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    Mônica Bergamo

    Imperatriz sofre 'críticas injustas' com protesto de ruralistas, diz presidente

    13/01/2017 15h04

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    CARNAVAL IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE | RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL, 16-02-2015: Imperatriz Leopoldinense desfila no sambodromo Passarela Professor Darcy Ribeiro, na Marques de Sapucai, na segunda noite do grupo especial do carnaval do Rio de Janeiro. Imperatriz Leopoldinense vem para a avenida com o enredo "Axe. Nkenda, um ritual de liberdade: e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz". (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, COTIDIANO)
    Ala do desfile da Imperatriz Leopoldinense no Carnaval de 2015, no Rio

    O presidente da Imperatriz Leopoldinense, Luiz Pacheco Drumond, o Luizinho, chama de "uma intensa campanha difamatória" as críticas que a escola de samba carioca tem recebido do agronegócio por causa de seu enredo para o Carnaval deste ano.

    "Mesmo depois de todos os esclarecimentos prestados por nosso carnavalesco aos mais diversos veículos de comunicação, temos sido atacados com críticas injustas e até com ofensas ao samba, importante matriz de nossa cultura, e ao Carnaval, a maior festa popular do planeta", diz o presidente em nota que a agremiação vai divulgar nesta sexta (13).

    A escola, que vai levar para a Sapucaí um desfile sobre índios e o parque do Xingu, tem sido alvo de repúdio nos últimos dias de entidades do agronegócio, que consideram o enredo ofensivo ao setor.

    Organizações como a Sociedade Rural Brasileira preparam uma campanha publicitária para se contrapor ao discurso da escola e mostrar a "competência agrícola e pecuária do Brasil". As propagandas também vão mostrar o peso do setor na economia brasileira.

    O enredo cita ameaças aos índios, como a contaminação do ambiente por agrotóxicos, disputa por terras, desmatamento e a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.

    Um dos motivos da discórdia são as alas "Olhos da cobiça", "Chegada dos invasores" e "Fazendeiros e seus agrotóxicos".

    De acordo com o dirigente da Imperatriz, não é intenção da escola fazer generalizações nem atacar o agronegócio.

    "Segundo relato da própria população que vive ali, a região do Xingu ainda é alvo de disputas e constantes conflitos", diz o representante da escola.

    "A produção muitas vezes sem controle, as derrubadas, as queimadas e outros feitos desenfreados em nome do progresso e do desenvolvimento afetam de forma drástica o meio ambiente e comprometem o futuro de gerações vindouras."

    BELO MONTE

    Drumond afirma ainda que um trecho do samba interpretado como referência ao setor produtivo é, na verdade, uma crítica à usina de Belo Monte, construída no rio Xingu.

    Nos versos "o Belo Monstro rouba a terra de seus filhos, destrói a mata e seca os rios", segundo o presidente, a escola está se "juntando às populações ribeirinhas, às etnias indígenas ameaçadas, aos ambientalistas e importantes setores da sociedade que se posicionaram contra a construção da usina".

    "Nosso enredo não versa contra esta importante cadeia produtiva de nossa economia nem desqualifica os seus incansáveis trabalhadores. Como poderíamos exaltá-los de forma grandiosa num Carnaval [o de 2016, em que a escola homenageou a dupla Zezé di Camargo & Luciano e o homem do campo] para em seguida criticá-los no outro?", afirma o dirigente da Imperatriz.

    Apesar das pressões dos ruralistas, a escola decidiu manter todos os detalhes que já estavam previstos para o desfile, que tem como tema "Xingu, o clamor que vem da floresta".

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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