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    Mônica Bergamo

    Falar de si mesmo é sempre mais difícil, diz Daniela Mercury sobre causas LGBT

    20/05/2017 02h00

    Eduardo Anizelli - 16.jul.2015/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 16-07-2015, 17h03: Retrato da cantora Daniela Mercury, em São Paulo. Nos 30 anos do genero, Daniela entra na onda do "Axe Minimalista" e ataca a bancada evangelica. Com novo show que estreia em Sao Paulo no dia 31 de julho, Daniela Mercury adianta a Folha que fara uma apresentacao so voz e violao, o que chama de "axe minimalista". Ela tambem esta fazendo um novo disco, no entanto, que nao tem nada de minimalista, voltando as raizes do movimento que a consagrou nos anos 1990. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, ILUSTRADA) ***EXCLUSIVO*** ORG XMIT: EANI9102.CR2
    A cantora Daniela Mercury, em São Paulo

    Veterana da Virada Cultural, a cantora Daniela Mercury vai fazer uma apresentação diferente neste ano –voltada para crianças. Ela promete duas horas de suas músicas mais dançantes e alegres –com alguns momentos de questionamento político.

    Porta-voz da causa LGBT desde que anunciou o casamento com a mulher, Malu, em 2013, ela também quer passar uma mensagem contra o racismo, o machismo e todo tipo de preconceito.

    A baiana se apresenta neste sábado (20), alguns dias depois de pedir eleições diretas e dar "Adeus Temer" em uma rede social. "Não dá pra ficar triste esperando que alguém resolva", diz.

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    O que achou retirada das principais atrações do centro?
    De dentro é difícil dizer, a gente só consegue sentir o próprio show. Vocês que veem o todo é que vão saber dizer se foi bom ou ruim. Gostei muito da Virada ir para o interior, assim mais gente pode ver.

    Como será o show deste ano?
    Será às 18h, então terei a chance de fazer uma matinê para as crianças, já que é mais difícil levá-las no Carnaval. Minhas canções tem mensagens muito cidadãs: de empoderamento negro, feminino, de respeito LGBT. Quanto mais as crianças convivem com as diferenças, mais elas aprendem que podem ser felizes não importa quem sejam.

    Você é embaixadora da Unicef [braço da ONU para a infância] há 20 anos. O que mudou nesse tempo?
    Finalmente a sociedade quer escutar o que estou falando há 20 anos: que as crianças têm que ser protegidas, que nenhum tipo de violência pode ser naturalizado. Agora precisamos dizer que elas também têm que ser respeitadas em suas diferenças, em sua identidade de gênero.

    O que aprendeu nesses 5 anos falando sobre causas LGBT?
    Que falar de si mesmo é sempre mais difícil. Quando a gente se expõe, isso tem um peso no cotidiano. É cansativo emocionalmente. Estou sempre confrontando meus próprios fantasmas, me revisando. Estava acostumada a me expressar pela arte, no plano das metáforas, não no plano da realidade –onde você encontra visões de mundo distintas, preconceito.

    Como lidar com isso?
    Educar a sociedade é a mesma coisa que educar um filho. É bem trabalhoso, cansativo, mas compensa. E tem que ser feito com muito amor, muita paciência. Tem que impor limites, mas sem violência. Não adianta só apontar o dedo para quem tá errado, tem que conversar, educar.

    Como se sente diante da crise política?
    Não dá pra ficar triste esperando que alguém resolva. Isso necessita de luta. A gente saiu da ditadura reclamando, lutando em pequenos grupos. Não podemos arrefecer diante da dificuldade.

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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