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    Mônica Bergamo

    'Hipocrisia coletiva', diz Pedro Paulo sobre campanha contra assédio às mulheres

    01/03/2017 02h00

    Candidato a prefeito do Rio no ano passado, o deputado federal Pedro Paulo (PMDB) foi um dos poucos políticos a botarem o pé na Sapucaí. Abraçado à atual companheira, Tatiana Infante, ele –que passou a campanha eleitoral respondendo ao fato de ter agredido a ex-mulher, processo depois arquivado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que julgou que as lesões encontradas nela "seriam decorrentes de atitude defensiva" do então marido– falou à coluna enquanto saía de um camarote.

    *

    Muitos políticos sumiram da Sapucaí.
    Inclusive o prefeito, né? Ele [Crivella] tinha que vir aqui. Carnaval é muito mais que religião. É a maior expressão cultural nossa. É como se você convidasse alguém para uma festa e não aparecesse.

    Os políticos estão com medo de vaias?
    Os políticos estão mais comedidos, né? Em geral a vaia se concentra no prefeito, no governador. Para deputados, políticos de menos expressão, não tem tanto. A vida está um pouco mais chata, né? Com essa coisa de exposição, de você estar num camarote, de quem, convidado por quem. Tem um patrulhamento.

    Como avalia Crivella?
    Os governos quando começam têm a grande chance de surpreender positivamente. Por exemplo, o [João] Doria está fazendo muito. O Crivella não se preparou. Está muito perdido ainda.

    O que o sr. teria feito diferente?
    Primeira coisa é trabalhar mais. Ele está trabalhando pouco.

    O que acha do veto às marchinhas politicamente incorretas?
    Eu acho uma besteira. Isso é parte da cultura. Mas é claro que você tem uma evolução nossa como sociedade.

    Algumas letras são consideradas machistas.
    É, mas tem toda uma história do samba que se você trouxer para o tempo presente você não vai cantar mais nenhum desses sambas. Tem que analisar pelo contexto histórico da época, senão você mata culturalmente linguagens como o samba.

    O que o sr. acha do politicamente correto?
    Eu acho que tá um saco. Eu acho que tá muito chato, muito chato. Essa pós-verdade que a gente está vivendo...

    E o movimento do "não é não", que as mulheres criaram contra o assédio?
    Eu acho que está demais. A gente tá vivendo uma hipocrisia coletiva. O Carnaval de tempos em tempos tem determinados costumes. Já houve essa questão do "não é não", do beijo. Como o Carnaval tem uma pegada também muito sensual, então essas coisas em geral acontecem. No Carnaval as pessoas decidem o que elas quiserem.

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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