CARREIRA

    Ele - "Depois que o bichinho me mordeu, nunca mais abandonei [a interpretação, que exerce há 15 anos e o levou a filmes, séries e novela]. Estou fazendo a peça, que a Renata é nossa produtora..."
    Ela - "A gente trabalha muito junto. Foi por causa da minha produtora, ao chamá-lo para um programa de TV, que começou o namoro. Ele estava viúvo, eu separada. A consequência natural foi trabalhar [junto]. Acabei assumindo a gestão da carreira dele."
    Ele - "Mesmo porque eu estava fazendo a minha 'indigestão' sozinho. Tinha empresário com os Titãs, mas na carreira solo eu que atendia o telefone, marcava as coisas."
    Ela - "Um volume gigantesco e uma possibilidade enorme de coisas para fazer que não era aproveitada. Não existia necessidade de nenhuma das partes de trabalhar junto. Foi uma vontade. E deu certo. A gente se diverte muito, está junto 24 horas por dia."
    Ele - "Essa é a parte boa."

    VIDA A DOIS

    Ela - "A gente é complementar e se dá muito bem. Para mim é uma parceria de vida muito importante [olha para ele e sorri]."
    Ele - "Para mim é assim também. É refazer meu caminho, reconstruir minha vida. Com o amor, com as crianças, que é uma coisa fabulosa [Rosa, 6, e Max, 9, filhos dela]."
    Ela - "A Manoela [única filha dele] tem 33 anos. Faz tempo que o Paulo passou dessa fase de filho pequeno. A infância da Manoela devia ser a época mais ocupada da vida dele, de mais viagens. E ele passou por coisas muito difíceis. Foi casado 30 anos com a Rachel, aí ela faleceu [de câncer, em 2013]. A gente se encontrou no momento em que ele tinha perdido a mãe, o pai e a mulher em dois anos."
    Ele - "Foi uma sacudida."
    Ela - "Acho que foi um encontro para os dois também de reconstrução de vida, de procurar essa felicidade."
    Ele - "Merecida, né?"

    ADEUS, TITÃS

    Ele - "Foi uma coisa natural, eu acho, depois de 34 anos de história juntos. Foi chegando aos poucos. A gente sempre conversou muito. É um ciclo que se fecha porque tem um momento em que ter outros planos, se programar a longo prazo, não dá."
    Ela - "Não dava para planejar coisas muito longe. O 'X Factor', por exemplo, não seria possível. A agenda dos Titãs era a prioridade dele. Acho que chegou um momento em que ele precisava se comprometer com outras coisas, que eram muito prazerosas para ele também. E foi uma coisa amistosa. Não foi uma quebra complicada."
    Ele - "Ao contrário."
    Ela - "E eles vão ser parceiros para sempre também. O Paulo está fazendo uma música com o Arnaldo [Antunes, ex-titã] para esse disco."
    Ele - "Também já convoquei o Nando [Reis, outro ex-titã]. Eu tinha vontade de realmente ser dono do meu tempo."
    Ela - "Para você escolher as coisas que quer fazer. Ser a pessoa que toma a decisão. Não precisar ter sempre um grande acordo [com um grupo]. Acho que chega uma hora em que isso é importante."

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    A produção interrompe o papo. Miklos precisa fazer algumas gravações antes do programa ao vivo. Enquanto o músico posa para fotos, Renata cochicha: "Ele tem essa cara de mau, mas é um fofo".

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    A namorada faz outras confidências ao longo da tarde. Conta que o companheiro praticamente não ganha dinheiro com a peça em que interpreta o trompetista americano Chet Baker. "Ele faz porque quer muito", diz ela. O espetáculo, elogiado, encerrou temporada no Rio há alguns dias, mas vai voltar. Abstêmio, Miklos "não usa nem enxaguante bucal com álcool" desde que largou as drogas, há uns dez anos. "Ele era dependente de cocaína, álcool e cigarro. Perdeu a família e nem assim teve recaída", frisa ela.

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    Daqui a alguns dias, o artista vai sair do Sumaré para morar com Renata e os filhos em uma casa no Morumbi, bairro onde a família já vive. "Seria difícil mudar a rotina das crianças. Mais fácil mudar a minha, que já é louca mesmo", diz ele. "Vou levar o Tenório, meu 'tartarugo'. Eles já têm o cachorrinho deles, o Ursinho." Parece animado.

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    "É um momento solar, de muito amor. Meu disco vai refletir isso", diz Miklos. "Tem muita vida de volta e à minha volta, com as crianças, esse lado bacana das descobertas. E a certeza de que a gente também está sempre descobrindo coisas. Começa com seis anos, vai até beirando os 60 e continua." Renata acrescenta: "Para sempre, né?".

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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